III.

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Hariel

— Fala, Tonya — Kaique diz levantando-se para abraçá-la — Está bem, nega?

— Tranquilo e você, nego? — pergunta, sorrindo — Foi mal a demora. Eu estava resolvendo umas fita com o dono da casa de show — Mente. Eu e Kaique nos entreolhamos.

— Fica tranquila. Você conhece o meu parceiro Hari? — Aponta para mim.

— Como não conhecer? — pergunta com um tom de voz que me deixa intrigado. Difícil identificar se ela está sendo sarcástica ou gentil.

— O que você está querendo dizer com isso? — pergunto enquanto ela se aproxima para me cumprimentar. A preta beija a minha bochecha e percebo que dura alguns segundos a mais do que o necessário. O cheiro do seu cabelo é muito bom e ela está muito cheirosa.

— Você cola com vários amigos meus. Acho até estranho nós nunca termos nos trombado — Se afasta um pouco, sorrindo — Outra que as histórias das resenhas que você faz rolam bastante pela cena.

— E isso é bom? — pergunto, sorrindo.

— Você que tem que saber — Ergue as mãos em rendição.

— Que bom que estão se dando bem — Kaique diz, encerrando o assunto — Senta aí, Tonya. Fica a vontade.

— Pode me chamar de Vitória, nego — Sorri. Belo nome. Vitória se senta na cadeira na frente do sofá de pernas cruzadas.

— Aceita? — Ofereço o beck que está nas minhas mãos e ela aceita.

Black começa a explicar o projeto para ela mas quase não consigo absorver uma palavra do que ele está dizendo. Minha mente está completamente voltada para mulher a minha frente, sentindo um êxtase ao pensar que o beck que está entre os seus lábios agora, estava entre os meus pouco antes.

Inicialmente, reparo nos seus lábios carnudos contornados com marrom e cobertos de gloss labial. Depois começo a reparar no seu rosto como um todo. Seus olhos castanhos escuros e redondos, seu nariz largo e achatado e a sua pele preta tornam o seu rosto uma obra de arte. Seu corpo também não fica para trás. Uma porção de curvas acentuadas no vestidinho preto. Bem cavalona do jeito que eu gosto.

Torço para que ela esteja tão atenta ao que o preto está propondo que não esteja reparando no quanto estou com os olhos nela e no quanto minha mente está viajando, pensando no seu corpo nu numa porção de posições.

— E você, Hari? O que achou da ideia? — Kaique pergunta, me despertando dos meus pensamentos.

— Que? Desculpa, eu não estava prestando atenção — digo, fazendo a mulher rir. Tento não pensar no quanto a risada dela é gostosa.

— Desculpa, ele é assim mesmo, desligadão. Muita neblina na mente — Kaique diz, abrindo um sorriso sem graça.

— Suave. O Black estava falando que você caneta muito e que talvez pudesse me ajudar a compor minha parte.

— É? — pergunto e o preto arregala os olhos — Verdade, pode pá. Pode dar um salve quando quiser.

— Olha que eu vou dar mesmo — Sorri. Péssima escolha de palavras para a minha mente que já está repleta de segundas intenções.

— Mas você já tem uma ideia? — pergunto, tentando afastar os meus pensamentos.

— Na verdade — Faz uma pausa para tragar — Tenho uma guia que a letra bate bastante com a ideia.

— Amassou. Mostra para gente.

— Melhor não.

— Por quê?

— Porque é uma guia teste que eu fiz cantando e eu meio que tenho receio. Preciso adaptar o ritmo primeiro.

— Você, receosa? Eu já te ouvi cantando numa resenha das gêmeas, você desenrola muito — Kaique diz.

— Mas é diferente. Eu estava entre amigos que provavelmente estavam chapados demais para lembrar e não para milhares de pessoas. Outra que meu público está acostumado com o meu flow do jeito que é.

— Espera, você está insegura por causa do seu público? O público é importante mas antes deles gostarem, você tem que gostar — digo.

— Você nunca me ouviu cantando.

— Verdade mas o Black não é de se passar para ninguém. Confio no que ele diz.

— Mas ainda fico receosa. Você não sabe como é difícil uma mina como eu chegar onde eu estou.

— Por isso mesmo. Uma mina postura como você, estourando para caralho, colando com várias mina braba e fazendo um monte de coisa. Você acha que se você não fosse presença estaria conquistando tanta coisa e colando com tanta gente foda?

Vitória fica alguns segundos em silêncio, dando tragos longos enquanto pensa.

— Certo, eu vou pensar — diz, sorrindo.

— Não quero te deixar na neurose mas espero que você aceite — Kaique diz, sorrindo — Daqui a pouco tem uma resenha lá em casa. Quer colar, nega? Aí conversamos mais.

— Eu adoraria mas combinei de ir em uma com as gêmeas e a Luanna. Inclusive, eu preciso ir — Se levanta — Qualquer coisa eu falo para a gente colar lá.

— De boa — Kaique se levanta para se despedir — A gente se tromba para conversar então, suave?

— Claro — Sorri. Me levanto para me despedir, torcendo para que ela mude de ideia — Foi um prazer conhecer você, Hari.

— Foi um prazer conhecer você, Tonya.

— Pode me chamar de Vitória.

SUPERFICIAL hariel denaroTahanan ng mga kuwento. Tumuklas ngayon