7 - Sobre nossos nomes

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Akira não tinha apenas um bom faro literal, pois também era excelente em farejar sentimentos que as pessoas não conseguiam externar. Se essa era uma habilidade nata ou um mecanismo desenvolvido para lidar com as pessoas que amava — como sua mãe super reprimida ou seu melhor amigo que mudava de temperamento com muita frequência — não saberia dizer, já que nunca havia prestado tanta atenção assim em si. Apenas acreditava piamente em seus instintos e odiava quando captava cheiro de mentira no ar.

Aquela tarde passou quase que o tempo todo em um dilema moral. Sabia que Menma escondia algo, aquela ruguinha entre as sobrancelhas sempre o entregava, mas não conseguia determinar se era ou não viável questionar o amigo sobro o que o estava incomodando tanto.

Mesmo com apenas sete anos o Uchiha já tinha uma personalidade muito rígida, cheia de regras e limites que se ultrapassados poderiam resultar em danos a amizade que os dois garotos vinham construindo a certo custo no último ano. Então, se queria fazer alguma intervenção em algo que não lhe dizia respeito, precisava escolher sabiamente as palavras.

— Acho que é melhor recolher as coisas, o Hachiko está com fome. — Apontou para seu cãozinho companheiro e sorriu docemente.

— Ah... Tem algo marcado com o Hatake? — Menma sabia que quase todos os dias Akita tinha algum compromisso com o outro amigo e que não era bem-vindo a participar.

Ser a segunda, talvez terceira opção, do Inuzuka não irritava Menma por ciúme, mas sim por ter uma constante desconfiança de que só estava recebendo atenção por caridade. Sendo ele tão fofo e atencioso com todos, pensava que tivesse um sentimento de obrigação com um menino sem amigos e era hostilizado por boa parte da população da vila. Esse sentimento não o impedia de aproveitar o tempo que passavam juntos, entretanto.

— Na verdade, não. Ele foi pernoitar na casa do primo. — Foi a vez dele franzir a testa lembrando que havia sido trocado por Lee, com quem Usagi vivia brigando e mesmo assim sempre encontrava algo em comum para aprontarem juntos em segredo. Quase sempre era Akita quem tinha que limpar a bagunça no dia seguinte. — Se quiser lanchar lá em casa a área está limpa.

— Tá bom, não quero ir para casa tão cedo. — Deu de ombros, nem percebeu que tinha deixado algo escapar.

Seria chegada a hora de perguntar? Não, ainda não. Precisava ter mais pistas do que poderia estar acontecendo para escolher a abordagem certa.

— Usagi quase sempre diz isso, principalmente quando quer dormir na minha casa. — Continuou olhando para o caminho a frente, sem esboçar nenhuma reação, apenas esperando para ver se sua ideia estava dando frutos.

— Hum... E por que ele só não pede? É o que eu faria se tivesse uma amizade como a de vocês. — Pensou em soltar uma pequena ofensa, mas se conteve. Apesar de todo o ressentimento, respeitava o amigo e não tentaria plantar a semente da discórdia.

— Esse é o jeito dele de pedir... Mandar... É o jeito dele. Eu gosto, na verdade. Cada pessoa se expressa de uma forma diferente e é bem legal quando aprendo a me conectar com eles. — Ponderou um instante, vendo uma curiosidade surgindo nos olhos negros ao seu lado. — Minha mãe faz bolo...

— É o que vamos ter de lanche? — Ficou confuso com a mudança brusca de assunto.

— Não. Quis dizer que esse é o jeito dela expressar o que não consegue falar. Ela é muito tímida, ainda mais do que eu, e quando sente algo que não consegue pôr para fora ela vai lá e bate um bolo. — Sorriu lembrando que essa constatação veio do pai e que ele o havia ensinado sobre isso para que pudesse ajudar sua mãe quando ele estivesse ausente. — Qual o seu jeito?

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⏰ Última atualização: May 14, 2023 ⏰

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