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A aproximação entre Menma e Naruto foi tão rápida e tranquila que pareciam se conhecer há muito mais tempo. Todos os dias eram repletos de brincadeiras e confusões, uma energia contagiante que espantava para longe a tristeza que assombrava os corações dos pais do menino. Sasuke sabia, no entanto, que seu tempo estava acabando.

Ensaiava uma conversa desde o dia em que chegou à Konoha, mas com o desenrolar inesperado dos acontecimentos, o início do namoro e principalmente a felicidade que sentia, não conseguia parar de protelar — ao menos até que a chegada de notícias o trouxessem de volta a realidade a força.

Tinha a carta entre as mãos quando Naruto o encontrou na cozinha, tremulo dos pés à cabeça. Encarou o namorado, porém as palavras não vinham a garganta, tamanho o choque pelo que soube nas palavras do papel manchado.

— Você está pálido, Sasuke. Comeu algo que te fez mal? — Naruto tomou o rosto do outro entre as mãos e o virou para si.

— O Suigetsu mandou essa carta. — Ofereceu o papel para que lesse também. — Ele fala da filha que teve com a Karin. Ao que tudo indica ela foi levada para longe por causa das habilidades especiais. Há tempos que eles estavam sendo procurados por caçadores de cabeças e tinham medo de que algo acontecesse a ela.

— Estou sabendo da situação. Esse tipo de sequestro tem crescido muito depois da guerra. Pelo que li nos relatórios, todos os países têm tido casos assim. Há suspeitas de que algumas vilas se beneficiam dos raptos para repor as perdas sofridas nas batalhas... — Engoliu a saliva com dificuldade ao pensar no sofrimento de um pai que passou por algo assim. Não saberia como viver sem o Menma. — Temos que ajudá-lo. Vou organizar uma equipe de bus...

— Não! Essa não é a questão, nem dele, nem nossa. — Caminhou em direção a sala para se certificar que o filho não os ouvia escondido. — Esses bandidos não pegam crianças aleatoriamente, escolhem a dedo as fortes, com poderes que os interesse e de preferência aquelas de quem não sentiriam falta.

— O que está dizendo, Sasuke? Acha que o Suigetsu e a Karin não se importam com a própria filha? Eu não conheço bem eles dois, mas aposto que isso não é verdade. — Controlava o ímpeto de gritar, pois estava se acostumando a ter uma criança em casa.

— Senta, Naruto. A explicação não é tão simples assim. — Acomodou-se em um canto do sofá e acariciou o gato preto que veio se acomodar em seu colo. — Por favor.

Naruto andou de um lado para o outro, incerto do que fazer, antes de desmoronar na poltrona. Apesar de disposto a ouvir o outro, tinha a mente abarrotada de pensamentos sobre o que fazer para resgatar a tal menina.

— Quando falo daquelas de quem não sentiriam falta, estou me referindo a crianças que não tem quem reclame sua ausência: órfãos ou filhos de foragidos como o Suigetsu.

— Esse é mais um motivo para ajuda-los, não?

— Isso foi escolha deles, Naruto! Não sei os detalhes, mas ele explica na carta que a Karin decidiu manda-la para um destino que sabia que estaria segura. Muitas crianças sequestradas não são treinadas ou vendidas, mas sim mortas para terem as habilidades hereditárias estudadas. Enquanto a Hangetsu estivesse com eles correria perigo, então acredito que encontraram alguém para cuidar dela.

— Se esse é o caso, então está tudo bem, não? Por que está tão abalado? — Algo não parecia certo para Naruto.

— Eu também sou um foragido, de certa maneira. Ninguém, exceto você, se preocupa com a minha vida e a do Menma. Esse foi o principal motivo para que decidisse voltar a Konoha, ele não estaria a salvo lá fora comigo.

— Isso é verdade. Fico feliz que estejam onde posso protege-los. — Mudou de lugar, se acomodando ao lado do Uchiha e espantando o gato para fora do colo. — Não precisa se preocupar, vou garantir a segurança do nosso filho e de todas as crianças da vila.

— Eu sei que vai. — Seus lábios procuraram os do Uzumaki com carinho. — Mas eu não posso continuar aqui.

— O que quer dizer com isso. — Recuou um pouco tentando ler a expressão do outro.

— Quando Kakashi assinou a minha liberdade, deixou claro que uma das condições era que eu não permanecesse em Konoha, por diversos motivos.

— Isso foi antes, eu sou o Hokage agora. — Sabia que falava como uma criança birrenta, pois mesmo com sua autoridade aquilo que propunha seria impossível. — Você não pode me deixar outra vez.

— Não vou. Nunca mais. — Deitou a cabeça no ombro do namorado e deixou que ele o envolvesse com os braços. Em outros tempos teria optado pela fuga, mas não depois de tudo que tinha feito Naruto passar nos últimos anos. — Posso voltar para ver vocês, mas tenho que passar um tempo longe.

— Quanto tempo? Eu vou ficar sozinho com o Menma? — Apertou Sasuke como se pudesse impedi-lo de partir. — Não sei como cuidar dele.

— Eu criei muito bem nosso filho, ele quem acabar tomando conta de você. Não seja tão medroso, Naruto.

— Não me respondeu quanto tempo pretende ficar fora.

— Isso nem eu sei. Por questão de segurança devo evitar a previsibilidade dos meus movimentos, mas dou a minha palavra de que sempre estarei aqui por vocês. — Passou a mão pelos cabelos loiros com uma expressão pensativa. — Me promete uma coisa também?

Naruto se aprumou esperando que lhe pedisse algo referente ao filho. Sabendo de como eram ligados e que aquela separação seria dolorosa para o ambos, atenderia a qualquer desejo a fim de minimizar o sofrimento deles.

— Não corte mais o seu cabelo assim. — Naruto pensou por um instante que fosse uma brincadeira, mas a expressão séria do Uchiha parecia dizer o contrário.

— O quê? Qual o problema com o meu cabelo?

— Está ridículo. — Falou com simplicidade e se levantou, balançou os ombros e saiu em direção ao quarto.

— Que absurdo! — Seguiu o outro apressado. — Onde pensa que está indo, Sasuke?

— Dormir, está tarde.

— E vai me deixar aqui depois de insultar o meu estilo.

— Se quiser, pode dormir no meu quarto...

Os dois se olharam em silencio e deram as mãos um pouco tímidos. Parecia que era mais fácil se acostumar a dividir a paternidade do que trocar palavras de afeto, então deixaram que os toques falassem por eles aquela noite.

Família Uchiha Uzumaki - MenmaNGOnde as histórias ganham vida. Descobre agora