Capítulo 31

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  — Eu aqui — disse Mel levantando a mão empolgada sorrindo como uma criança na manhã de natal — deixa eu.

  — Parece uma criança, né? — perguntou Victoria próxima ao meu ouvido com quase o mesmo sorriso.

  E realmente parecia, mas não sabia se tinha intimidade para falar isso, mas pelo tom risonho da Victoria e os olhares dos outros ao redor deixava claro que não haveria o menor problema em concordar.

  — Parece mesmo — confirmei com um sorriso contido.

  — Para quieta Mel, eu sou a irmã, creio que mereço ser a primeira a se apresentar — disse Manuela dando um leve tapinha no braço estendido da alfa, sorrindo do mesmo jeito.

  — Por isso mesmo, você é a irmã e já se apresentou — disse Mel num tom calmo voltando a se sentar — falta outros três pra fazer isso e eu tô inclusa nos três.

  — Mel tem um bom ponto — disse Victoria apontando para ela — deixa os outros, pode continuar Mel.

  — Eba! — disse batendo palminhas antes de se voltar para mim estendendo a mão — prazer, eu sou Mel Carvalho, tenho 37 anos, trabalho como marceneira e faço uns bicos de advogada de vez em quando, se precisar de ajuda jurídica é só falar comigo, mas eu gostaria mais se me pedisse algum móvel, na verdade estou começando a trabalhar com estofado, coisas simples, mas tá ficando legal. 

   — Então, como você conheceu as gêmeas? — perguntei curiosa pegando o cartão que ela me estendera.

  — Fui babá delas por conta do contato que os meus pais tinham com os delas — respondeu Mel — ah, vou ser sincera, tu já sabe de quase tudo, tá dentro das picuinhas, vou mandar na lata mesmo, meus pais tavam dentro da folha de pagamento, policias corruptos, não tem nem outro jeito de dizer. 

  — Então você conhece elas dês de pequeninhas? — perguntei sorrindo ao imaginar como a Vic era quando criança, com certeza era uma criança bem travessa.

  — Pequinininha, pequinininha não — disse Mel fazendo alguns gestos de mão enquanto falava — mas peguei o inicio da adolescência.

  — E como a Vic era? — perguntei a sentindo ficar meio inquieta ao meu lado, ah, agora eu fiquei mais curiosa.

  — Não vou falar agora que ela tá de olho, mas me liga que eu te conto tudo — disse Mel piscando para mim — quem segue?

  — Bem, eu já quero ir preparando o churrasco, então vou indo para adiantar — disse Teresa batendo uma palma curta antes de respirar fundo — prazer, sou Teresa, sobrenome, não interessa.

  — Teresa — repreendeu Manu dando um tapinha no braço recebendo um revirar de olhos.

  — Não vou contar o meu sobrenome, não enche — disse não dando para trás de sua decisão se voltando em seguida para mim — sou uma beta, estou fazendo minha pós em farmacologia, tô tentando desenvolver um medicamento supressor que agrida menos os alfas e ômegas... pra ter dinheiro para minha verdadeira pesquisa, que não vem ao caso contar agora.

  Admito, fiquei curiosa e ela censurou o recessiva.

  — Tenho 27 e conheci as gêmeas quando a máfia holandesa, cuja eu faço parte, decidiu fazer uma aliança com a Italiana, eu fui mandada como representante e me esbarrei com as duas, sendo mais sincera me esbarrei primeiro com a Manu, numa situação meio que... inusitada.

  — Tu não diz um piu — ameaçou Manuela apontando para ela.

  — Piu — disse Teresa recebendo mais um tapa, gargalhando com isso — se preocupa não, que não vou contar, mas eu gostaria muito de ter tirado uma foto pra mandar emoldurar, iria rir muito toda vez que visse, mas ainda bem que tenho memória boa, que aí não vou precisar.

  — E a Vic? — questionei curiosa, vendo que a própria estava mais tranquila que sua irmã com a fala da beta.

  — A Victoria, bem... ela parecia um defunto que anda — respondeu Teresa pensativa — não porque estava acabada, mas é por causa do olhar, ela não parecia ter alma no corpo, depois eu descobrir que era só porque o pai estava do lado e eu ainda me esbarrei na Vi em algumas das minhas viagens.

  — Por que tu viaja mesmo Teresa? — perguntou Manuela olhando para ela curiosa.

  — Pesquisa de campo, a doença que estou estudando por fora é meio rara e tem poucos casos por aqui, pelo menos oficiais, é mais fácil achar em lugares mais isolados — disse Teresa se levantando indo em direção a cabana — vou pegar a carne, Mel já que você já falou, ascenda a churrasqueira.

  Sem dizer mais nenhuma palavra Teresa some dentro da cabana enquanto a mais velha fazia o que lhe fora pedido.

  — Bem, acho que só sobrou eu — disse Davi meio constrangido limpando a garganta — me chamo Davi Oliveira, tenho 18 anos, estou pra me formar no ensino médio, por algumas circunstancias que não vou comentar estou atualmente morando com os meus tios e pretendo fazer faculdade para coreografo.

  — Como conheceu as gêmeas? — perguntei o vendo corar um pouco envergonhado.

  — Gostaria que tivesse acontecido em circunstancias diferentes — começou ele coçando a parte de trás da cabeça — como eu disse antes, eu era de uma gangue de rua, mas não era bem uma gangue, era só um bando de adolescentes arruaceiros, no máximo acontecia uma invasão de propriedade, uma perturbação da ordem publica, nada muito serio, não nós metíamos com furtos ou drogas, pelo menos não eu.

  — Davi você foi preço, três vezes — disse Mel ainda concentrada no que fazia se mantendo de costas para nós.

  — Isso não importa, foram por delitos leves, nada que precise de uma menção mais profunda — disse Davi abanando com a mão o assunto para longe antes de apoiar o queixo sobre a palma da mão com o cotovelo sobre a mesa — bem, pra resumir teve um dia que fui preso e acabei me encontrando com a Mel, que topou ser a minha advogada, mas no dia do tribunal uns amigos meus causaram uns probleminhas e acabamos topando com as gêmeas que estavam por lá por causa de um tio ou coisa assim.

  — Era tio mesmo — disseram as duas ao mesmo tempo.

  — A partir dai a Mel nós apresentou e elas meio que me adotaram — terminou Davi dando de ombros — eu tinha uns 16 anos, então faz dois anos que as conheço.

  Depois que as apresentações acabaram, começou um churrasco regado de conversas mais leves, muito riso e musicas altas, chegou um momento que a Victoria expulsou a Teresa da grelha tomando o seu lugar, ficando nisso até perto do anoitecer.

  — Bem, a conversa tá muito boa, mas temos que ir — disse Vic limpando as mãos no avental que havia pego quando decidira ficar responsável pela comida, o tirando em seguida — tem certeza que vai ficar bem Manu?

  — Não se preocupe, eu me viro — disse sua irmã num tom tranquilo — e se rolar algum problema a Teresa tá perto.

  — Qualquer coisa me liga — disse Vic parando ao meu lado — e isso vale pra todos vocês.

  E isso marcou o fim daquela estranha reunião.

  — Eu disse que ia gostar de ver a sua cara — sussurrou ela em meu ouvido.

Continua...

Oi povo lindo desculpa a demora de quase dois meses, é que eu tirei um tempo para transcrever uns dois cardeninhos que eu tinha aqui (Rascunhos de cenas e Anotações para as historias como, linhas do tempo, lista de personagens e sinopse) que acabou levando mais tempo do que eu esperava, o meu celular também deu perda total (a bateria morreu) talvez compre outro lá pro fim do mês e com o inicio das férias escolares o meu irmão mais novo viajou e levou o computador com ele (a gente divide), então não tinha como eu postar apesar de já ter o capítulo pronto.

A inofensiva (ABO)Où les histoires vivent. Découvrez maintenant