Estranho versus estranho pt2 - ESPECIAL 1K

333 42 28
                                    

Deixem a estrelinha ★

Estávamos eu e Minho, sentados em sua cama grande e fofinha, de pernas cruzadas um de frente para o outro, enquanto ele criava coragem para começar a me contar.

— Eu prometo ouvir tudo o que você tem a dizer, não vou abrir a minha boca enquanto você não terminar — eu prometi, vendo ele suspirar e assentir.

— Começou quando eu ainda era só um feto, na barriga da minha mãe, se é que ela me deixa chamá-la de mãe — ele deu de ombros e desviou os olhos — eu fui uma criança indesejada desde sempre, então nunca tive muito afeto dos meus pais.

Eu engoli em seco, ele parecia abalado e triste apenas por relembrar isto.

— Quando eu tinha seis anos, minha irmã mais velha tinha 16, seu nome era Jihye e desde que me entendo por gente, eu via ela chorando no quarto todos os dias — ele me encarou novamente, e eu sorri para conforta-lo — não fomos criados juntos, nunca brincamos ou jantamos juntos nesta época, já que meus pais me odiavam então me mantiam longe de minha irmã.

Um silêncio se instalou e ele parecia estar se lembrando de tudo o que passou.

— Mas meu avô gostava muito de mim e de minha irmã, então quando eu fiz oito anos ele fez de tudo para que eu e minha irmã nos aproximássemos, e conseguiu — ele sorriu abertamente e eu vi seus olhos marejarem novamente — vivíamos muitos bem até Jihye completar vinte e um anos.

— Depois de passar dos vinte, meus pais começaram a cobra-la mais, dizendo-a que deveria começar logo a faculdade e que se não começasse eles iriam deserda-la — ele suspirou e eu segurei suas mãos, vendo ele sorrir fraco — ela fez tudo o que eles mandavam, estudou fora e trabalhou na empresa deles, mas nunca deixou de conversar comigo e com o vovô. — sorriu novamente — Depois de seis meses faculdade, minha irmã trouxe para o nosso "jantar em família" uma garota para nós apresentar, dizendo ser sua namorada. Me lembro bem, meus pais surtaram e começaram a gritar e jogar comida nas duas garotas na cozinha.

Novamente silêncio e ele respirava fundo várias vezes procurando foco.

— Vovô segurou firme minha mão e me puxou, juntos com minha irmã e sua namorada, para fora de casa e acabou nos trazendo para cá — ele apontou para esta casa e eu olhei em volta, como se pudesse sentir o que ele sentia — por alguns dias, meu avô nos manteve logo de nossos pais e esses foram os dias mais felizes da minha vida — era triste que uma criança só se sentisse em paz quando estava longe dos pais — mas eles nos encontraram e levaram Jihye, me deixando com meu avô e a namorada de minha irmã.

Eu acariciei seu cabelo e sorri grande para ele, na intenção de lhe dar forças e funcionou, já que ele voltou a falar.

— Depois disso, só me lembro do que meu avô me contava que era basicamente: "Lino, Jihye e a namorada dela tiveram que se separar, mas sua irmã ainda lhe ama". — ele repetiu o que o avô disse — E ele sempre me dizia isto, sempre para que eu me lembrasse de que fui amado pela minha irmã — ele disse com uma dificuldade absurda — dois meses depois, a namorada de minha irmã se matou e a vida de Jihye simplesmente acabou, ela já não sorria e mal me ligava durante as noite.

Ele liberou as lágrimas presas e escondeu o rosto nas mãos, soluçando de tanto chorar. Eu não soube o que dizer, novamente o abracei e o consolei do jeito que pude.

— Seus meses depois, Jihye me ligou, avisando que estava bem e que me amava e que eu não precisaria dela para mais nada, já que eu era um homem forte — ele disse depois de um longo tempo de silêncio — duas horas mais tarde, a notícia de que Jihye havia pulado da janela de seu apartamento foi exposta para todos — ele chorou outra vez, desta vez mais compulsivamente e soluçava mais — eu tinha apenas treze anos e me lembro de como todos choravam. Todo mundo chorava tanto. Menos eu. Eu estava imóvel, vendo o corpo dela ser levado e eu não conseguia respirar e precisei ser atendido na emergência.

Conquiste-me | MinsungOnde histórias criam vida. Descubra agora