Capítulo 17

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Noeul, de fato, nunca teria previsto que, dois dias após o fatídico fim de tarde em que Venice o deixou na porta da sua residência, se encontraria encerrado dentro da oficina de luxo, pertencente ao herdeiro da máfia, em plenas duas horas de um sábado.

Muito menos que este estivesse totalmente disposto a consertar o seu carro, um Chevrolet Onix de segunda mão, bastante humilde, se comparado com os ostentosos à mostra naquela garagem.

— Você acha que vai demorar muito?

Na verdade, Nuttarat não possuía o mínimo de conhecimento sobre mecânica e veículos, mesmo diante de todos os falatórios intermináveis de Syn, portanto era de se esperar que ele passasse alguns minutos questionando o que o maior estava fazendo deitado debaixo do seu automóvel.

O carro vinha apresentando problemas antes mesmo de acabar abandonado na sua garagem, já tendo passado por dois profissionais no ano anterior, sem muito sucesso.

Esta sendo uma das principais razões pela qual negou veementemente a oferta do Theerapanyakul, já que o concerto, por si só, sairia muito caro, e ele nunca poderia aceitar que o outro o realizasse de forma cem por cento gratuita. Seria de extrema exploração da sua parte. Contudo, não foi como se pudesse rejeitar, tendo em vista que a insistência de Venice terminou vencendo-o pelo cansaço puro.

— Sim. Está vazando óleo, e eu ainda não consegui descobrir o problema do motor. Precisa passar pelo Scanner. — Ótimo! Ele sequer fazia ideia do que era aquele maldito scanner.

— Droga! Tudo bem se eu sair mais cedo? Você pode mexer nele em outro momento, Pi, não quero que perca a sua tarde por minha causa. — Suas palavras tranquilizadoras atraindo a atenção de Venice.

Humpf! Você não está atrapalhando a minha tarde. — O mesmo terminando por bufar um pouco, antes de voltar a inspecionar o veículo. — Mas, se precisar sair, apenas vá.

Delicado demais... como sempre.

Puff! Está tudo bem se eu ficar mais um pouco! De qualquer forma, é apenas o tempo de chamar um Uber. Não quero atrapalhar P'Jay, e fazê-lo mudar de rota para vir me buscar... — O ato de puxar seu telefone do bolso funcionando como uma perfeita distração, ao ponto de só perceber que estava divagando alto quando foi interrompido pelo som da cabeça de Theerapanyakul batendo contra a parte inferior de seu carro. — Céus! Pi! Você está bem!? Se machucou!?

O barulho da colisão, além das maldições proferidas pelo maior, indicando que não havia sido um acidente tão brando.

Venice precisou levantar, esfregando a testa com raiva bastante evidente.

— Why the hell would you call that guy?? (Por que caralhos você ligaria para aquele cara??) — A pergunta sequer fazia sentido, portanto Noeul acabou franzindo o cenho, completamente confuso.

— Porque nós marcamos de nos encontrar numa cafeteria. — Ele não entendendo direito de onde tinha surgido tamanha explosão, sua prioridade máxima no momento consistindo em checar o estado da testa do maior, que, felizmente, apenas acabou um pouco avermelhada e suja de graxa. — Acho que é melhor você colocar um pouco de gelo, caso contrário vai ficar inchado.

Theerapanyakul soltou um ruído inextinguível, o qual Noeul sequer se deu ao trabalho de se importar, falhando miseravelmente ao tentar arrastar o outro para um dos sofá despojados no local. Este demonstrando-se incrédulo demais para tal.

— Why? (Porquê?)

Aquela ambiguidade esquisita embolando a sua mente por tempo o suficiente para que Venice também cruzasse os braços, de cara fechada, até que ele percebesse qual era o tópico em questão abordado.

Underworld LoveWhere stories live. Discover now