capitulo 6

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Lúcifer foi um anjo antes de se tornar um demônio, será que era por isso que a Chankimha era tão bonita?

Assim que me sentei à mesa com meus tacos recheados com carne de defunto moído, olhei ao redor a procura da cretina e vi o exato momento em que ela entrou no local carregando a Riza nas costas. Nem parecia que ela havia deflorado meu corpo inocente horas atrás. Maldita!

Eu não entendia como Riza e Mind podiam ser amigas dela, digo, elas eram legais, não tinha necessidade.

Mordi meu taco enquanto as observava e um meio sorriso nasceu na minha cara ao ver Riza estapear a Chankimha.

"Isso meu bem, pode fechar os punhos se quiser... ou você pode pegar uma cadeira e jogar na cara dela."

Também vi Lux caminhar na direção delas.

"Agora a porra vai ficar boa!"

Espera! Por que ela não está gritando com a Chankimha? Que caralho! Por que ela beijou o rosto da Chankimha?

Senti meu sangue ferver. Não era pra Lux reagir bem e muito menos para ela beijar a desgraçada! Não era esse o meu plano.

- O que o coitado fez pra você? —A voz da Irin interrompeu os meus pensamentos e eu olhei para ela.

- O quê?

- O taco, por que você o está esmagando desse jeito? —Ela apontou para minha mão com o queixo e eu olhei pra baixo vendo minha camisa e minha bandeja cheia de uma massa gosmenta que havia se tornado meu almoço.

- Além disso, você estava comendo com a boca aberta como um verdadeiro animal selvagem. - Nam completou.

Tudo culpa da Chankimha! A cretina me fez perder quase metade da minha mesada e ainda destruiu o meu almoço.

Aquilo não iria ficar assim.
Eu empurrei a cadeira para trás com o corpo e nem me importei em levanta-la quando ela caiu. Meus olhos estavam vidrados na maldita sorridente que ainda estava parada perto da entrada da cantina com o grupinho. Marchei até elas e segurei o ombro da ridícula, fazendo-a virar-se para mim.

- Você me deve quarenta dólares, uma camisa e um almoço, Chankimha! —Ela olhou para mim com os olhos arregalados e lentamente suas sobrancelhas se abaixaram enquanto um sorriso se formava em seus lábios. Ela se aproximou do meu ouvido e todos os meus pelos se arrepiaram ao sentir sua respiração quente em m eu pescoço.

- Já está com saudades do meu beijo, Becky? —A desgraçada teve a coragem de morder o lóbulo da minha orelha depois de dizer aquilo. Eu iria arrancar as tripas dela lentamente!

"Mind, pega a pipoca porque isso daqui vai esquentar"

Eu ouvi a voz de Riza ao longe, mas todos os meus sentidos estavam concentrados na garota à minha frente.

- Escolha como você quer morrer, Chankimha. Eu vou matar você, sua idiota! —A cretina riu se aproximou consideravelmente de mim.

- Eu escolho morrer de prazer, Becky. — Ela piscou e começou a rir, fazendo meu corpo esquentar de vergonha. Eu olhei para os lados, observando que várias pessoas prestavam atenção na gente, inclusive alguns professores e o meu futuro marido Ken. Eu não podia ter testemunhas.

- Agora é a sua vez de vir comigo, sua maldita! —Eu agarrei seu braço e a arrastei comigo até o banheiro, nos enfiando na primeira cabine que vi. A idiota ainda ria.

- Vamos ter nossa primeira vez no banheiro, Becky? Eu sempre pensei que seria em um lugar especial, mas já que você insiste... —Ela fez menção em me abraçar, mas eu a empurrei.

- Presta atenção Chankimha! Eu te trouxe pra cá porque não quero ir para a coordenação mais uma vez. Por sua culpa meu primeiro beijo foi horrível, eu perdi quarenta dólares, uma camisa, meu almoço e quero tudo de volta. — Ela sorriu mais uma vez com aqueles noventa mil dentes.

- Seu pedido é uma ordem, eu vou te devolver tudo!

- Ótimo! — Eu já estava comemorando internamente a facilidade com que resolvemos as coisas daquela vez e saindo da cabine quando Freen agarrou o meu braço. - Que foi merda?

- Está na hora de eu te devolver a primeira coisa da lista. — Ela não me deu tempo de fazer algum questionamento. Ela me puxou para si fazendo com que eu batesse a perna no vaso sanitário e atacou meus lábios.

Diferente da primeira vez, não foi apenas um pressionar de lábios. Ela circundou minha cintura com os braços e antes que eu pudesse assimilar alguma coisa, ela tomou meu lábio inferior entre os seus e o sugou. Eu tinha certeza que estava sendo possuída por algum espírito maligno, pois agarrei seu cabelo entre minhas mãos e ao invés de afastá-la, eu a puxei para mim, fazendo com que a pressão em minha cintura aumentasse. Sua língua pediu passagem para a minha boca e eu dei permissão sem saber o que estava fazendo. A sensação de seu toque era indescritível e uma súbita vontade de sentir mais ainda o seu gosto se apossou de mim, fazendo-me acariciar sua língua com a minha. Senti suas mãos se mover por minha cintura, passando por minhas costelas em diante até chegarem aos meus ombros, que ela empurrou de leve, fazendo com que o contato entre nossas bocas fosse interrompido. Meus olhos se abriram lentamente e eu a vi com o rosto vermelho, lábios inchados, peito arfante, fazendo-me estremecer no instante em que fitei seus olhos. Eles estavam quase negros, predadores, tornando o castanho quase impossível de se ver.

- Agora... —Ela arfou, me olhando como se não pudesse acreditar no que havíamos feito, digo, ela havia feito. - Agora só falta a camisa, o dinheiro e o almoço.

Foi quando a realidade me atingiu como uma carreta desgovernada. FREEN CHANKIMHA ME BEIJOU DE NOVO, CACETE.

Fechei meu punho, reuni toda a energia que o beijo não havia me consumido e lhe acertei um belo soco no peito. O gemido de dor que saiu de seus lábios foi como um paliativo pelo meu segundo beijo horrível.

- Ninguém mandou andar sem sutiã! Se você ousar me beijar mais uma vez, eu jogo ácido na sua boca e depois a costuro. Deixe o dinheiro, camisa e almoço com a minha mãe. —Eu sai da cabine e dei um sorriso sem graça para as meninas que estavam ali — Ah! E vai se foder, Freen Chankimha!

Voltei para a cantina com o intuito de comer alguma coisa antes de ir para a aula e não me permitir pensar no beijo do demo. Eu iria fingir que nada aconteceu. Freen não iria bagunçar o meu interior. A desgraçada já havia acabado com toda a magia do primeiro beijo e me beijar uma segunda só acabou por aniquilar tudo de vez.
Nam e Irin conversavam como se nada houvesse acontecido e eu notei que minha bandeja suja já havia sido substituída por outra. Elas eram uns amores. Sentei-me à mesa com um bufo interrompendo a conversa delas.

- De nada pelo almoço. — Iria  disse apoiando os cotovelos em cima da mesa enquanto eu atacava o meu taco - Então, o que aconteceu dessa vez? Alguém flagrou vocês se estapeando de novo ou você conseguiu ter sua DR diária com a Chankimha sem interferências?

- Acho que dessa vez elas não se estapearam —Eu olhei para Nam, que estava sentada à ao meu lado e ela apontou para a entrada da cantina, onde Freen havia acabado de parar e buscava alguma coisa com os olhos. - Diga-me Becca, o segundo beijo foi tão horrível quanto o primeiro?

O taco agarrou no meio da minha laringe e eu comecei a tossir, fazendo com que Irin batesse nas minhas costas e Nam risse igual uma idiota. Depois de alguns segundos tentando me recuperar da quase morte eu olhei para a palhaça ao meu lado.

- Do que você está falando? —Minha voz saiu esganada e Nam revirou os olhos.

- Pare de subestimar minha inteligência. Basta olhar para vocês duas para saber que estavam se agarrando. O cabelo da coitada parece ter sido batido no liquidificador e parece que deram umas cinco chineladas nas bocas de vocês duas. Anda logo, conta como foi! O sinal vai tocar daqui a pouco. —Em menos de dois minutos eu contei como quase havia sido estuprada pela Freen e pelo canto do olho vi Lux com os olhos grudados na mesa da Freen.

Uma ideia magnificamente brilhante surgiu em minha cabeça, fazendo com que um sorriso lento nascesse em meus lábios.

Eu iria dar o troco na Chankimha e para isso, iria mudar alguns termos de sua proposta.

You Hate Me While I Love YouOnde histórias criam vida. Descubra agora