CAPÍTULO 8 - O NÃO DITO (ERIC POV)

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Eu detestava minha vida. Eu detestava o que ela tinha se tornado. Eu detestava minha rotina, minha casa, a família da minha mulher e as vezes minha mulher. Eu só amava os meus filhos porque sim, eles me faziam uma pessoa melhor, eles me transformaram desde o primeiro instante.

Eu tinha me acostumado com essa rotina ridícula, com essa vida sem muitas novidades, eu tinha me acostumado com tudo.

Eu entrei para a polícia com 20 anos. Como eu sabia que não tinha futuro em uma faculdade me dediquei a polícia. Eu precisava ajudar a sustentar minha mãe que já não podia trabalhar como antes. Eu era da Filadélfia, e fiquei trabalhando na polícia de lá por 3 anos até que eu conheci Anna em uma festa, nós nos apaixonamos perdidamente, e ela sempre morou em Healdsburg então tínhamos um relacionamento de ponte aérea. Até que ela terminou a faculdade dela, e engravidou da Alex o que fez mudar toda a nossa vida.

A gente não podia ficar mais no relacionamento de ponte aérea e como a Anna era dentista e a família dela já tinha um consultório em Healdsburg quem teve que mudar drasticamente foi esse idiota aqui. Eu gostava dela e tinha na cabeça que eu precisava fazer qualquer coisa pela minha filha, ir pra onde ela ia. Não ia ser um pai de merda.

Me mudei, consegui o cargo de detetive pouco depois e eu trabalhava como detetive de Healdsburg e das três cidades próximas já que nunca acontecia nada. Basicamente eu servia como chefe para os officers, eu analisava papelada e tentava abrir casos antigos que nunca dariam em nada. Era uma grandíssima chatice, eu sentia falta da Filadélfia mas eu sabia que precisava ficar pelos meus filhos.

Eu amava a Anna, mas não como antes. A gente já estava junto há 13 anos e isso era muita coisa. A gente já tinha aquele tipo de casamento que um tinha se acostumado com o outro. Eu só tinha 36 anos mas me sentia mais velho.

Minha rotina era basicamente acordar, acordar os meninos enquanto ela fazia o café da manhã, ajudava o Gregory a preparar a mochila. Eu tomava banho, descia, dava um beijo nela, nós trocávamos algumas palavras sobre os afazeres do dia e eu levava Alex para a escola e ela o Greogry já que eram escolas diferentes. Eu ia para o trabalho, fazia um monte de coisa inútil e quando as coisas estavam boas eles me mandavam para São Francisco pra verificar algo que não duraria 3 dias. Eu chegava em casa de noite e ela chegava um pouco depois de mim, ela preparava o jantar, nós trocávamos algumas palavras na mesa sobre nosso dia, nós brigávamos com o Gregory porque ele não queria comer a verdura, eu assistia TV enquanto ela ajudava Alex e Greg com o dever e depois eu ia pra cama e ela sempre estava muito cansada. Mas nas terças e as vezes no domingo a gente fazia sexo quando não estávamos cansados demais. No sábado eu fazia plantão e depois do plantão eu ia tomar meu café.

Tudo estava basicamente em seu perfeito lugar até um certo domingo, depois do meu plantão que terminava as 8h da manhã, eu ir pra casa, tomar um banho, pegar minha bicicleta e ir para o coffee shop que eu frequentava todos os domingos pelos últimos dois anos. Eu poderia muito bem chegar em casa e ir dormir, mas isso era praticamente impossível porque a Anna enfiava a casa com a mãe dela, ou com amigas da Alex ou do Greg. Então eu não tinha um minuto sossegado. Pelo menos indo tomar meu café ela entendia e respeitava meu espaço, então sim, eu preferia ir do que ficar em casa em um domingo.

E foi em um desses domingos totalmente iguais aos outros que eu a vi pela primeira vez.

Eu nunca fui desses de ficar traindo minha mulher. Eu acabava por me entediar demais. É verdade que eu já trai ela umas quatro vezes nesses 13 anos, mas no fim era sempre a mesma coisa. A primeira vez foi quando a gente tinha um relacionamento à distância. Depois foi com a esposa de um cara que eu odiava, que por sinal, era tão chata quanto ele. A terceira foi com uma moça, secretária do meu médico, ela era bonita, mas nada mais que isso. A última foi com uma das policiais que trabalhavam comigo e essa a Anna descobriu e fez um escândalo que eu fiquei com dor de cabeça por uma semana. A garota acabou sendo transferida pra outra cidade só por conta da Anna.

NOS BRAÇOS DELAOnde histórias criam vida. Descubra agora