X - E agora?

32 7 4
                                    

*Terry's P.O.V.*

Acordo e olho para o telemóvel, são 9h30. A minha cama está vazia, como sempre, pois o meu marido já se levantou há muito tempo para ir trabalhar. Levanto-me e vou tomar o pequeno almoço: duas torradas e uma caneca com leite morno e, no fim, um café. Vesti-me e peguei nas minhas chaves, dirigi-me ao carro pois era hoje a minha consulta com o obstetra! O meu médico de família, Dr. Foreman, recomendou-me o Dr. Wu, que, por curiosidade, também foi o obstetra da minha irmã.

Eu: Bom dia! O meu nome é Terry Schuester. Tenho uma consulta marcada com o Dr. Wu para as 11h.

Xx: Bom dia! Ainda são 10h50, por isso pode aguardar na sala de espera. O Dr. vai chamá-la assim que puder. 

- Na consulta - 

Dr.: Ora, Terry Schuster, correto? 

Eu: Isso mesmo! Você também foi obstetra da minha irmã, Kendra Giardi.

Dr.: Os trigémeos? Atender a sua irmã foi fácil, agora trazer os seus sobrinhos ao mundo foi dos casos que mais trabalho me deu. Geralmente sou eu a parir a criança e uma enfermeira que a leva até à neonatologia, nesse dia foram precisas mais duas enfermeiras e eles já demonstravam ser bebés berrantes e inquietos.

Eu: Foi assim tão difícil? Ainda bem que eu só vou ter um bebé! Pelo menos assim espero.

Dr.: É isso que vamos ver! Deite-se aqui e levante um pouco a sua camisola. Respire fundo, o gel é fresco.

Eu: - respiro fundo - Isso é mesmo frio!

Dr.: Terry, acho que temos aqui um problema... - olha sério para o ecrã do computador

Eu: Não me diga que o bebé tem o cordão umbilical à volta do pescoço! Ou que não tem o tamanho e peso que deveria ter! Doutor, está a deixar-me assustada!

Dr.: Tenha calma Terry! De facto, para ser honesto, não há aqui nenhum bebé. Veja, o seu útero está vazio.

Eu: Não é possível! Se eu tivesse perdido o bebé, eu teria perdido muito sangue e teria dores horríveis mas isso não aconteceu. 

Dr.: Não há sinais de ter existido sequer um bebé aqui.

Eu: Mas... Mas eu tenho os sintomas todos, ao inicio eu sentia enjoos, comecei a comer mais e até estou mais gorda! Até o meu marido sente e faz questão de dizer que as minhas mudanças de humor são constantes. Num minuto estamos bem e a rir e no minuto a seguir já estou com ciúmes porque ele passa muito tempo com os miúdos da escola... Num dia apetece-me comer tudo e mais alguma coisa e no dia a seguir parece que enjoei a certas comidas e não quero comer nada.

Dr.: O que você tem é uma gravidez psicológica. - dá-me um papel para limpar a barriga - Limpe-se e já falamos melhor. 

Eu: - limpei a barriga e ajeitei a camisola - Psicológica? Quer dizer que é tudo da minha cabeça? 

Dr.: Quando uma mulher ou um casal está a tentar engravidar por um longo período de tempo e é uma coisa muito desejada, pode ocorrer um distúrbio ou alteração a nível psicológico no qual a mulher acredita estar grávida e começa a sentir todos esses sintomas, pois o cérebro acredita que há uma criança a ser gerada no útero.

Saí da consulta de lágrimas nos olhos a pensar em como iria contar ao Will que afinal não estou grávida. Como é que lhe vou dar esta notícia? Ele vai ficar destroçado! Quase abdicou da sua paixão pelo ensino apenas porque eu queria uma casa maior com um quarto a mais e um jardim para uma criança que afinal não existe. Ainda por cima ele sabia da minha consulta! Só não foi comigo porque tinhas aulas, mas ele disse-me que tinha duas horas de almoço e que iria almoçar a casa para saber as novidades e celebrarmos juntos.

Respirei fundo, limpei a cara e tentei parecer o mais normal possível, ainda não me sinto preparada para contar ao William nem sei como fazê-lo. Abri a porta de casa e sou invadida por um cheiro que me é familiar. Entrei e vi a mesa posta, a panela estava no centro.

Will: Finalmente a grávida mais linda do mundo chegou! Como estás? - dei lhe um abraço - Já sabemos? 

Eu: - AHH não consigo!! - É... Um menino! - não acredito que menti.

Will: - de lágrima no olho - Nem imaginas o quanto estou feliz! Por ti, por nós e por esta vitória que conquistamos, o nosso menino! 

Eu: Ainda bem meu amor, eu também estou feliz!

Will: Anda, vamos almoçar! Fiz o teu prato favorito: bacalhau à Braz! 

Eu: Isso soa perfeito! Vamos que eu estou com fome. - sorri, tentando disfarçar a dor que sentia.

Não sei como fui capaz de mentir, eu juro que não sou assim! Mas ele estava tão feliz que eu nem pensei duas vezes... A felicidade dele é tudo o que importa e não quero ser a razão da sua tristeza, não vai ser por minha causa que aquele sorriso vai desaparecer! Mas como é que eu me livro desta mentira? Agora vai ser difícil dar a volta, mas tenho que pensar que foi por uma boa razão! 


I Need You NowWhere stories live. Discover now