𝗘𝘂 𝗻𝗮̃𝗼 𝗮𝗺𝗮𝘃𝗮 𝗲𝗹𝗲𝘀

143 7 20
                                    

                     ❝𝖤𝗎 𝗇ã𝗈 𝖺𝗆𝖺𝗏𝖺 𝖾𝗅𝖾𝗌❞
                         trigger warning
⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀

Do quintal de sua casa, Alma Madrigal observa seus trigêmeos brincando e rindo alegremente uns com os outros. A cena enche seu coração de ternura e, ao mesmo tempo, desperta um turbilhão de emoções contraditórias.

"Como eles cresceram", ela pensa, maravilhada com o rápido passar do tempo. Seus bebês já tinham 6 anos de idade, e Alma mal podia acreditar que conseguiu criá-los sozinha, apesar de todas as dificuldades. Ela deu tudo de si para proporcionar-lhes uma vida que seu marido jamais poderia ter. Agora, seus filhos estão vivendo a vida que foi arrancada de seu marido.

Seis anos da vida de seus filhos. Seis anos desde a morte de Pedro. Ela se pergunta se isso é um equilíbrio perfeito. Alma coloca as mãos sobre o coração e suspira, questionando-se se foi uma maldição ou um milagre. Sua mente sempre está repleta de dúvidas e dilemas, pois ela se debate entre o sentimento de injustiça e a gratidão por ter salvo a vida de seus filhos. É uma batalha cruel e difícil de enfrentar.

Quando Alma deita a cabeça no travesseiro e se depara com o vazio do outro lado da cama, a solidão a atinge com força. Um pensamento doloroso surge em sua mente: "Eles poderiam ter partido no lugar dele." Essa ideia assombra seus pensamentos diariamente, e ela se sente uma mãe terrível por admitir isso.

E talvez, no fundo do coração de Alma, haja uma pequena voz que sussurra que ela é uma mãe terrível. Inúmeras vezes, ela sentiu raiva e ressentimento por suas próprias crianças, simplesmente por chorarem, gritarem, espernearem, por existirem. Desde a morte de seu marido, a única coisa que floresceu em seu coração foi a repulsa, não o amor. Ela sente raiva deles por terem sobrevivido, enquanto ele não teve essa chance.

A narrativa de que se ama o filho assim que se o segura nos braços não é verdadeira para Alma. Ela nunca admitiria isso a ninguém, nem mesmo a si mesma, mas a viúva ainda não experimentou o amor de mãe, não sentiu a alegria genuína de criar seus filhos.

Esse é o seu maior segredo.

Alma sacode a cabeça, afastando esses pensamentos sombrios, e ouve uma vozinha chamando.

— Olha, mãe! - Pepa chama, segurando uma pá de brinquedo, suas madeixas ruivas caindo sobre os olhos pequenos.

Sem dizer uma palavra, Alma sorri e observa seus filhos.

Julieta, Pepa e Bruno estão caçando um tesouro perto de uma árvore, seguindo o pequeno mapa que Alma desenhou na noite anterior. Ela mesma enterrou o pequeno baú com um tesouro; dentro dele, há dois pares de brincos e uma ruana, a mesma que Pedro usava nos dias frios. Uma pequena lembrança para cada um de seus filhos, um vínculo tangível entre eles e o pai que nunca conheceram.

E enquanto Alma os observa, ela sente um vislumbre de esperança. Talvez, um dia, ela encontre o amor de mãe que está escondido em algum lugar profundo de sua alma. Talvez, quando seus filhos mais precisarem, ela será capaz de dar-lhes o amor incondicional que tanto desejam.

Seria um presente para as crianças, nesse último ano tudo aconteceu tão rápido, as crianças ganhando seus dons e começando a ajudar na cidade.

Chegaste ao fim dos capítulos publicados.

⏰ Última atualização: Jun 18, 2023 ⏰

Adiciona esta história à tua Biblioteca para receberes notificações de novos capítulos!

𝗜𝗺𝗮𝗴𝗶𝗻𝗲𝘀 ━━━━ 𝗟𝗢𝗦 𝗠𝗔𝗗𝗥𝗜𝗚𝗔𝗟Onde as histórias ganham vida. Descobre agora