Sessão Seis

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Olho para o envelope na minha mão, leio o nome dele e sigo sua caligrafia com o dedo, tão perfeito e delicada.
- Você não vai abrir?
Eu olho para o Tarl que está parado na minha frente desde que me entregou o envelope.
- Não tenho certeza se quero ver o que tem dentro.
Olho para o nome dele mais uma vez.
- Alguma coisa está acontecendo com ele, mas ele não fala sobre isso. Quanto mais próximo eu me sinto dele, mais distante ele fica.
- Você vai desistir então?
- Não sei se conseguiria mesmo que quisesse.
- Então abre esse envelope, eu quero ver a foto.
Eu dou risada.
- Sabe que são fotos pessoais, não sabe?
- Não começa com essa agora. Abre aí de uma vez!
Eu respiro fundo e abro, pego a foto e ela é exatamente o que eu temia.
- Cara, so vou dizer uma coisa, se esse cara não gosta de você o que ele está fazendo é cruel.
Ele balança a cabeça e sai da sala, fecho os olhos, me concentro e depois volto a olhar para foto.
Nessa foto eu estou com os meus dedos entrelaçados aos seus, beijando a sua mão enquanto olho para frente, a foto foi tirada de lado, então só pega o meu rosto de perfil, mas mesmo assim é possível ver que eu estou inegavelmente apaixonado. É uma foto linda, em qualquer outra situação poderia ser considerada até uma foto feliz, apesar disso a foto me levou novamente para aquele momento, para o seu olhar triste, me levou para aquela cozinha e o seu lamento. Pela primeira vez eu me permito colocar para fora o que está preso no meu peito nos últimos dois dias, a dor de ver alguém que eu amo sofrer e não poder fazer nada, sinto a sua tristeza e a minha incapacidade, sinto a sua dor e a minha, pela primeira vez apenas me permito chorar.
Quando finalmente consigo me acalmar eu olho atrás da foto e vejo novamente o horário marcado.

19h

Chego na casa e todas as luzes estão apagadas, quando abro a porta escuto uma música alta, eletrônica, acho estranho porque nunca ouvi ele tocar nada agitado.
Dou alguns passos para dentro e vejo algo se movendo, quando me aproximo percebo que a sala está com uma luz negra e ele está vestido com uma roupa preta cheia de detalhes brancos que ficam florescentes por causa da luz, ele vai dançando pela sala, com um copo na mão, mais uma vez estranho porque é um copo de whisky. O cabelo dele está propositalmente bagunçado o que deixa ele muito mais atraente. Ele grita balançando a cabeça, quando me vê sorri, os seus dentes brilham com a luz. Ele corre até mim e segura a minha mão e me leva para o meio da sala e começa a dançar de novo, ele sorri, grita, pula, dança, ele está feliz.
- Dança comigo Mon Cher.
Ele segura a minha mão e me beija. Vai dançando ainda no ritmo agitado da música enquanto tira a minha camiseta. Joga ela longe e segura a minha cintura, começa a me mover com ele e vai beijando o meu pescoço.
Quando a música acaba ele sorri e se afasta, outra música começa e ele volta com dois copos de whisky e uma caneta. Me dá um dos copos, abre a tampa da caneta com a boca e começa a desenhar pelo meu corpo enquanto dança em volta de mim, a tinta da caneta é branca, então por onde ele passa começa a se iluminar. Ele pega o meu braço e escreve

Meu!

Então no próprio braço escreve

Seu!

Joga a caneta e volta a dançar. Percebo que ele está bêbado, não muito, mas esta bêbado.
- Não vamos ter boas fotos se você não ajudar Mon Cher, dança comigo.
Ele bebe mais um pouco de whisky e eu seguro o copo.
- Eu acho que você já bebeu demais, é melhor parar um pouco.
- Hoje não, hoje nós vamos nos divertir!
Ele volta a dançar por toda a sala, vem até mim, pega o copo da minha mão, bebe e me beija, sinto ele passando o whisky da sua boca para a minha. Ele joga o copo vazio no sofá e segura as minhas mãos, com as nossas mãos juntas ele começa a tirar a própria camiseta, quando chega na altura dos cotovelos ele solta as minhas mãos, levanta os braços e espera. Eu suspiro e abaixo a sua camisa. Ele me olha irritado e tira ele mesmo, então se aproxima do meu ouvido.
- Je veux que tu me lèches, hmmmm como se fala? Me chupar, hoje eu quero que você me chupe.
Eu seguro o seu rosto e o beijo.
- Hoje não, está na hora de parar, você está bêbado.
- Não o suficiente para não saber o que estou fazendo. Eu quero que você. Seja meu.
Ele enfia a língua na minha boca com tudo e começa a brincar com ela.
Eu me afasto e ele me olha zangado mais uma vez.
- Pensei que você me amasse.
Ouvir ele falando isso me pega de surpresa, ele mais uma vez me abraça e começa a beijar o meu pescoço.
- Faz amor comigo, me ame, me ame como se fosse o nosso último dia juntos, me deixe amar você.
Eu não sei o que fazer, mas não vou fazer isso com ele assim. Olho nos seus olhos e seguro o seu rosto.
- Eu te amo e porque eu te amo não vamos fazer isso.
Eu o abraço e ele tenta se soltar, então eu o abraço mais forte, ele tenta me empurrar, então sinto ele batendo nas minhas costas várias vezes. Por fim ele para, me abraça e começa a chorar. Vou andando para trás ainda abraçado com ele, quando chegamos no sofá eu me sento e sento ele no meu colo, ele sobe os pés no sofá, se encolhe, mais uma vez coloca a cabeça no meu pescoço e chora. Eu passo a mão pelas suas costas.
- Conta  que está acontecendo para eu poder te ajudar meu amor.
- Você não pode me ajudar, ninguém pode.
- mas....
- Shiiii ...
Ele coloca o dedo na minha boca.
- Faz amor comigo? Só com você eu consigo esquecer de tudo, por favor faz amor comigo!
Eu beijo ele mais uma vez e digo.
- Não, mas eu vou ficar e cuidar de você. Como eu desligo essa música?
Ele suspira e aponta, eu vou até onde está o controle e desligo, pego a sua mão e o levo para cima. Encho a banheira e entro com ele, dou banho nele e me lavo, ajudo ele a se secar e deitamos. Faço ele deitar no meu braço e beijo a sua cabeça.
- Dorme um pouco meu amor, eu vou estar aqui com você quando você acordar.

PhotographWhere stories live. Discover now