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Ela se contorcia em cima da cama. Estava sentindo um misto de dor, agonia, raiva.
Por algum motivo, mesmo — quase — do outro lado do oceano, ele sentia que algo estava errado, talvez fosse só um pressentimento, ou ela estivesse em perigo. Não aguentava a dúvida martelando na cabeça, precisava conferir. Atravessou rápido demais que perdeu a energia, só restou voar. E ele voou tão rápido como nunca fizera. Conseguiu chegar no acampamento em menos tempo que achou possível.
Foi correndo em direção a cabana dela, praticamente esmurrou a porta para que se abrisse e quando finalmente chegou ao quarto... ela estava chorando. De dor percebeu após um tempo tentando processar a imagem.
Enrolada nos lençóis e mantas, ela chorava, se revirava, xingava e amaldiçoava o fato de ter nascido com um útero. Ele não sabia exatamente o que fazer, nunca se encontrara em uma situação assim antes. Primeiro, ele pensou, tenho que mostrar que estou aqui.
— Oi? Meu bem, o que aconteceu?— perguntou enquanto se aproximava devagar, sua voz estava hesitante, mas não podia demonstrar seu pânico, manter a calma por ela.
— O que aconteceu?! Eu nasci uma fêmea! Foi isso o que aconteceu! — ela dizia chateada — Todas as malditas dores, desconfortos, SANGUE, recaiu sobre mim! Eu estou cansada disso. — choramingou na última frase.
Foi então que ele entendeu, não havia percebido o cheiro com toda a turbulência em sua cabeça. Períodos. Chegou a hora dele passar pelas experiências de seus irmãos.
Ele chegou mais perto dela, se abaixou e a acolheu em um abraço apertado, mesmo que ela não tenha saído da sua posição fetal, acrescentou um beijo em seus cabelos antes de dizer:
— Ah querida, por que não me chamou? Eu teria vindo antes. O que quer que eu faça por você, hein?
— Desculpe. Eu não queria te incomodar, você já largou seus afazeres para vir até aqui sem que eu pedisse. Mas eu adoraria alguns beijos e massagens. — ela respondeu fazendo biquinho. Ele riu e a apertou mais contra si.
Pelo resto do dia, ele a mimou com beijos e massagens como ela pediu, além dos doces e cafunés de adicional.
No início da noite ele preparou um banho de banheira, com sabonetes e óleos das especiarias mais diversas e cheirosas. Lavou seus cabelos, seu corpo, praticamente a vestiu e arrumou para dormir. Estava prestes a dizer que teria que voltar para a corte quando mais um pedido dela fez seu coração errar batidas.
— Pode ficar comigo hoje? — perguntou tímida, já corada.
Ele não deveria se dar a esse luxo, mas poxa, era ela que estava pedindo, não estava se sentindo bem, seria uma semana difícil pela frente, sangrar não é bom de qualquer maneira, além de que, ele poderia aproveitar esse tempo a mais.
— Claro meu amor, eu fico com você. — respondeu já se aconchegando nas cobertas e a abraçando.
Avisou seu Senhor que não voltaria pro continente naquela noite. Afinal ele estava em casa também, com ela nos braços.

One Shots - Azriel Where stories live. Discover now