Beijos de Mentira (LIVRO COMPLETO NA AMAZON)

¹ Justiça.

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Capítulo 1

Meu coração bate loucamente dentro do peito ao encarar o papel preso no mural da escola. Meus olhos caem pelos nomes na folha e não posso acreditar quando vejo meu nome em terceira posição.

- Eli, calma. - Lana toca levemente meu ombro. - Não ligue para essa brincadeira infantil.

Me viro para ela, encarando seus olhos castanhos e seu sorriso pequeno. Lana é minha melhor amiga e nem pude acreditar quando ela invadiu minha sala de aula, falando que eu estava na lista dos não-beijáveis do colégio.

- Vamos dar um jeito nisso. - Avisa, firmemente.

Arranco a lista do mural e a amasso. Toda minha fúria se concentra em acabar com esse pedaço de papel irritante. Estamos no último ano do Ensino Médio, mas mesmo assim continuam com essa lista idiota.

Respiro fundo, ajeitando meus cachos atrás das orelhas. Meus olhos estão pesados por ter passado a noite lendo livros e agora, mais do que nunca, estou sem nenhuma paciência para lidar com isso.

Me afasto do amontoado de pessoas que se concentram no pátio e sigo com pressa até a diretoria. Posso sentir Lana logo atrás de mim, mas já estou farta dessas brincadeiras idiotas.

- Pode entrar. - A secretária fala, quando bato na porta. Seus olhos se focam em mim, assim que invado a pequena sala com paredes brancas.

- Eu quero relatar um caso de bullying. - Me sento na cadeira à sua frente, sem pensar muito. Ela ajeita a postura, parecendo se preparar para acabar com todos meus problemas.

- Eli - Lana me chama, mas ergo uma mão, impedindo-a de continuar.

- Pode ir para casa. Eu vou resolver isso. - Peço, encarando-a nos olhos.

Lana se remexe, parecendo pensativa. Ela coloca os cabelos castanhos-mel atrás das orelhas e respira profundamente.

- Eu estou bem. Você precisa cuidar da floricultura. Pode ir. - Emendo, abrindo um sorriso pequeno pra ela.

Ela murmura um "desculpa" e ajeita a mochila vermelha nas costas. Vejo quando Lana bate a porta e deixa o corredor.

O ar escapa por meus lábios e um gosto amargo invade minha boca. Molho os lábios, encarando a mulher com grossos fios negros presos em um coque apertado a minha frente.

- Você quer falar sobre a lista, estou certa? - Indaga de repente, me deixando sem palavras.

Meu coração se remexe ao perceber que ela já sabe sobre o assunto e provavelmente vai me ajudar.

- Sim, eu quero rela...

- Não podemos fazer nada enquanto a isso. - Me corta, simplesmente. Seus olhos negros se voltam para um pequeno papel em suas mãos. - Já relataram sobre esse acontecimento, mas não sabemos quem são os culpados por tal ato. Temos mais de mil alunos nessa escola. Demoraria muito para encontrar os culpados. E, além do mais, estamos quase no meio do ano. - Seus dedos pegam uma caneta e ela escreve rapidamente algo no papel. - Lamentamos por isso.

Ela me entrega o papel, nele está escrito "mantenha a cabeça erguida."

- É só uma brincadeira idiota. - Fala, sorrindo logo depois.

Encaro seu rosto sem vestígios de maquiagem. Fico sem palavras. Um nó se forma em minha garganta e tenho que me segurar para não enlouquecer.

- Vocês não podem fazer nada? - Indago. A voz tão baixa que nem parece a minha.

- Não. Peço desculpa.

Me levanto da cadeira com as pernas bambas.

- Isso chega a ser vergonhoso. - Falo, ainda em choque. - Se uma pessoa fala que está sofrendo com algo, vocês deveriam ajudar. - Aponto, com o coração em pedaços. - A sociedade é hipócrita. - Murmuro, ajeitando minha mochila nas costas.

Em silêncio e com passos calmos, saio da sala.

Em nenhum momento meu coração para de bater rapidamente, porém, agora, sinto meu peito apertado e um gosto amargo na boca.

Estou virando o corredor, quando vejo Kai e seus amigos. O garoto com histórias que correm pela escola toda. Ele tem cabelos ruivos que parecem vermelhos por causa do sol, quase chamas.

Como se soubesse que estou o olhando, ele me encara. Suas íris cinzas não tem emoção alguma e, nesse momento, entendo que a raiva nos faz fazer coisas idiotas.

Se ninguém vai me ajudar, então darei um jeito com as minhas próprias mãos.