Beijos de Mentira (LIVRO COMPLETO NA AMAZON)

⁵ Invasão.

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Capítulo 5.

O vento corre suavemente pelo quarto, bagunçando a cortina azul, invadindo todo o ar.

Lá fora, o pôr do sol é quente. Nem parece que já se passaram três dias desde aquele acontecimento, três dias de chuvas constantes.

Me jogo em minha cama macia, encarando o teto branco. Abraço meu ursinho de pelúcia com força. Ele cheira a lavanda.

Os acontecimentos ainda borbulham em minha cabeça. Rápidos, nervosos. No dia foi tudo tão barulhento e confuso, que as memórias ainda estão tentando se ligar umas às outras para fazer sentido.

- Três dias que ele não vai para a escola. - Murmuro, beliscando meu joelho. Os cachos invadem o rosto.

- Três dias que a escola queima, as pessoas parecem formigas. - Lana completa, jogada ao meu lado.

Viro um pouco a cabeça, encarando seus olhos castanhos, quase um mel. Lana respira fundo. O sol deixa suas bochechas levemente vermelhas.

- Três dias, mas ninguém tem provas de que foi uma armação. - Mordo os lábios, irritada.

Me sento rapidamente em minha cama, o ursinho ainda em meu colo. Brinco com suas orelhas.

- Liam não foi visto depois que sumiu junto com aquele garoto da pista. - Lana ajeita o vestido rosa com cuidado, piscando lentamente. - Kai também não. - Completa, e meu coração se aperta de leve.

Sim, Umbrella City está um caos depois do acidente. A chuva não foi o suficiente para sufocar os acontecimentos, na verdade, a água parece ter jogado as informações daquele dia para todos os lados. Eu não acredito que me pediram para dar uma entrevista na tv.

Pego a fatia de pizza, jogada na caixa em cima da minha mesinha, e a mordo com força. O gosto de calabresa invade minha boca e é relaxante.

- Kai não está em casa. - Minha voz soa no quarto. Não tinha percebido que havia levantado da cama, até encarar a casa de Kai por minha janela. - Acho que não tem ninguém lá.

Dúvidas fazem minha cabeça doer, os segredos daquela noite me irritam.

- Que inferno - Sussurro, apenas para mim, mas Lana escuta e começa a rir baixinho.

- Eli xingando é uma coisa rara. - Ela se aproxima de mim, a expressão é suave. - Você salvou a vida dele, Eli. Descanse um pouco. Está totalmente nervosa esses últimos dias. - Seus dedos pequenos tocam meus cachos, os ajeitando atrás das orelhas.

Olhando agora para Lana, ela parece calma. Os lábios delicados e os olhos carinhosos. Mas em contraste, a sua imagem daquela noite ainda queima em minha memória. O cabelo encharcado, as lágrimas, a certeza de uma armação, as luzes coloridas contra sua pele.

Dois opostos.

- Você se encaixa mais no estereótipo "fadinha perfeita". - Aviso, lembrando-me das palavras de Kai daquele dia. Lembro de como fiquei irritada com elas.

Lana junta as sobrancelhas bonitas. Os olhos pequenos ficam ainda menores, enquanto ela me olha confusa.

- Não, Eli. - Ela abanou a mão, negando. - Ninguém é apenas um, nós somos um conjunto e agimos de acordo com a situação. - Avisa, deslizando os dedos até meu pescoço. Ela respira fundo.

- Você está bem? - Indago,o forçando-a a me encarar nos olhos.

Lana morde os lábios. Ela pisca com força.

- Papai volta hoje para casa. - Ela sorri amargamente. - Será que posso dormir essa noite aqui? - Sua voz é baixa, quase uma súplica.

O pai de Lana é uma pessoa agressiva. Querendo ou não, isso foi o que nos aproximou. Eu tinha acabado de perder meu pai quando nos conhecemos, mas Lana nunca teve um pai presente, ele sempre esteve lá apenas para gritar regras e ditar como uma moça deve agir na sociedade.