Capítulo 43: Distância

435 38 8
                                    

Madeline

Não fui para a escola na sexta. Não tive força nem para isso. A única que eu fazia era me trancar no quarto, evitando ao máximo transitar pela casa.

Eu mal via os meus pais, não os ouvia. Quando acordava de manhã, ambos já tinham saído para trabalhar. Eles não vinham para casa almoçar como antes e não apareciam para jantar.

Comecei a ficar sentada na mesa de jantar esperando que eles voltassem, mas isso nunca acontecia, então comecei a jantar sozinha à mesa. Porém, isso começou a ser muito angustiante e agora eu levava minha comida para o quarto e terminava de comer lá.

A cada dia que passava eu me sentia pior por ser a causadora dessa distância na minha própria família.

Eu deveria aprender a guardar segredos ao invés de soltar a língua para tirar o peso dos meus ombros.

Suspirei, mastigando a última garfada do meu jantar. Levantei e saí do quarto para colocar meu prato na cozinha.

A casa estava completamente apagada e vazia, eu não via nem mesmo os empregados circulando. Parecia que todos estavam se escondendo de mim.

Pus o prato na pia e me virei, deparando-me com um bilhete grudado na geladeira por um ímã.

"Voltaremos mais tarde hoje, querida. Espero que tenha uma boa noite"

Revirei os olhos e me arrastei para fora da cozinha.

Como se eu precisasse de um bilhete para saber disso.

Abri a porta do meu quarto e me joguei na cama, encarando o teto. Eu não fiz nada o dia inteiro, mas me sentia cansada. Queria fugir, ir para qualquer lugar em que pudesse respirar ar fresco.

Senti meus olhos começarem a fechar, entretanto, uma figura de movendo nas sombras do meu quarto me fez ficar alerta.

Apertando os olhos para ver melhor, a figura misteriosa veio na minha direção e se jogou em cima de mim.

Tentei escapar, remexendo-me de um lado para o outro e tentando empurrá-lo de cima de mim.

- Boa noite.

A voz de Damian fez com que eu parasde de mexer, mas uma raiva me subiu e dei um tapa no seu rosto.

- Ei! - Ele esfregou o lugar onde eu tinha batido.

- Não faça isso - Falei para ele lentamente - Nunca mais.

Ele se sentou, puxando-me pela mão para que me sentasse também.

- Desculpe - O garoto disse.

Não respondi, apenas coloquei uma mão em seu queixo, virando seu rosto para mim e acariciando o lugar onde eu tinha dado o tapa.

- Você não parece bem - Constatou ao analisar meu rosto mais atentamente.

Devia estar, literalmente, na minha cara. Tinha quase certeza de que estava com olheiras, uma aparência cansada e os olhos inchados.

- Não estou - Admiti - Estou bem longe disso, na verdade.

Damian abraçou minha cintura com uma mão e me aproximou mais dele, enrolando os dedos em uma mecha do meu cabelo com a outra.

- Sabe que pode me contar qualquer coisa, não sabe? - Ele disse baixinho.

- Disse aos meus pais que sabia sobre Luke.

- E...?

- Não acabou bem - Senti meus olhos marejarem - Eu estraguei tudo.

- Ei, para com isso - Damian deitou minha cabeça em seu peito, envolvendo meu corpo em um abraço mais apertado - Não é culpa sua.

Butterflies | Damian Wayne Onde histórias criam vida. Descubra agora