Em milênios de anos

7°Capítulo: Trabalho em casa nunca é uma boa ideia

O sol deu as caras mais cedo naquele primeiro dia de inverno, lá fora crianças corriam totalmente agasalhadas e suas mães tentando acompanhar os passos cheios de energia. As folhas começaram a cair quase de imediato, praticamente de um dia para o outro, aparentemente Demeter não estava muito alegre com a saída de sua doce filha.

Hades deu um gole no café preto, em suas mãos havia um novo jornal do mundo mortal, estava quentinho e recém impresso.

—Estava pensando no jantar que teremos no fim do inferno. –Comentou Persephone que ainda usava seu roupão de pelinhos rosa, que combinava com o azul de Hades.

Hades tirou os olhos das pequenas palavras nas enirmes folhas de papel, confuso.

—Achei que tinhamos marcado para o meio da primavera! –Disse Hades.

Persephone soltou um suspiro triste.

—Zeus mandou um memorando. –Explicou ela pegando seu prato de porcelana branca e colocando duas panquecas recém feitas por Hades. —Tenho quase certeza que descobriram nosso plano. –Persephone fez uma curta pausa. —Para nos vermos fora das estações frias.

Persephone sorriu sedutora.

—Como poderia me esquecer? –Riu Hades, admirando o belo sorriso de sua esposa. —Cancelei centenas de reuniões com Zeus!

—Você faria isso por literalmente qualquer um! –Riu Persephone. Suas mãos foram em direção as morangos cortados em círculos.

Hades deu de ombros, ainda sorrindo.

—Cancelariam muitas coisas por você, só por você.

—O mínimo! –Brincou Persephone antes de morder um morango.

No segundo andar, em frente para um imenso corredor havia uma porta branco em meio as paredes pretas. O quarto de Thanatos, ou o quarto em que ficava quando ainda trabalhava com Hades.

Seus olhos abriram-se lentamente, de forma preguiçosa e involuntária, as pequenas mãos foram diretamente para os olhos quase totalmente abertos, os coçou, soltou um longo bocejo. Thanatos ficou parado, sentado em uma cama excessivamente macia, com um cobertor pesado estava em cima de si, tentando se localizar logo pela manhã, não se lembrava muito de como chegara ali, na verdade não lembrava-se de nada.

Os pés escorregam de forma ababoda para o chão gelado, olhou ao redor, e depois para si mesmo, usava apenas um short largo demais para seu pequeno corpo magrelo.

Quando ele chegou ali? Ou nelhor, quando se trocou? Estava tão cansado quando entrou no carro de Hades que nem lembrava de ter saído dele... Espera!

—Eu acho que podias expandir o mercado humano. –Disse Persephone analisando suas longas unhas pintadas de vermelho.

Hades assentiu e deixou o jornal de lado, os olhos de sua esposa brilhavam de entusiasmo.

—Pensei que não iríamos falar de trabalho em casa. –Rebateu Hades curiosamente.

Persephone inclinou levemente os ombros para o lado, sorrindo minimamente, como se fosse um cachorrinho que foi pego fazendo algo errado.

Hades sorriu divertido.

—Conte-me sua ideia amor... –Pediu o deus.

—Estava pensando, se voltarmos com aquela ideia maluca com os fanáticos religiosos de "Compre um lugar no céus"? Eu acho que tem muito idiota que ainda cai nessa...

Persephone foi interrompida brutalmente por Thanatos entrando correndo dentro da grande cozinha, ele ainda vestia apenas os shorts grandes e estava completamente corado.