Em milênios de anos

13°Capítulo: Alice no país das maravilhas

Persephone chegou no quarto, tentando fazer o mínimo de barulho possível, as luzes atrás si estavam completamente apagadas, a porta rangeu pelo silêncio total da enorme casa. A deusa da primavera se deparou com algo que não esperava ver, Hades lia um livro velho, um pouco desgastado demais e com folhas amareladas; enquanto Thanatos ainda tinha o bico da mamadeira nos lábios, concentrado demais na história que Hades lhe contava. Persephone sorriu com doçura materna.

—Olha Persie! –Disse Hades, um sorriso leve se formou em seus lábios. —Temos companhia hoje. –Hades apontou a cabeça para Thanatos, o menino acenou com a mão livro. Persephone notou que Hades já estava com pijama habitual azul de seda, ela sorriu.

—Que livro estão lendo? –Persephone se juntou a eles, sorridente.

—Alice no pais das maravilhas. –Respondeu Hades. —Tye estava com saudades.

Thanatos corou, virando o rosto para o travesseiro que estava deitado.

—Você sempre amou este livro. –Lembrou-se Persephone.

Hades assentiu, acariciando as costas de Thanatos, o menino voltou seus olhos para o casal, e seus lábios grudaram novamente no bico de silicone.

—Filho, não tem mais nada ai dentro... –Hades repreendeu. Persephone não pode deixar de mostrar sua surpresa ao ouvir a fala de Hades.

—Tye, gostaria de outra? –Perguntou Persephone, os olhos de Hades olharam com desespero para ela, que ligeiramente entendeu o significado. Thanatos tinha uma péssima sensação do próprio corpo, não sabia analisar suas próprias necessidades, o acontecimento no jantar foi fruto dessa falta habilidade de entender as necessidades fisiológicas humana. —Que tal amanhã de manhã? –Tentou arrumar sua fala anterior.

Thanatos negou, aparentemente estava mais interessado em chupar o bico da mamadeira, como fazia com seu dedo na noite em que foram jantar no restaurante humano.

Persephone desapareceu por alguns minutos e quando voltou vestia uma camisola de seca chique, um pouco curta mas muito confortável. A deusa se juntou aos dois na cama, Thanatos se encolheu levemente, parecia relutante. Mas quando sentiu a mão dela em seus cabelos, enrolando um de seus cachinhos um pouco destruído, relaxou imediatamente, lembrando que Persephone não era uma ameaça, nunca seria.

Hades continuou lendo em voz alta, para todos presentes ali pudessem ouvir, enquanto Thanatos tinha seus olhos lutando para continuarem abertos e ouvir o restante de sua tão amada história.

"—A Largata e Alice olharam-se uma para a outra por algum tempo em silêncio: por fim, a Largata tirou o narguilé da boca, e dirigiu-se à menina com a voz lânguida, sonolenta.
  "Quem é você?", Perguntou a Largata."

Thanatos caíra no sono, completamente cansado, uma das mãos ainda segurando a mamadeira, e a outra abraçando um dos braços de Hades.

Hades fechou o livro em silêncio, e o colocou da mesa ao lado da cama. Persephone sorria minimamente para Thanatos, ainda não tinha parado de enrolar um das mechas de seu cabelo branco.

—Tiramos a mamadeira? –Perguntou Hades, tentando se ajeitar para dentro das cobertas, sem acordar Thanatos.

—Sabe que ele vai acabar acordando, e aí vai ter que ler até ele pegar no sono, meu amor. –Persephone apontou.

Hades concordou, tentou bater palmas silenciosas sem mexer o seu outro braço que Thanatos abraçava. As luzes apagaram aos poucos, até ficarem completamente apagadas em um breu total.