07 - Ingênua.

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Lalisa saiu do carro e andou direto para seu quarto. Sua cebeça só pendava em uma pessoa: Jennie Kim.

Todas as vezes que lembrava de sua voz, seu coração acelerava. Não sabia por que e o que estava sentindo. Eram sentimentos novos.

Lisa sempre teve problemas para reconhecer sentimentos simples por conta de sua condição. Mas desta vez ela estava gostando da sensação de como a voz de Jennie entra em seus ouvidos e parece um canção cantada por anjos.

Minnie por outro lado, não gostava nenhum pouco de Kim. Não confiava na garota, achava que faria algum mal à sua irmãzinha.

Lalisa deslizou suas mãos para debaixo de seu travesseiro e tirou o desenho que tinha feito na noite passada. Sorriu e abraçou o papel.

— Lali, vem comer! — Nicha chamou. — Mamãe já fez o almoço.

Lisa sentou na cama e olhou para os carros passando na rua. Ignorando totalmente a irmã.

— Lalisa, vem comer, eu tenho que ir pra faculdade daqui a pouco. — Suspirou.

Nicha se aproximou e sentou ao lado da mais nova.

— O que você vê nesse papel que sorrir tanto, uh? — Riu.

Minnie olhou para o desenho feito com giz de cera. Logo seu sorriso sumiu.

— Quem é essa, Lalisa?

Jennie... Jennie Kim.

A irmã mais velha bufou.

— O que ela fez com você? Você nunca lembrou de nome de ninguém antes.

Isso era mentira. Lalisa lembrava sim o nome de todo mundo que conhecia. Só não falava.

Lisa levantou da cama e desceu para cozinha
sendo acompanhada pela irmã.

— Eu já vou indo, mãe — Deu um beijo na bochecha da mulher. — Tchau, princesa! — Fez um carinho no braço de Lalisa que recuou e cruzou os braços. — Também te amo, sua emburradinha. — Brincou.

Lisa observou discretamente Minnie abrir a porta e dar um beijo na namorada que desceu as mãos para a bunda da garota, antes de sumir de sua vista.

Podiam pensar que Lisa era boba ou que não prestava atenção nas pessoas, mas não, ela sabia de tudo que acontecia ao seu redor. Até mais que as outras pessoas.

Sabia que sua irmã sempre bebia e fumava até dizer chega escondida às sextas feiras pois iá tinha ouvido uma conversa entre ela e sua namorada combinando de se encontrar na mesma balada de sempre — e sempre
percebia o cheiro irritante de cigarro quando Minnie voltava ás quatro da manhã para casa. E que inclusive tinha um caso com a vizinha da frente, quando Miyeon não vinha a ver, Minnie ia sorrateiramente atrás da vizinha.

Sabia que a mãe tinha um relacionamento com seu chefe de trabalho escondida dos outros funcionários, pois quando a mulher foi buscá-la no Colégio e passou no trabalho porque tinha que "resolver coisas com o chefe" mas na verdade transou com o homem no escritório.

Também sabia que todos à tratavam diferente; que achavam que fosse estranha. Ela odiava isso. Queria ser tratada como uma pessoa normal. E também; o que mais à deixava triste e gostaria de não saber que seu pai foi embora por sua causa, por ter autismo.

Lalisa comeu e tirou o papel de seu bolso apreciando a beleza de Jennie novamente.

— Quem é essa, Lali? — A mãe perguntou, apoiando as mãos em seus joelhos. — Você gostou dela, não?

Lisa se levantou e foi até o piano.

Sua paixão por música clássica veio aos quatro anos quando viu uma apresentação de ballet e ouviu a música flight of the bumblebee.

A tailandesa começou a tocar dance of the sugar plum fairy. A música favorita de Jennie.

Sim, ela lembrou do que a coreana lhe disse.

Ela não fazia a mínima idéia do que fazia nem nem porque, mas tudo que estava fezendo era em torno de Jennie.

Levantou e foi para o quarto da mãe. Abriu a porta devagar e viu a mulher conversar com seu chefe.

— Eu sei amor... Sei que já faz um tempo desde que nos vimos. Mas é que Nicha saiu e não posso deixar a Lalisa sozinha e... — Olhou para a garota parada na porta. — Tenho que ir, Tchau.

Lalisa aproximou-se da mais velha.

— O que quer, Lali? — Sorriu.

A garota pega o celular das mãos da mãe e fez uma pesquisa rápida em seguida mostrou a mulher.

— Um risoto de frango? — Tombou a cabeça para o lado. — Ah.. Você quer comer isso? Mas, princesa, você acabou de comer. Que tal eu preparar isso para o jantar?

Lalisa balançou a cabeça e aproximou mais ainda o celular do rosto da mais velha.

— Querida, não está na hora de comer. Na verdade, você devia estar descansando um pouco agora.

A tailandesa mais nova soltou o celular na cama e andou apressada para seu quarto.

[...]

Lisa levantou de sua cama. Já não aguentava mais ouvir os gemidos da mãe.

Passou pelo quarto da mulher, que, sem nenhum tipo de vergonha, estava com a porta aberta e nem percebeu a filha passar.

Estava estressada por não ter conseguido fechar os olhos por um segundo.
Ouviu passos na escada e logo teve a certeza de quem era.

Sua mãe e o chefe dela.

— Oi, amor. — Disse a mulher, com um sorriso
amarelo está acordada faz tempo?

A mais nova sentou no sofá assistindo um desenho qualquer.

A tailandesa mais velha e o homem agiam como nada houvesse acontecido. Conversavam sobre coisas do trabalho e família...

Mal sabiam que a garota sabia o que ele estava fazendo ali. Pela janela do seu quarto, o viu chegar em seu camaro azul e beijar Sra.Manobal na porta de casa.

Ouviu todo que os dois fizeram e inclusive se arrependeu de ter escutado. Gostaria de não ter descoberto que a mãe gostava de ser sufocada durante o sexo.

Talvez isso fosse errado e falta de educação. E Lalisa sabia disso. Mas não podia evitar de ouvir conversas e segredos alheios.

Até porque, todos faziam isso como ela não estivesse lá, achavam que não se importaria.

Erro o deles. Deviam se preocupar e tomar mais cuidado com o que falam perto da garota.

Crayons | JenlisaWo Geschichten leben. Entdecke jetzt