09 - Passado.

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Sra.Manobal não gostava de sair de casa com Lalisa. Mas não por conta da menina, e sim por conta das pessoas e de seus olhares maldosos ou comentários inconvenientes como: "Você devia ter educado melhor sua filha" que ouvia desde sempre.

Mas Lalisa fez muito progresso desde os sete, consegue manter-se calma por um tempo maior do que aquela época, agora sabe fazer várias coisas sozinha e consegue ir à escola.

Um acontecimento despertou grande desespero na coreana mais velha. Era o aniversário de oito anos da filha mais velha, e foi ao shopping comprar a boneca que a mesma tanto queria.

— Vem, Lalisa. — Segurou a mão da menina que à puxou de volta e tapou os ouvidos. — Não, não comece. Hoje é aniversário da sua irmã, tente se comportar!

Andou na frente e olhou para trás vendo que não estava sendo seguida. Bufou e segurou o pulso da pequena puxando-a para a loja de brinquedos mas logo soltou ao ouvir o grito da mesma fazendo olhares de pessoas da loja e até as que passavam pelos corredores do local focar nas duas.

— Lalisa Manobal! — Inclinou-se para ficar da mesma altura da filha. — Nós viemos aqui para comprar o presente da Minnie, pare com
suas cenas.

Lisa olhava o teto da loja observando o enorme arco-íris ursinhos e unicórnio desenhados. Não dava a mínima para mãe.

Era como se Lalisa falasse tailandês e a mãe grego.

— Lalisa! — Chamou. — Lalisa, olhe para
mim quando eu estou falando contigo. — Segurou o queixo da menor com uma certa força e forçou à olha-lá.

A criança empurrou a mulher e olhou ao redor, várias informações passaram em sua cabeça.

Então correu.

Desceu a escada rolante empurrando todas as pessoas que estavam em seu caminho e finalmente saiu do shopping e tudo piorou.

Correu entre ruas e dobrou esquinas até estar totalmente perdida. Sua última escolha foi se jogar no chão e chorar. Em um lugar completamente diferente e com pessoas estranhas que tentaram ajudar a menina.

— Você está bem?

— Cadê a mamãe, menininha?

— Vem aqui que a tia te ajuda a encontrar
sua mãe.

Uma mulher ligou para a polícia para que buscassem a criança perdida. Não demorou tanto para que chegassem e a levassem, junto com uma assistente social, tentaram arrancar algo da boca de Kim.

— Qual é seu nome? — Um homem perguntou
sentando do lado do corpinho de Lisa. — Talvez ela seja surda, ela não parece nos escutar.

— Talvez esteja apenas nervosa.

Depois de horas que pareciam séculos para a pequena Lisa, sua mãe finalmente a encontrou.

Naquele dia não teve mais aniversário nem presente para Nicha.

— Tudo é a Lalisa, papai! Ela sempre estraga tudo, até meu aniversário. — Dizia a tailandesa enquanto chorava no colo de seu pai. — Eu odeio ela.

[...]

Lisa tomou um banho e colocou uma roupa confortável. Olhou pela janela do quarto e viu a irmã sair da casa da frente e acenar para si.
Ela realmente achava que a caçula não sabia de sua amante.

Ficou observando os carros passarem pela pista. Observou os cinzas, cada vez que um passava ela anotava em um caderninho. Vinte carros cinzas no total.

Sentou em sua cama e viu uma foto na parede que tinha seu pai e sua irmã mais velha em um parque.

Crayons | JenlisaWhere stories live. Discover now