24 - Cigarettes.

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Apesar de Nicha ter falado para Lalisa não sair por aí dizendo que fez sexo. Teve que testemunhar contra Solar no tribunal, a mesma que pegou uma pena de sete anos por abuso sexual.

Lalisa sabia que sua irmã estava triste por tudo o que tinha acontecido e isso era perceptível. Sabia também que ela queria uma notícia boa, pensava em várias coisas boas, queria escolher uma e contar para a irmã.

Mas só tinha uma que realmente achava boa.
Então, ignorou todas as explicações da mais velha e correu para o quarto.

Abriu a porta de uma vez tendo a visão da fumaça vinda da boca da tailandesa parada em frente de lado da janela e de olhos fechados.
Resmungou alto ganhando a atenção da irmã.

Minnie abriu os olhos para encarar a caçula e suspirou. Abanou a mão na fumaça que acabará de sair de sua boca, para fazê-la sumir mais rápido, e jogou o toco de seu cigarro em um cinzeiro que Lisa nem sabia da existência.

— Desculpe, Lali... foi um dia estressante na faculdade, mamãe foi passar a noite no trabalho e você estava na terapia musical... Resolvi fumar um pouco, vim pra cá para não te atrapalhar.

Liaa fez uma careta e cobriu o narizinho. Não conseguia prestar atenção no que a maior falava com o cheiro irritante que fazia seu nariz arder e seus olhos lacrimejar.

— Volto já, já — Passou pela caçula indo ao banheiro.

Lakisa sentou na cama da tailandesa mais velha. Contou seus dentes três vezes, até a irmã voltar.

O cheiro não tinha sumido totalmente, mas estava bem mais fraco.

— O que você quer, hm? — Sentou do lado da menor.

Lisa sorriu e abraçou a garota.

— Jennie me levou na terapia hoje.

— É, eu sei disso.

Boa notícia!

A irmã mais velhabufou baixinho e respirou fundo percebendo que Lalisa realmente tinha regredido nas falas novamente.

— Eu queria que voltasse a conversar comigo, você estava indo tão bem!

A tailandesa suspirou e deitou a cabeça sobre o peito da irmã.

Boa notícia!

Para Lalisa, Minnie ainda não parecia feliz.

Continuava triste.

Lisa não sabia como ajudar a irmã. Fez um biquinho apertou mais ainda a mais velha em seus braços.

— O que foi, amorzinho? Tá tudo bem?

A mais nova levantou da cama, puxando a irmã pela mão. Colocou-a sentada do seu lado em frente ao piano.

— Você quer que eu toque para você?

Quando ela tocou as teclas, recebeu um tapa nas mãos. Suspirou e esperou um pouco.

Lisa tocou Everytihng Stays. Sabia que a
maior amava aquela música. Olhava algumas vezes para o sorrisinho da irmã, estava dando certo.

— Legal... Você aprendeu uma música que eu gosto — Deu um beijinho na cabeça da mais nova. — Sua fofa.

Nicha levantou e foi beber água. Lalisa à seguiu e abraçou-a por trás.

— Lalisa Manobal me abraçou mais de duas vezes no mesmo dia... — Brincou. — O que aconteceu, hein?

Lisa não respondeu, fazia uns dias que tinha voltado a apenas repetir as coisas sem dialogar.

Minnie suspirou. Segurou a mão da caçula, sendo levada de volta para o quarto.

A mais nova pegou uma caixa de giz e pareceu pensar por um momento. Sorriu e entregou para a irmã.

— Pra mim? — Lalisa assentiu. — Amor... Não precisa, essa é a sua favorita.

E realmente era, só tinha gizes na cor branca, que era a cor favorita de Lisa. Mas, no momento, queria deixar a maior feliz.

— Não... Não posso aceitar. É sua.

Lalisa colocou a caixa no colo de Minnie e se sentou ao seu lado.

— Tá ok... Obrigada, então. — Sorriu ladino. — Você é fofa demais... Vou guardar com todo meu coração!

Lalisa já não prestava mais atenção na irmã que foi até o guarda-roupa. Abriu o seu lado e guardou o presente com cuidado.

— Vou no banheiro, volto já. — Disse, saindo do quarto.

Olhou para o lado e viu uma pequena caixa embaixo do travesseiro. Dava para ver uma ponta azul saindo para fora.

Curiosa, puxou o objeto e fez uma careta. Era um maço de cigarro.

Ele estava quase vazio, só restava quatro cigarros. Olhou para o cinzeiro e contou quantos tocos tinham. Mal conseguiu contar.

— Lalisa! — Disse alto.

A tailandesa assustou-se e se encolheu tampando os ouvidos.

— Solta isso, solta logo! — Puxou a caixa.

Lisa ficou com os olhos marejados e abraçou suas pernas.

Nicha suspirou e sentou do lado da caçula e passou a mão pelas costas da mesma.

— Ah, Lali... Desculpa. É que um maço é caro! Não precisa chorar. Me perdoa.

Lalisa não queria contato, se debateu até tirar as mãos da irmã de suas costas.
A mais velha os olhos sentindo o peso da culpa atingir suas costas.

— Me perdoa, fui impulsiva. Eu só não queria que você fizesse a mesma besteira que eu, quando te vi com ele na mão... Fiquei
desespe-

— Solta isso! Solta isso!

Minatozaki franziu o cenho e mordeu os lábios nervosa vendo a irmã apontar para a caixa em suas mãos várias vezes.

— Eu já soltei Lisa! — Tentou tocar a irmã para acalma-la mas levou uma mordida no braço em reposta.

A tailandesa mordeu os lábios, segurando-se para não chorar também. Não imaginava que Lalisa ia ter uma crise por conta das caixas de cigarros e ultimamente tudo estava muito instável em seu autismo.

Deitou ao lado da menor, tentando acalma-lá e convencê-la de que não pegaria mais a caixa. Mas não conseguia, as duas choravam, como queria acalmar Lisa se estava tão nervosa quanto ela?

A tailandesa balancou seu corpo, desesperada só em pensar na possibilidade da irmã continuar fumando.

Minnie abraçou a caçula, engolindo o próprio choro. Apertava o corpo trêmulo e inquieto, fazia um cafuné na menor, tentando ignorar todas as vezes que Lisa repetia "Solta isso".

— Juro que vou tentar parar, por você neném.

Crayons | JenlisaOnde histórias criam vida. Descubra agora