eu não quero voltar pra lá nunca mais.

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ANTHONY LARUSSO

PASSARAM-SE HORAS e eu ainda estou no carro, com Miguel e Robin. Carmen preferiu ficar.

Eles são dois idiotas, brigam por tudo. Mas são engraçados. Não tem nada melhor do que uma companhia como a dos Díaz.

Está quase escurecendo, e eu estou cada vez mais preocupado com MacKenzie. Pelo o pouco que eu já sei desse cara, posso falar que ele é uma má pessoa. E graças à Deus, Mack é alguém totalmente diferente dele.

De repente, avistamos uma pessoa cair no meio da rua. Parecia uma garota, ela gritava por ajuda. Ela levantou cambaleando, e aproximou-se da luz do carro. Foi quando pude vê-la melhor... Espera, MACKENZIE!?

— MACK! — Gritei, saindo do carro.

Corri até ela, que chorava e estava com os braços abertos em minha direção, como um sinal para que eu a abraçasse.

Praticamente pulei em seus braços, e foi aí que ela desabou. Começou a chorar escandalosamente, enquanto eu acariciava seus longos cabelos.

— Foi horrível, Thony. Eu não quero voltar pra lá nunca mais. — Disse, com a voz embargada.

— Shh, eu estou aqui. Você não vai mais voltar, estamos aqui. Vai ficar tudo bem, vamos te levar para a casa. — Sussurro em seu ouvido.

— Só com o seu abraço, já me sinto em casa. — Ela sussurra de volta, deitando a cabeça em meu ombro.

Miguel e Robin pegam as malas da garota, que estavam largadas na rua pelo tombo. Colocaram no porta-malas, e com isso, voltamos.

MACKENZIE DÍAZ

PASSAMOS A tarde toda assistindo, dançando, comendo. Ele realmente é uma boa pessoa. Será que Carmen, Miguel e Robin mentiram sobre ele esse tempo todo?

— Eaí, Mack. Tá namorando? — Perguntou, acomodando-se no sofá.

— Eu to. Anthony, lembra dele? — Sei que "terminamos tudo" no dia vinte e cinco, mas vale a pena sonhar, né? E meu pai não tem que saber de nada disso.

— Oh, como eu lembro. Vocês dois viviam brigando, o que aconteceu? — Pergunta, curioso.

— Sei lá. Não sei explicar direito, mas nossa história sempre foi caótica e bagunçada. — Ri para o nada, enquanto falava. — Fingíamos que nos odiávamos, porquê preferíamos morrer do que aceitar a verdade.

— Que verdade?

— De que, na verdade, nós sempre nos importávamos um com o outro. Sempre fomos nossa melhor companhia, e saber disso, nos dava raiva. Então, implicar era bem melhor do que falar um "eu te amo". Até que crescemos, e percebemos que não há nada demais em amar. — Terminei, sorrindo feito uma boba. Saudades do meu menino.

— Você está tão... Madura. — Disse, orgulhoso. Eu acho?

— Valeu, pai. — Sorri.

— Bom, eu vou pegar mais guaraná, você quer?

— Não, to de boa.

Mais tarde, decidimos jogar Uno, e como a ótima jogadora que eu sou, ganhei de lavada.

Já está anoitecendo, tínhamos acabado de assistir meu filme favorito. Enrolados. E claro que me lembrei de Anthony. Meu pai foi tomar banho, então continuei na sala, procurando alguma série legal.

— FILHA! — Ele gritou do seu quarto.

— O QUÊ? — Respondi, da sala.

— EU ESQUECI MEU CELULAR! PODE TRAZER ELE PRA MIM, POR FAVOR?

— CLARO. VOU PROCURAR AQUI.

Foi fácil. Estava ao lado da TV. Peguei, enquanto já subia as escadas, mas uma notificação do Twitter me chamou à atenção. O celular dele é sem senha, e eu sei que não devia, mas foda-se.

TW: pedofilia!!!

Abri, e tive que me segurar para não colocar para fora todo o meu almoço. Era uma conversa nojenta e doentia com uma garota. Entrei no perfil dela, e me assustei. Ela tinha a minha idade?

Fui nos curtidos do meu pai, e meus olhos começaram a lacrimejar, enquanto eu começava a tremer. Que porra é essa!?

Nas mensagens dele, haviam diversas garotas como a primeira. Não aguentando mais aquilo, desci as escadas e bloqueei o celular, colocando atrás da TV. Senti um nó se formar em minha garganta. Engulo em seco, puxo o ar, mas nada faz essa merda de nó se desfazer. Minhas mãos tremem muito, eu não sei o que fazer, estou com tanto medo!

De repente, sinto toda a comida dentro de mim voltar, e acabo vomitando no tapete. Eu preciso sair daqui!

Pego minhas malas, que ainda estão na sala e vou em direção a porta.

— FILHA? ACHOU O CELULAR? — Ele gritou, e eu pulei de susto, me arrepiando por completo.

— AINDA NÃO. — Digo apenas isso, antes de sair de fininho da casa.

Do lado de fora, eu seguro as malas com força e corro com toda a minha vontade. As ruas, escuras e desertas me dão medo, mas nada me deu mais medo do que ouvir sua voz, depois de tudo o que eu li.

As lágrimas saem de meus olhos, e vão parar no meu pescoço. Eu não consigo conter o medo, a angústia, a decepção, o nojo. Eu preciso ir pra casa!

Acabo tropeçando no cordão de uma das malas e caio no meio da rua, bem na hora em que um carro passava.

O carro parou. Eu me levantei, e reconheci pela placa. É o Miguel! Chego mais perto do veículo, e ouço alguém gritar meu nome. Anthony? A pessoa sai do carro e vem até mim. Anthony!

Um alívio enorme surgiu em mim, ao sentir os braços de Thony rodearem minha cintura. Eu nunca mais vou fugir, nunca mais vou sair do lado de quem eu amo.

i knew you were trouble | anthony larusso!Onde histórias criam vida. Descubra agora