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Minatozaki Sana

Eu sabia que ela não estava lá, mesmo assim, verifiquei cada centímetro do apartamento.

Quando olhei em sua cômoda e no closet, a maioria das roupas novas que eu comprara para ela permaneceu, mas algumas haviam sido levadas. Suas duas caixas ainda não desempacotadas estavam no closet, alguns de seus produtos estavam no banheiro, mas a mala havia sumido.

Eu me lembrei de ter ouvido gavetas se abrindo e fechando na noite anterior. O que achei que fosse ela organizando e mudando as coisas de lugar, na verdade, era ela se preparando para ir embora.

Sentei-me na beirada de sua cama com a cabeça nas mãos.

Por quê?

Por que ela dormiria comigo quando sabia que iria embora?

Por que ela iria embora?

Xinguei baixinho — a resposta estava óbvia. Eubin estava morta. Ela não tinha mais de sustentá-la, o que significava que não precisava mais fingir estar apaixonada por mim.

Eu pensei que estivéssemos nos dando bem. Eu tinha certeza de que ela estava sentindo algo.

Por que não tinha conversado comigo?

Dei uma risada amarga no quarto vazio.

É claro que ela não viria conversar comigo. Quando, em algum dia, disse para ela que poderia fazê-lo? Havíamos nos tornado inimigas amigáveis, unidas por um objetivo comum. Agora esse objetivo tinha mudado para ela. Eu poderia ter planejado conversar com ela, mas não fazia ideia de como. Eu ainda não conseguia organizar meus pensamentos; no quanto meus sentimentos tinham mudado.

A pergunta que eu ficava gritando na minha mente, aquela que não fazia sentido era: Por que ela dormiu comigo?

O ar em meus pulmões se transformou em gelo quando as lembranças da noite anterior passaram por minha mente.

Segurei minha nuca, em pânico.

Ela tinha sumido. Eu não fazia ideia de onde ela estava, não fazia ideia se estava bem.

Corri para o escritório, minha ansiedade agora maior do que nunca, e liguei o notebook. Pesquisei rapidamente o histórico, pensando se ela o tivesse usado para reservar um voo ou uma passagem de trem, mas não encontrei nada.

Verifiquei nossas contas bancárias, recostando-me admirada quando vi que ela tinha sacado pouco dinheiro no dia anterior. Lembrei-me da caminhada que ela fez durante a tarde e como insistiu em ir sozinha. Ela foi ao banco e sacou ou transferiu o dinheiro. Tudo o que ela pegou foram dois meses de “salário”. Conforme fui olhando a conta dela, percebi que, além das despesas com a Eubin, ela não tocou em um centavo do dinheiro. Não gastou nada consigo mesma. Não pagou nada para seu futuro.

Eu estava mais confusa do que nunca.

Ela não queria meu dinheiro.

Não me queria.

O que ela queria?

Tamborilei os dedos de forma impaciente na mesa. Ela deixara suas chaves e o cartão, o que significava que não poderia entrar no prédio ou no apartamento. Eu sabia que ela iria, alguma hora, entrar em contato comigo para pedir as caixas que deixou para trás, e eu insistiria em vê-la primeiro.

Meu olhar se desviou para a prateleira do escritório, e percebi que as cinzas de Eubin haviam sumido. Aonde quer que ela tivesse ido, ela as havia levado junto, mas eu a conhecia bem o suficiente para saber que ela iria querer suas fotos e os conteúdos das fotos lá em cima; elas continham itens sentimentais — coisas que ela achava importante.

O Contrato 🖇️ SaTzuWhere stories live. Discover now