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Minatozaki Sana

Olhei pela janela observando a propriedade enorme. Lembranças de levar Tzuyu ali no primeiro dia passaram por minha mente. Como nós estávamos nervosas e ansiosas. Como ela interpretou bem seu papel.

Meu olhar varreu o deque. Ao lembrar-me de nosso jantar de casamento, meu peito se apertou. Ela estava tão linda, parecia tão certo estar em meus braços quando dançamos. Aquele dia, que não deveria ter sido nada além de uma parte do plano, foi feliz.

Eu já a amava ali?

— Sana. — Virei-me para encarar Lisa. Ela segurava uma xícara fumegante de café. — Achei que poderia querer.

Peguei a xícara assentindo em silêncio e me virei de volta para a janela. Meus pensamentos estavam atrapalhados e confusos. Não fazia ideia de como começar aquela conversa, mas sabia que tinha de fazê-lo. Precisava esclarecer tudo, depois pensar no próximo passo.

Enchendo o pulmão de ar, virei-me para Lisa de novo. Ela estava apoiada em sua mesa, com os pés cruzados, bebendo seu café. Estava em seu estado normal e calmo, mas, ainda assim, sua expressão era intensa.

— Não sei por onde começar — admiti.

— O começo geralmente é o melhor.

Eu não tinha certeza de qual era o começo naquele momento.

O motivo verdadeiro de eu ter saído da Kim Inc.?

O acordo que fiz com Tzuyu?

As centenas de mentiras e invenções que seguiram?

— Por que Tzuyu te deixou, Sana?

Dei de ombros, sentindo-me inútil.

— Não sei. Talvez porque ela não soubesse como eu realmente me sentia em relação a ela.

— Que é como exatamente?

— Eu a amo.

— Sua esposa não sabia que você a amava?

— Não.

— Acho que você encontrou seu começo.

Assenti sombriamente, sabendo que ela estava correta.

— Eu menti para você.

— Qual parte?

Sentei-me, colocando a xícara de café na mesa. Se eu ficasse segurando-a, iria quebrá-la com meu punho cerrado ou jogaria tudo, o café e ela, na parede. Nenhuma das opções caía bem em uma conversa civilizada — não que fosse ser uma.

— Tudo. Foi tudo uma mentira.

Lisa se sentou à minha frente, cruzando as pernas. Ela passou o dedo no vinco de suas calças, então olhou para cima.

— Você mentiu para mim para conseguir o emprego?

— Sim.

— Me diga por quê.

— Fui passada para trás para ser sócia, e queria irritar Taeyeon. Queria sair, mas queria ficar aqui, em Busan. Eu gosto daqui. Ouvi sobre a abertura da vaga na sua empresa e queria entrar. — Além da pequena inclinação de seu queixo, ela não disse nada. — Eu sabia que você nunca me contrataria. Eu sabia como administrava seu negócio com rédea curta. Minha reputação era menos que estelar, no quesito pessoal. — Dei risada. — Não importava o que eu poderia trazer no âmbito profissional, porque meu estilo de vida e minha personalidade a impediriam até de pensar em mim.

— Isso é verdade.

— Tive uma ideia de que, se você pensasse que eu não fosse aquela pessoa, talvez eu tivesse uma chance.

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