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Carla

Hoje eu volto finalmente a trabalhar fora de casa, não me entendam mal, eu amo a minha família, amo cuidar dos meus filhos, amo viver em função deles, mas de uns meses para cá eu tenho sentido falta das gravações, dos eventos, de estar cercada de pessoas do meu meio, de poder me doar também para o meu trabalho. Mesmo assim eu resisti bastante quando disseram que eu teria que viajar pra São Paulo e ficar no mínimo três dias por aqui. Eu chorei, só de pensar que não ia amamentar meus gêmeos esses dias, não ia dormir na minha conchinha com meu marido e não ia acordar com una garotinha batendo na minha porta e dizendo que já era hora de acordar.

A: não chora mais meu amor! (Ele beija minha testa e me abraça)
Ca: eu tô sensível, acho que esse negócio de ficar 3 dias longe de vocês não vai funcionar! (Respiro fundo e vejo meus pequenos correndo ao meu encontro e se agarrarem em minhas pernas)
L: mami! Uca qué tetê! (Ele ergue os bracinhos e meu coração aperta)
Cl: mama, mama, qué colim, nenê qué colim!
Ca: ah lindo, eu acho que não vou não! (Ele sorri e pega a Clara no colo, enquanto eu pego o Lucas)
A: você vai sim amor, nós ficaremos bem e ansiosos pra te ver de novo na sexta. (Ele me dá um selinho) agora vamos pro aeroporto porque senão você se atrasa! (Ele me olha e depois olha pro Lucas que está agarrado ao meu peito sem nenhuma intenção de largar)
Ca: pronto meu amor, agora a mamãe tem que ir, mas assim que a mamãe voltar eu deixo você mamar um tempão tá bom?
L: Uca mamá, bom! (Ele enxuga os olhinhos e sorri)
Ca: eu amo tanto vocês! (Deixo um selinho no Arthur)

Saio de casa ainda com meu coração na mão, vou o tempo todo com minha mão entrelaçada a de Arthur, ele me deixa no aeroporto, se despede com vários beijos, porque eu não queria largar ele, até que fico em cima da hora e preciso correr, então embarco a contragosto, mas embarco. Chego em São Paulo e vou direto pro hotel, o renaissense sempre foi como uma casa pra mim, então por aqui sempre me sinto bem, resolvo dormir um pouco depois de mandar mensagem pro meu marido avisando que cheguei e me certificando que estava tudo bem com meus filhos.

Tenho um evento hoje a noite, um coquetel com alguns autores e diretores da Netflix, preciso avaliar melhor uma proposta pra atuar em uma série, mas ela vai se passar aqui em São Paulo e será gravada em seis meses, ainda não falei sobre isso com o Arthur e nem sei como faremos isso, se eu acabr aceitando. Mas ainda sim vim ao evento, bebi um pouco, nada demais, conversei com vários amigos e colegas de profissão, voltei pro hotel e estou deitada, quando escuto meu celular tocar anunciando uma ligação do meu amor.

Ligação on

A: oi meu amor!
Ca: oi minha vida! (Percebo que ele está diferente, cansado) tudo bem?
A: tudo sim linda, a Clarice tá um pouco enjoadadinha, foi bem difícil colocar ela pra dormir hoje, mas tá tudo bem.
Ca: enjoada como? Tá tudo bem mesmo? (Me sento na cama e deixo escapar o lençol que me me cobria e o vejo sorrir)
A: que visão perfeita!
Ca: seu bobo! (Me cubro de volta, porque eu estou sem roupa e conhecendo meu marido ele não vai se concentrar e eu tô preocupada demais com minha filha) agora me diz, o que minha filha tem?
A: o mesmo que o pai dela, saudade da mãe! Ela queria que você fosse dar o beijo de boa noite.
Ca: hum, só isso? Tem certeza?
A: tenho minha vida, a gente tá morrendo de saudade de você!
Ca: aí lindo, eu também tô! Essa cama é grande demais só pra mim (vejo ele sorrindo e sorrio junto)
A: é a nossa cama também fica enorme sem você aqui, mas olhe aqui minha conchinha de hoje (Ele virá o celular para a cama e vejo nossos três anjinhos deitados um do lado do outro)
Ca: aiiii que saudade de vocês! (Choramingo)

Ligação off

Ficamos um tempinho conversando ainda, até que eu caio no sono. Acordo no outro procurando pela mão de Arthur em minha cintura e só depois de alguns minutos é que me lembro que ele não está aqui, meu coração aperta de saudade, mas graças a Deus já vou embora amanhã de manhã. Então levanto e corro pra fazer tudo que eu tinha pra fazer nesse dia, que por acaso foi ainda mais desgastante que ontem.

A noite, depois de tomar meu banho e estar deitada, ligo pra Arthur, mas ele não atende, ligo um, duas, três vezes e nada, me jogo na cama frustrada e resolvo dormir. Assim que fecho os olhos meu celular toca, meu marido ligando, atendo no segundo toque.

Ligação on

Ca: onde você tava? (Soou mais brava do que eu realmente estava)
A: tentando acalmar uma ferinha, que não faz birra, mas hoje resolveu não querer nada.
Ca: quem foi?
A: a Clarice, os gêmeos já estão dormindo!
Ca: deixa eu falar com ela!
A: eu acho que vai ser pior linda! Ela não para de pedir você. (Ele sorri, um sorrisinho fraco)
Ca: deixa eu falar com minha filha amor! (Ele vira o celular pra ela, que estava emburrada sobre a cama) filha, o que você tem amor? Por que essa carinha tão feia?
C: puque a mamãe num tá aqui, a Clarice que domi de conchinha com a mamãe! (O olhinho lacrimejando)
Ca: oh meu amor, a mamãe também tá morrendo de saudade e quer muito dormir com vocês, amanhã a mamãe faz isso tá bom?
C: não mamãe, a Clarice que a mamãe agora (e começa o chororo)
Ca: vida da mamãe, se acalma, eu sei que você tá sentindo falta da mamãe, porque a mamãe também tá sentindo muita falta de você, mas a mamãe promete que vai te encher de beijos e de colo amanhã, tá bom? A mamãe veio trabalhar, mas logo a mamãe tá de volta! (Solto beijos pra ela e ela sorri)
C: amanhã pode ser dia de Clarice só com a mamãe? (Arthur se faz de ofendido)
A: nossaaaa, minha filha não me ama!
C: não papai bobo, eu só tô com saudade da mamãe! (Ele aconchega ela)
Ca: amanhã a mamãe vai ser todinha sua meu amor, depois que você chegar da escolinha a gente faz o seu dia comigo, tá bom?
C: tá bom mamãe!
Ca: agora vai dormir com seu papai! Eu te amo minha pequenininha!
C: eu te amo muito mais mamãe! (Solta beijinhos no ar) boa noite vida, beijo nessa sua boca gostosa, te amo!
A: eu também te amo meu amor! Ansioso pelos beijos de amanhã!

Ligação off

Desligo e vou dormir com a certeza de que amanhã terei meus amores comigo e isso faz tudo valer a pena. A verdade é que é muito difícil ser mãe e escolher trabalhar fora de casa, o coração não fica em paz, mesmo você sabendo que os pequenos estão bem, sendo cuidados, com o pai deles, a saudade só aumenta, a vontade de largar tudo e correr pra eles é enorme, mas eu amo o meu trabalho também, eu amo fazer o que eu faço e sei que isso será recompensado, quando meus filhos crescerem vão poder ver o quanto a mamãe batalhou e é tudo por eles.














Oie, voltei babys

Comentem, senti falta de vocês nos comentários, vocês reclamam dos caos, mas eles acontecem porque são eles que fazem vocês comentarem... então se não quiserem caos comentem nos capítulos fofos também.

Aproveitem!

ClariceOnde histórias criam vida. Descubra agora