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63. Histórias de família

Seokjin não podia ter imaginado uma viagem melhor em família. Ele realmente havia sentido falta do clima agradável e aconchegante de ter uma família e o fato dos pais de Namjoon terem o acolhido tão bem fazia seu coração palpitar.

– Está certo assim, eomeonim? – Perguntou à sogra enquanto cortava os legumes para colocarem na grelha.

– Oh sim. Está ótimo. Você é muito habilidoso na cozinha, Jin-ah. – Sorriu para ele. – É uma sorte, porque o Namjoon é igual ao pai, se machuca até mesmo com o macarrão instantâneo. – Riram juntos.

– Gosto de cozinhar para ele. – Confessou.

– Eu sei, ele me disse que você sempre faz o jantar e sempre pergunta se ele quer comer algo diferente.

– Ele disse? – Perguntou surpreso. – Ele fala sobre mim?

– O tempo todo. – Riu nasalado e o encarou. – Namjoon verdadeiramente te ama, Jin.

– E-eu o amo também. – Falou em um misto de vergonha e emoção. – Eomeonim, obrigado por ter me aceitado mesmo que tudo tenha acontecido tão rápido. Sei que não deve ser fácil, que você não deve ter sonhado em ver seu filho se casar com um beta, ainda mais um desconhecido. Sei que, por aqui, as famílias costumam se conhecer para que os filhos casem e, de repente, eu apareço grávido do seu filho. Mas eu não planejei nada disso, eu juro. Eu nem sabia que podia engravidar, na verdade. Aconteceu tudo muito rápido e muito cedo, eu sei, mas eu prometo que vou me dedicar para cuidar do Nam e nunca deixar faltar nada, eu prometo que vou me esforçar a vida inteira para merecer o seu filho e vou aprender a ser um bom pai. – Desabafou com os olhos marejados.

– Jin, eu aprendi muitas coisas nessa vida e uma delas é que não mandamos no nosso coração e que nossos filhos não são uma extensão de nós, eles são seres autônomos, que merecem viver como escolherem viver. Eu amo o filho do dono de uma barraca de peixe, um homem honrado que vivia da pesca e sustentava sua família, além de pagar o estudo do filho. Donghae não era o que o meu pai queria para mim, mas era o que eu queria e eu me casei com ele e o vi se provar para o meu pai, que investiu na ideia dele e isso nos trouxe até aqui. Então eu nunca diria aos meus filhos que não aprovo um relacionamento deles. Namjoon e Kyungmin são livres para amarem quem eles quiserem. Alfa, beta, ômega, macho ou fêmea, eu não me importo desde que sejam pessoas boas e façam meus filhos felizes. – Limpou a mão no guardanapo e se aproximou para tocar o rosto dele. – Você é uma pessoa boa e faz o meu filho feliz, é tudo o que importa para mim.

– Obrigado, eomeonim. – Chorou emocionado demais com as palavras. – Você não sabe o quanto isso é importante para mim. Aceitar que eu posso fazer o seu filho feliz foi um processo muito longo e, por vezes, doloroso. Às vezes eu fico pensando o que eu fiz para merecer alguém como ele. Namjoon é bom demais para mim.

– Você também faz bem a ele. Ele passou por uma decepção amorosa quando ainda era muito jovem e desde então buscava algo que nunca encontrava. Namjoon sempre disse que desejava um amor simples, carinhoso, companheiro, como o meu e do pai dele. E tudo o que ele encontrava eram pessoas mais preocupadas em tirar fotos e mostrar que estavam em um encontro com ele do que efetivamente curtir o encontro. Ou pessoas que logo no primeiro encontro perguntavam sobre o dinheiro da família, queriam juntar fortunas ou queriam um investidor. Ou então a pessoa simplesmente não tinha nada a ver com ele ou só queria uma aventura. Meu filho buscou por anos, Jin. – Ela suspirou.

– É difícil pensar que ele encontrou em mim. – Murmurou.

– Mas foi o que aconteceu. Uma noite ele me ligou chorando e me falou que havia encontrado alguém que fazia com que ele se sentisse leve, alguém que cuidou quando ele precisou, alguém que o fazia rir, que tinha uma visão de mundo muito simples e muito cativante, falou que era alguém que estava interessado em ouvir suas histórias de viagem, sobre outras culturas, alguém que, mesmo em uma festa cheia de gente rica, só se preocupava em comer todos os pratos gostosos que eram servidos. – O beta corou, mas a ômega riu. – Mas ele também disse que essa pessoa parecia machucada e que tinha o afastado, mesmo que ele tivesse certeza que ela sentia o mesmo. Essa pessoa é você, Jin.