終わり

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 Eu fiz um planejamento de ser de 1944 a 46 e era um ciclo até chegar a esse ponto. Depois disso, eu não teria mais o que escrever. Na verdade, eu teria, mas eu teria que fazer outra fic porque eu planejei desde o início terminar em 1946. Mas eu duvido que eu consiga fazer um final assim em outra fic. Eu comecei ela já sabendo quando terminaria e como terminaria. A Sam é a feministona da história. A Mon ainda tinha certa prisão. A Sam liberta ela dessas amarras. Eu sempre dou a personalidade com mais camadas pra Sam. A Sam é meu neném. Eu olho pra Freen e digo, faz isso aí. Aqui, eu fiz ela sempre calma e colocava nos detalhes quem ela era. O sorriso, a raiva, a calma. Ela sempre soube o que era dela. Obrigada a quem ficou até aqui. Obrigada a todos os views, curtidas e comentários. Tentei meu melhor pra fazer uma fic redonda. Espero ter conseguido. Uma flor pra cada. Espero que as les japa se sintam representadas. Elas que são tão apagadas no nosso país. Fiz altas pesquisas. Fuiz...


Após a morte de senhor Hamada, senhora Yha colocou minha família e eu no meio da rua. Sam tentou impedir, mas não teve o que fazer. Yha é a mulher do homem. Sam me disse que iria me buscar, mas não acredito nisso. Nós conseguimos emprego na fazenda vizinha porque tiveram consideração por termos crianças e nonno tinha amizade com o dono que é um italiano que sempre pedia para meu avô ir trabalhar lá, mas nonno não queria ser ingrato com senhor Hamada. Nonno conversou com ele e ele deu emprego para todos nós. Mas agora vivemos em uma casa todos juntos e ficamos apertados.
Não sabemos onde meu pai foi parar. Ele fugiu e temos trabalhado demais pra saber qualquer notícia de fora. Se as coisas eram ruins lá na fazenda do Senhor Hamada, aqui é muito pior. Já vai fazer uma semana que estamos aqui e tudo é muito difícil. Não estou reclamando. Tenho um teto sobre a cabeça dos meus filhos, mas o trabalho é muito e o salário é pouco. O homem disse que não tinha dinheiro para pagar todos, mas se todos queriam um teto teriam que trabalhar.
As coisas são mais difíceis porque Jim está quase nos últimos momentos da gravidez e ela fica cuidando dos três nossos. Eu estou trabalhando na roça e, mesmo que não consiga render porque nunca trabalhei nisso, preciso trabalhar mesmo assim. O senhor Vincenzo disse que não tem trabalho pra mim na casa.
Mal temos tido o que comer. O dinheiro é pouco e são muitas bocas para alimentar. Ando dando o peito para meus dois filhos terem o que comer. Sora não come mais comida como antes comia. A comida que iria pra ele está vindo para mim. Eu também ando dando leite para o filho da Jim. Sorte que tenho bastante leite e até vaza. Assim eles não ficam sem comer.
Nop anda querendo sair e procurar emprego fora, mas se ele for vai ter que levar a Jim quase parindo. Ele sabe que aqui não tem condições para se criar filhos. Eu não tenho o que fazer. Eu só tenho isso. Mamma também não tem o que fazer. Nonno e nonna já são idosos e velhos não arrumam emprego.

=/=

Já faz um mês que estamos nessa fazenda. Jim acabou de ter o bebê e tudo está sendo muito difícil para ela. Eu não posso ajudar e logo minha gravidez já vai estar mais difícil. O senhor Vincenzo já disse que assim que eu tiver pra ter o bebê é para Jim trabalhar no meu lugar. Imagina só eu com dois bebês recém nascidos e mais três bebês. Mas ele não quer saber. Só deixa uma de nós sem trabalhar, o que está deixando Nop cada dia mais nervoso. Jim tem sorte de ter um marido para tentar cuidar dela. Eu não tenho mais ninguém por mim.
Chego em casa de mais um dia terrível de trabalho. Sento no colchão no chão com meus filhos. E escuto nonna dizendo que hoje o senhor Vincenzo disse para ela ficar na barraca na feira da cidade e ela viu a senhora Tamashiro que trabalha na fazenda Hamada. Ela disse que as coisas mudaram na fazenda no último mês. Ninguém sabia onde nós estamos e que agora senhora Samanun é a nova dona da fazenda. Eu acordo ao ouvir o nome de Sam...
- Senhora Yha e as filhas do senhor Hamada partiram. Senhora Samanun colocou elas para fora. - Eu fico sem acreditar no que escuto.
- Ela colocou as filhas e a mulher do morto para fora? Ela não tem coração? E como ela ficou com tudo? - Mamma pergunta sem acreditar.
- Pelo que eu entendi, a herança toda foi deixada para o menino, o filho do senhor Kirk. E como ele ainda é bebê ela vai cuidar de tudo. - Ainda não acredito no que escuto.
- E ela foi e jogou as outras pra fora? - Mamma fica indignada.
- Ah, não sei... Eu sei que a menina filha do Hamada está lá e senhora Samanun está cuidando dela como filha. - Nonna dá de ombros.
- Quem vai entender essa senhora... - Mamma fica pensando e eu também passo a pensar.
Me deito para dormir, pois estou cansada demais e preciso acordar muito cedo para trabalhar na fazenda. Espero que Kawa durma bem essa noite porque estou cansada demais. Não vou aguentar ficar sem dormir todas as noites. Nem minha família vai aguentar ficar sem dormir porque o menino não dorme. Eu preciso descansar um pouco.
Não, ele não dormiu a noite toda e eu dormi só um pouco. Já fazia horas que eu estava acordada quando entreguei ele para Jim e saí para trabalhar. Peguei a inchada e comecei meu trabalho. Minha mão está cheia de calos. No início, encheu de bolhas. Mãos femininas até podem segurar uma inchada, mas não trabalhando de sol a sol como eu venho trabalhando.
As horas passam e eu me sento para comer minha marmita de arroz. Só arroz. É só isso que temos para comer. Nem feijão tem. Se algum dia eu reclamei do que a senhora Yha fornecia, eu reclamei de barriga cheia. Quando a gente está desesperada por emprego e para sustentar uma família, aceitamos empregos na pressa e é isso o que recebemos. Mas devo ser grata por ter um teto sobre a cabeça dos meus filhos. Mulheres mães sem maridos muitas vezes vivem nas ruas e são mal vistas, mesmo sendo viúvas. Ainda mais se são pobres. As ricas viúvas como Sam são bem vistas, mas as pobres são chamadas de putas.
- Kornkamon? - Escuto uma voz familiar e olho para cima, percebendo que é o homem que levou Sam e eu para São Paulo.
- Sim. - Eu fico sem entender o que ele faz aqui.
- Senhora Samanun me mandou te buscar junto com sua família. Já falei com senhor Vincenzo e ele vai receber uma recompensa por liberar vocês do trabalho. - O homem fala as palavras, mas eu acho que estou ouvindo música.
- Jura? - Eu sorrio porque minhas orações foram atendidas.
- Sim, venha. - Ele sorri e eu dou um pulo.
- Vamos todos nós? - Me dou conta que ele disse minha família também.
- Sim, todos. Eu vou levar a senhora e senhora Jim primeiro junto com os bebês e depois venho buscar o resto da sua família. - Ele explica e eu não consigo acreditar.
- Jim... - Eu entro em casa e ela está amamentando o bebezinho menor.
- O que faz aqui? - Ela estranha.
- Vamos, senhora Samanun mandou nos buscar. - Eu sorrio e começo a juntar as coisas.
- Que? - Ela parece achar que eu sou doida.
- Vamos... Eu vou chamar o moço pra ele ajudar a pegar nossas coisas. - Saio andando pra fora de casa e chamo o moço. - Me ajuda com as coisas?
- Pode deixar aí. Eu busco depois. - Ele parece estar com pressa.
- Quem é esse? - Jim olha desconfiada.
- É o motorista do senhor Hamada. Vamos, pega as crianças e vamos embora. - Eu pego meus filhos e saio andando.
- Não posso ir sem Nop. - Jim fica parada.
- Tudo bem, vai chamar ele e eu vou olhar as crianças. - Reviro os olhos e ela sai correndo depois de me entregar o bebezinho.
Uns dez minutos depois, ela aparece com Nop. Ele reconhece o motorista porque já viu ele na fazenda e convence ela a entrar no carro comigo. Nós duas vamos para a fazenda Hamada. Eu saio do carro com meus filhos e vejo Sam esperando na porta da fazenda sorrindo para mim. Eu sorrio, mas me seguro pra não correr para os braços dela porque, mesmo que não sejamos mais casadas, duas mulheres agirem assim em público não é aceito. Nosso amor é algo só nosso, mas ela me encontrou e me buscou como prometido. E ela buscou minha família também.

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