Eu estava no meio de uma frase quando parei de olhar para o teclado gelado e encarei a tela em minha frente, observando o Word aberto no meio de um capítulo do meu mais novo livro que sequer tinha um nome.
- Oi, amor - Eu ouvi uma voz grossa e tristonha vindo da porta, olhei para trás rapidamente e vi Henry com suas roupas confortáveis e meias, adequadas ao frio chuvoso de Londres que poderia ser facilmente comparado ao inverno em São Paulo.
- Acordou? Já passou das 17h - Eu voltei minha atenção a tela e senti meu ombro pesar quando Henry apoiou sua cabeça nele, senti sua barba roçar em meu rosto e meu cabelo rapisamente se juntou com o dele.
- Eu fiquei esperando você e você nunca apareceu - Ele disse cabisbaixo antes de pousar um beijo quente em meu pescoço frio - E eu preciso de um abraço - Ele continuou a dizer e me deu um abraço daqueles de urso enquanto eu ria e caia de amores ao mesmo tempo, bendito foi o dia em que eu derubei café em sua blusa sem querer quando nos conhecemos naquela pequena cafeteria em Yorkshire.
- Posso terminar isso e ir deitar com você? - Eu tentei fazer um trato, ele me soltou e acenou um ''não'' com a cabeça enquanto cruzava os braços na altura do peito, se eu contasse que ele era teimoso assim, ninguém acreditaria.
- Larga isso aí, quem liga pra trabalho? Trabalho não te faz carinho, eu faço... - Ele disse e deu uma pausa, lambeu os lábios antes de continuar a dizer - E eu também faço chá. - Ele concluiu seu discurso para me convencer a largar meu texto e ir deitar com ele.
- Me venceu na parte do chá - Eu disse mentindo e fechei a tela do meu notebook - Vamos.
- Chá? Você vai deitar comigo por causa do chá? Você se casou comigo por causa do chá? - Ele disse enquanto eu me levantava e ficávamos frente a frente - Eu me sinto ofendido! - Ele disse de modo dramático enquanto levava uma das mãos até seu coração.
- Eu te amo, Henry - Eu disse e apertei suas bochechas, sentindo seus pelos em minha pele sensível enquanto ele ria que nem um menino atrevido por me fazer desistir do trabalho e ir me deitar com ele.
- Eu te amo, (s/n) - Ele disse fazendo um beicinho com os lábios - Agora vamos que eu me sinto tão carente que dói.
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