Capítulo 12

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Pouca conversa no jantar, as quais são cheias de constrangimento. É como se tivesse retrocedido naqueles primeiros dias após a cerimônia de casamento. Vegas o acompanha até um quarto separado do apartamento. Pete está até feliz. Ele precisa ficar sozinho esta noite.

Quase.

O pirralho inquieto consegue entrar furtivamente quando o ômega ainda não caiu no sono.

— Macau — Vegas chama a salamandra com calma, mas ao mesmo tempo com severidade —, seria melhor se você deixasse Pete descansar. Venha comigo.

— Não precisa. — Pete balança a cabeça — Eu servi um pouco de água para ele e ele não me incomoda... então deixe-o passar a noite no meu quarto. Boa noite, Khun Vegas.

Os dois olham para Macau, que está se enterrando embaixo do cobertor.

— Boa noite, Pete. Descanse bem. Vamos dar outra caminhada na ilha amanhã. — o alfa diz.

— Sim.

Com um sorriso contido, Vegas inclina a cabeça e se retira para seu quarto. Pete observa e por um tempo, depois entra no quarto e fecha a porta atrás de si. Depois de tomar banho, ele fica sentado na beira da cama por um longo tempo. De repente ele se lembra daquela noite e do baile... e por algum motivo isso soa em sua cabeça: por que seu marido não mostrou a esse Kinn sua casa? Não naquela época... não quando ele apareceu sem ser convidado na propriedade deles. "É estranho. Vegas não parece ter medo dele... Mas por que ficou quieto da outra vez? É como se houvesse algo o segurando. Não com medo. Não." Pete tem certeza de que seu marido não tem medo de seu "amigo". Mas tem algo de errado aqui. "Talvez seja alguma palavra dita anteriormente ou outra coisa... por exemplo, um sentimento de culpa? Mas onde, quando e em que circunstâncias Vegas foi 'culpado' perante Kinn?"

Mais tarde, Pete cai num sono inquieto. Ele está deitado de lado, colocando a palma da mão sob a bochecha macia de maneira muito infantil. Macau volta a imita-lo.

E Vegas, que entrou silenciosamente no quarto, admira pensativamente as criaturas que dormem de lado há muito tempo... as criaturas mais queridas em seu coração. Quase a caminho de seu quarto de madrugada, ele não se contém e acaricia sem tocar os cabelos de Pete. Ao acordar, Macau abre um olho, "sorri" maliciosamente e volta a adormecer. Vegas endireita a ponta do cobertor sobre ele, suspirando tristemente.

O café da manhã foi silencioso. Depois, Vegas mostrou-lhe algumas das atrações da ilha. Eles visitam o Templo Vermelho, as Cachoeiras Namuang e simplesmente caminham apreciando a vista.

— Hum... você pode me esperar por cinco minutos? — Pete pergunta enquanto eles passavam por um mercado de rua.

Vegas acena com a cabeça e Macau, sentado em seu ombro, olha desconfiado para Pete. O ômega retorna nos cinco minutos prometidos, segurando uma pequena sacola na mão.

— Uma lembrança?

— Uh... eu mostro mais tarde, Khun Vegas.

— Tudo bem.

Eles jantam na varanda de um restaurante local. Na mesa ao lado ouviam-se risadas infantis: um jovem casal tira uma selfie com seus bebês gêmeos. Pete não deixa de reparar na tristeza nos olhos de Vegas quando olha para eles.

— Se você escolhesse um ômega saudável como marido, em um ou dois anos estaria tirando as mesmas fotos felizes. — Pete olha para baixo.

— Eu já falei tudo que queria.

— Mas isso não é verdade... você sabe, e sua pena de mim é ainda mais humilhante do que a censura à minha inferioridade.

— Por que está me contando isso, Pete? Alguma vez ousei humilhá-lo? Ou ofendi de outra forma?

Pete não tem nada a dizer. Durante todo esse tempo, Vegas não fez nada além de proteger e cuidar dele. E muitas vezes, como se passasse pelos olhos e ouvidos, ele perdia lampejos do caprichoso descontentamento de Pete. Mas ou ele se culpa sem censuras por não ser um verdadeiro marido para Vegas, ou um ressentimento tácito ferve nele pelo fato de que ontem suas palavras foram em vão para o alfa... em suma, Pete, com pausas, em um quebrado ritmo respiratório, diz:

— Sabe... eu imaginava minha vida de uma maneira completamente diferente. Desde a adolescência, eu sabia que estava fadado a viver sozinho. Até... — uma risada falsa soa aqui — eu até ia ter um gatinho para que houvesse pelo menos alguma criatura viva por perto. E então você aparece e... toda a minha ideia sobre o futuro desmorona. Sobre o futuro que eu pintei para mim mesmo. E eu te contei tantas coisas importantes ontem, mas você não ouviu nada.

Pete termina de falar e respira fundo. Seu olhar colide com os olhos de Vegas e congela: os cílios do alfa são como as pontas afiadas de uma faca. E atrás deles um redemoinho escuro e tempestuoso.

— Eu ouvi tudo, Pete. E entendi, acredite. — Vegas ajusta o punho da manga longa de sua camisa — Por favor... seja paciente. E você será recompensado. Eu prometo.

"Estou pronto para esperar. Se houver algo pelo que esperar."

"Quase pronto."

Naquela noite, depois de muito tempo acordado, Pete pega seu travesseiro, deixando o segundo sob o sono de Macau, e sai do quarto na ponta dos pés. Parando na porta de Vegas, ele não ousa bater. Mas a porta se abre do outro lado. Seu marido, usando pijama de seda com mangas compridas, apressadamente aperta alguns botões no peito. Dói para Pete que o alfa seja forçado a passar por tais inconveniências no tempo quente por causa dele.

— Você não consegue dormir? — a voz de Vegas soa tão calma e reconfortante.

Pete balança a cabeça, franzindo a testa, com uma sensação de culpa e esperança, olhando para o marido.

— Entre, por favor.

Pete não se senta imediatamente do outro lado da cama. Ele se senta, virando o corpo para ficar de frente para Vegas.

— Posso pegar sua mão?

Vegas, sentado na extremidade oposta, estende a mão para ele. Pete não aceita, mas segura seu pulso, que está escondido pela seda até a palma. Então, com a mão livre, Pete tira do bolso aquela mesma sacola, da qual logo aparecem duas pulseiras. Jóias em tom prateado, e dentro de cada pulseira há um boto cor-de-rosa. Pete coloca um no pulso do marido e o outro no seu.

Vegas parece sem palavras. Pete interpreta esse silêncio à sua maneira:

— Bem... claro que são bijuterias. Você está acostumado com jóias caras. Mas elas me pareceram lindas e tocantes. E na verdade, eu queria ter algo para nós dois lembrarmos dessa viagem.

— São muito lindas, Pete. — Vegas acaricia o presente — Eu simplesmente não esperava isso. Obrigado.

Pete sorri, coloca um travesseiro ao lado de outro do seu lado, e ok, o pirralho não vai aguentar passar a noite sozinho de qualquer maneira, ele vai chegar no meio da noite, e se deitar.

Eles estão de frente um para o outro, mas distantes o suficiente.

— Você não precisa se agasalhar assim no calor. Vista roupas leves... se o problema estiver em mim, não se preocupe. Não há mais razão para isso.

— Estou confortável, Pete. Mas obrigado pela sua preocupação. É muito agradável para mim.

Sim. Pete prometeu a si mesmo que estava pronto para esperar. Mas a voz de Vegas esta noite é tão suave, o olhar é tão carinhoso, e o cheiro do seu alfa é tão especial que não desperta desejo, mas acalma e o deixa se sentir seguro. Tudo isso junto torna Pete muito corajoso. Ele toca a pele áspera da bochecha do alfa com as pontas dos dedos, fazendo-o estremecer, mas Vegas não foge do toque. E então dos lábios do ômega escapa um baixo, porém confiante:

— Me beija.

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[n/t: finalmente vai rolar beijo irrá]


When June Kissed December - [vegaspete]Donde viven las historias. Descúbrelo ahora