Dilúvio

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Jeffrey

Hoje é um daqueles dias intermináveis no set. Estamos em plena gravação de uma cena intensa e cheia de ação, e não vejo a hora de uma pausa. Mas quando os takes terminam, meus olhos não podem evitar de se desviar na direção de Amélia.

Ela está ocupada com sua câmera, fazendo ajustes e coordenando a equipe de filmagem junto ao diretor. É difícil não notar sua determinação e profissionalismo, mas é também a sua beleza que chama minha atenção. Seus olhos, por vezes sérios, por vezes cheios de foco, são cativantes. E quando ela sorri, é como se um raio de sol iluminasse o set.

Norman, não é bobo e percebe meus olhares. Ele se aproxima com um sorriso travesso.

— Jeff, você está prestando mais atenção na nossa nova diretora de fotografia do que nas gravações.

Dou de ombros com um sorriso sarcástico.

— Ora, Norman, quem pode me culpar? Amélia é um espetáculo à parte.

Norman ri e cutuca meu ombro.

— Tente não babar no chão do set por favor, não quero escorregar.

— Vamos admitir que para Amélia o adjetivo gostosa é pouco. Ela é incrível. — Faço um gesto teatral o fazendo rir.

A verdade é que estou fascinado por ela, não apenas por sua beleza, mas também por sua personalidade intrigante. A maneira como ela enfrenta os desafios no set e ri das adversidades é cativante. A cada pausa, nossos olhares se cruzam, e eu me pego desejando conhecê-la melhor, além das superficialidades do set.

Quebra de Tempo

Estou no meu trailer, lendo o script e me preparando mentalmente para entrar em cena como Negan enquanto outras cenas eram gravadas. A cortina que separa uma parte do trailer do resto do espaço me proporciona um pouco de privacidade e paz antes da agitação no set. Eu já estava habituado a esse ritual de concentração.

No entanto, meu mundo tranquilo é abruptamente interrompido quando ouço a porta do trailer se abrir. Duas vozes preenchem o espaço, e meu coração dispara quando reconheço a voz de Amélia, suave e insegura, acompanhada por um homem cujo tom é muito mais dominador.

— Amélia, há quanto tempo a gente não se diverte? — a voz masculina diz, carregada de insinuação.

— Chris, isso não é apropriado. Você sabe que eu estou trabalhando. — Amélia soa nervosa.

Eu não posso evitar prestar atenção na conversa, mesmo que isso pareça errado. A curiosidade se apodera de mim afinal eles estão no meu trailer, eu me aproximo silenciosamente do espaço atrás da cortina.

Chris parece não se importar com a preocupação de Amélia e se aproxima dela.

— Amélia, eu vim até aqui para te ver. Já faz tanto tempo que não transamos, e eu sinto falta disso...

Amélia parece recuar de forma desconfortável, mas antes que ela possa protestar, Chris a beija de forma impetuosa. Eu assisto à cena sem querer, me sentindo um intruso, meu peito apertado com a tensão da situação.

Amélia não parece estar completamente à vontade com o beijo, mas, por algum motivo, ela não o afasta imediatamente. E eu, atrás da cortina, observo tudo em silêncio, me sentindo impotente diante dessa revelação sobre sua vida pessoal.

— Chris, esse trailer não é meu, o Jeffrey talvez chegue a qualquer momento! — Protestou Amelia, mas Chris claramente a ignorava.

— Ele que se foda... — Disse virando-a bruscamente de costas para ele. — Vou tentar ser rápido.

Amélia parece simplesmente ter se rendido enquanto Chris abaixa a sua calça e a dele começando a foder ela. Me afastei um pouco enojado de estar presenciando isso. Ouço mais gemidos de Chris do que de Amélia e os sons logo cessam. Mas que porra?

Me aproximo de volta da cortina não acreditando no que eu estava pensando, mas acabei vendo eles se vestindo. Já acabou cara? Sério? Falou que ia ser rápido, mas não achei que seria na velocidade da luz!

Eu estava lá, atrás da cortina, testemunhando a cena que se desenrolava no trailer. Quando eles finalmente saíram, não pude deixar de sentir uma mistura de surpresa, revolta e até tristeza. O que eu havia visto e ouvido era algo que não deveria ter presenciado.

Com um suspiro, Amélia saiu primeiro, seguida por Chris. Ele parecia satisfeito consigo mesmo, mas algo dentro de mim se contorceu de revolta. Eu não conseguia acreditar que Chris a tratara daquela maneira, egoisticamente ignorando o prazer dela.

Enquanto eles se afastavam, sem perceber minha presença, eu não pude evitar um riso de revolta e amargura.

— Pelo menos ele poderia ter se dado ao trabalho de fazer você gozar... — murmurei para mim mesmo, com sarcasmo e raiva em minha voz, ainda escondido atrás da cortina.

Eu estava enojado com a atitude de Chris, com a maneira como ele tratara Amélia como se fosse sua posse, sem se importar com o que ela sentia. Era um lembrete sombrio da situação em que ela estava presa, e eu me senti impotente em relação a isso.

Quebra De Tempo

A chuva começa a cair em uma intensidade quase inacreditável, interrompendo abruptamente nossas filmagens no set. O céu se abre, despejando água como se o próprio apocalipse estivesse acontecendo, mas desta vez, não é ficção.

O elenco e a equipe são dispensados, e cada um de nós se apressa em direção aos carros, esperando escapar do dilúvio. Eu saio do set e corro até meu carro, com a água escorrendo pelos meus cabelos e roupas encharcadas.

Enquanto dirijo pela estrada encharcada, mal consigo ver à frente. A chuva parece não dar trégua. Mas então, à distância, vejo um carro parado no acostamento, piscando suas luzes de advertência. Conforme me aproximo, reconheço o veículo como sendo o de Amélia.

Sem pensar duas vezes, encosto meu carro no acostamento e pulo para fora, correndo em direção ao carro dela. A água já se acumula em poças ao redor de seus pneus, e ela está lá, encharcada e com uma expressão de frustração no rosto.

— Amélia? O que houve? — pergunto, minha voz quase se perdendo no som da chuva.

Ela olha para mim, surpresa, como se não esperasse encontrar ninguém nesta tempestade.

— Meu carro parou de funcionar. Acho que é algum problema mecânico.

— Vamos dar uma olhada. — digo, indo até o capô do carro. As gotas de chuva caem sobre nós enquanto examinamos o motor, e eu tento parecer mais confiante do que realmente sou. Minha experiência com carros é limitada, mas quero ajudá-la de qualquer maneira que puder.

Depois de alguns minutos, percebo que não há muito que possa ser feito ali. O carro dela precisa de assistência técnica. Olho para Amélia, que parece encharcada até os ossos e com frio.

A Chama ProibidaOnde histórias criam vida. Descubra agora