Guerreiro

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16 de março de 2024.
Quarta-feira 10:30 h


Sua risada soprada fez com que um sorriso escapasse dos meus lábios, seus olhos brilhavam ao lembrar de algo engraçado enquanto relatava para mim. Seu corpo já estava completamente relaxado por estar em minha presença, deixando com que o meu ficasse cada vez mais atento a ele. Sua crise demorou mais do que tinha imaginado, e agora eu estava aqui cabulando a última aula do dia.


Não que eu esteja reclamando, é que eu nunca tinha feito isso nem no auge da minha rebeldia. E não duvidaria nada que a velha deve estar sabendo desde acontecimento. Soube que ela voltou na noite passada, não foi preciso receber as mensagens do Deku que ficou em casa desde o último jogo. Mitsuki me ligou a noite toda e não pude atendê-la por estar ocupado demais aguardando o sono de Eijirou. E ao ficar quase a noite toda vigiando, percebi que Eiji sofre de pesadelos, os mesmo que o perseguiu no hospital. Este fato fez com que os meus instintos primitivos ficassem cada vez mais alerta sobre ele.

Os alfas da minha família sempre me diziam que os pesadelos não eram só sonhos horríveis que nos fazem acordar assustados e ofegantes, não é um fruto maligno da nossa mente. Nossos corações não têm tamanha maldade para fazer isso com nós mesmo.

Os pesadelos são consequências de algo traumatizantes que se passou em nossas vidas. Tal essa que pode vier átona a qualquer momento para o nosso presente. O ruim dos pesadelos é que eles não ficam só no passado.

E conhecendo o ruivo a minha frente, ele não iria falar para mim o que aconteceu tão cedo. Não tenho sua total confiança ainda.

Contudo, faria de tudo que isso não o assombra quando estiver ao meu lado.

- Me desculpa por fazer você ficar. - ele murmura coçando a sobrancelha, encolhendo os ombros ao perceber o meu olhar.

- Não se preocupe - o respondo sorrindo, - as aulas estavam chatas para caralho, mesmo. - ele ri desviando o olhar.

- Isso não vai prejudicá-lo? - indaga com um tom de voz que exaltava preocupação e culpa por me prender aqui. Essa preocupação extensa de atrapalhar as pessoas em sua volta me deixava puto, kirishima se preocupa demais com coisas tão banais.

- Só um dia não mata ninguém. - dou de ombros ouvindo sua risada fraca e seu sorriso mirrado, um gesto que aprendi a decifrar com pouco tempo de convivência. Ele está inseguro,
- tem algo que queira me contar?- o questiono observando a sua reação. Os olhos rubis sobressaltaram ficando arregalados enquanto olharas para os meus, Eiji suspira baixo desviando os seus olhos para qualquer canto da biblioteca sem ser em minha direção.

- É que... Dia 27 está quase chegando. - ele murmura timidamente, suspirando baixo como se estivesse querendo falar mais alguma coisa.

Ao mencionar a tal data, um chiado ressoa do meu alfa, meu coração errou a batida e grunho ao perceber que ainda não consigo controlar essa reação toda vez que a tal data é mencionada, contudo, eu não demonstrei que isso me afeta, pelo menos por estes anos todos eu consegui controlar a minha expressão. Nove anos. Irá fazer nove anos que eles se foram.

Que vida drástica para ter as nossas almas entrelaçadas, não é mesmo kirishima?!

- E o que qui tem?- Eijirou levanta a cabeça com as sobrancelhas franzidas.

- É que... Você não sente falta?- questiona me olhando apavorado pela resposta que obteve, o que me mostra que não era isso que ele queria ouvir. Ou tinha mais alguma coisa que instalou em sua garganta.

Muito mais do que um ômegaOnde histórias criam vida. Descubra agora