35 - Fotografia

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Nós mantemos esse amor em uma fotografia

Nós fizemos essas memórias para nós mesmos
Onde nossos olhos nunca fecham
Corações nunca estão quebrados ♪

A polícia sempre diz que as primeiras 48h após um sequestro são cruciais para encontrar a vítima. Natasha sabia disso e a cada hora que passava sua esperança se esvaía um pouquinho mais de seu corpo. Já haviam se passado dois dias e eles não tinham nenhuma pista sequer.

Steve e Clint vasculharam a cidade, Tony chegou a oferecer uma recompensa alta para qualquer informação sobre o garoto, Nick e Colson mobilizaram boa parte da equipe para investigar, todos trabalhavam incansavelmente. Maria e Natasha nem se lembravam da última vez em que comeram algo, elas sequer conseguiam dormir. Estavam exaustas, mas a adrenalina em seus corpos era alta demais para que elas conseguissem se desligar por algumas horas. Nem haviam se dado ao trabalho de voltar pra casa, estavam na agência desde então.

A ruiva entrou na sala de Maria, mas Hill não estava. Natasha permaneceu por lá mesmo assim, fechou a porta e se sentou no pequeno sofá de couro preto. Recostou as costas e deixou que seu corpo escorregasse um pouco, enquanto encarava o céu pela enorme janela de vidro que tinha no local ela se permitiu chorar.

A dúvida de não saber se o filho estava bem ou não, estava a corroendo por dentro. Natasha nunca havia sentido tanto medo e impotência quanto estava sentindo naqueles últimos dois dias.

Seu olhar caiu sobre o porta retrato que a três anos ocupa o lugar que antes ficava a garrafa de whisky holandês que Maria ganhou de Nick quando ele a nomeou como sua segunda em comando. Natasha enxugou as lágrimas, se levantou e caminhou até o móvel no canto da sala, com as mãos trêmulas ela pegou o porta retrato. A foto registrava um dos momentos mais bonitos da vida do casal.

As mãos de Maria suavam, a ansiedade já tomava conta de seu interior por completo. Ela trocou um olhar com Laura, que estava perto de Fury, no canto do pequeno altar. A mulher lhe direcionou um sorriso confiante e sussurrou "calma, respira" para ela.

Hill vestia sua farda militar azul escura, com as medalhas em seu peito perfeitamente alinhadas. Tentando se distrair, ela passou a admirar a decoração que Laura havia se oferecido para planejar. A cerimônia era simples na fazenda dos Bartons, nem ela e nem Natasha queriam uma grande festa, apenas uma pequena comemoração para os poucos amigos que tinham.

Natasha estava pronta para sair do quarto e descer até o quintal onde sua noiva a esperava. A ruiva usava um vestido branco simples, com uma fenda na perna direita. Ela nunca esteve tão nervosa em toda a sua vida.

- É a sua deixa, Tasha - Clint falou quando escutou o músicos começarem a tocar

Natasha ainda estava paralisada, mesmo que esse tenha sido o assunto de todas as noites durante um mês entre ela e Maria.

- Se quiser desistir, a hora de fugir é agora - o arqueiro falou descontraído

A ruiva respirou fundo e sorriu.

- Prefiro pular de um penhasco a abandonar a Maria no altar

Barton riu balançando a cabeça negativamente e então pegou na mão de Romanoff, ele sorriu brevemente admirando a amiga e sussurrou um "Estou feliz por você, Tasha!" antes de a levar até o altar.

- Ele estava a coisa mais fofa com esse terninho - Maria falou se aproximando de Natasha por trás

A ruiva ainda segurava o porta retrato como se sua vida dependesse disso.

- Nunca vou esquecer de como ele quase perdeu nossas alianças - Natasha sorriu pela primeira vez naquele dia

Depois de todo um discurso clichê de Fury, — sim, Nicholas celebrou o casamento e para quem nunca havia se casado, ele sabia bem o que dizer — chegou o momento mais aguardado por elas naquele dia. O momento do SIM. Os músicos voltaram a tocar e então o casal se virou para ver o filho caminhar no corredor delimitado pelas flores.

Peter estava lindo vestindo um terninho bege com uma mini gravata borboleta, o pequeno caminhava um pouco tímido com todos aqueles olhares sobre ele. Quando seu olhar encontrou os olhares marejados das mães logo a frente, elas sorriram e acenaram para ele.

Peter estava quase chegando ao altar quando tropeçou em seus próprios pés, a almofadinha que ele carregava caiu no chão, as alianças só não se perderam por que estavam presas nela. As noivas iriam descer do altar para amparar o filho, mas o menino se levantou na mesma rapidez em que caiu.

- Sem dodói - ele falou conferindo os joelhos protegidos pela calça

Todos riram pela fofura e espontaneidade de Peter diante da situação. O pequeno pegou a almofada do chão e voltou a fazer o que havia treinado com a tia Laura no último fim de semana.

- Obrigada, filho! - Maria sorriu pegando a aliança

Natasha se abaixou para deixar um beijo na testa do menino e pegar a outra aliança.

- Você foi incrível, fez tudo certinho.

Peter abriu um sorriso e caminhou até onde Clint e Laura estavam. Nick continuou a proferir as palavras de sempre. Em seguida elas leram seus votos cheios de amor, a emoção era tanta que na vez de Maria, ela quase não conseguiu ler aquilo que passou dias escrevendo. E então, finalmente chegou o momento e elas disseram sim.

Mas não foi só um sim diante a famosa pergunta "É de livre e espontânea vontade que a aceita como sua legítima esposa?". Foi um sim para família que elas construíram. Foi um fim para toda a vida que pretendiam passar lado a lado. Foi um sim para estarem unidas nos momentos bons e nos ruins também. Foi um sim para tudo que ainda iriam construir juntas.

Foi um sim ao amor acima de qualquer outra coisa.

- Não vejo a hora desse pesadelo acabar

Maria falou enquanto ainda olhava para a foto tirada no altar, onde ela tinha o filho o colo e a sua, agora esposa, ao lado. Natasha devolveu a foto, que eternizava aquele lindo momento, ao seu lugar novamente e então abraçou Maria com força e descansou sua cabeça no peito da mais alta a fim de encontrar um pouco de conforto para o seu coração quebrado.

Segunda Chance | BlackHillWhere stories live. Discover now