Capítulo 3

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Eu podia ouví-los conversando do outro lado da porta: "Ela está com amnésia, foi encontrada no meio do nada sem celular, identidade ou qualquer outro documento" dizia um doutor. "O que a gente faz com ela? Não podemos deixá-la aqui desse jeito, precisamos ajudá-la!" pergunta a senhora que conheci mais cedo, que se apresentou como Joanne. "Vamos notificar a delegacia mais próxima, ela pode estar em alguma lista de desaparecidos" responde outra pessoa "Mas será difícil chegar a qualquer lugar com essa tempestade. As estradas estão todas bloqueadas e há risco de deslizamento em várias áreas".

Ainda me sentia meio enferrujada, então precisei de ajuda para me sentar em uma poltrona de frente para a janela. Observando os raios que se formavam no céu, me perguntava se havia alguém a minha procura. Talvez minha família, alguma amiga ou até mesmo um namorado.

Analiso meus dedos. Não tenho marca de aliança em nenhum deles, ou seja, provavelmente sou solteira. E se eu realmente tiver alguém e nós nunca trocamos alianças de compromisso?

A senhora que tem cuidado de mim entra na sala acompanhada de um doutor, um homem também de idade, que tem um sorriso amarelo no rosto.

- Eu tenho amnésia? - pergunto para os dois, ainda sentada na poltrona e com lágrimas se formando em meus olhos. Eu estava em choque - Vou ficar assim por quanto tempo?

- Não se preocupe, é algo temporário. Aos poucos suas memórias voltarão - ele tenta me acalmar, o que não resolve muito - Até lá, continuaremos a busca pela sua família ou alguém que possua alguma informação sobre quem você é, talvez alguém que estivesse por perto no momento do acidente.

- E eu continuarei aqui cuidando de você - a senhora sorri para mim, um sorriso caloroso e acolhedor.

- Obrigada, Joanne - sorrio de volta.

Durante o almoço, conversei com Joanne sobre o meu acidente. Ela disse que me encontraram perto de um barranco, que eu devo ter rolado lá de cima e batido a cabeça em uma das árvores enormes que haviam ali. Segundo Joanne, eu ter sobrevivido a uma queda como aquela foi um milagre.

- Quem me encontrou na floresta? Eu preciso agradecer a todos, não sei o que seria de mim se não tivessem me ajudado.

- Ah! Foi o filho mais velho da Mary! - ela exclama para o doutor.

- O bombeiro? - ele pergunta.

- Esse mesmo! Qual é o nome do rapaz? Me esqueci completamente!

- Deve ser a idade - brinca o doutor. Joanne dá um tapa em seu braço, um tapa que não deve nem ter feito cosquinha, mas ele reclama mesmo assim. Foi a primeira vez que ri em muito tempo - Tudo bem, tudo bem! O nome do rapaz é Beck Tucker e a paciente poderá falar com ele depois que se recuperar. Por agora, deve focar no repouso - diz para mim, soando um pouco mais sério na última frase.

"Beck Tucker" minha mente repete. A primeira coisa que farei quando sair daqui será procurá-lo.

...

Se passaram alguns dias desde que descobri que tenho amnésia, mas ainda soa estranho quando digo em voz alta. Os funcionários do Hospital de St. Ethel me faziam companhia, alguns tentavam encontrar algo que resolvesse a questão de quem eu sou e de onde eu vim, entretanto, as estradas intransitáveis impediam que algo mais fosse feito.

Já me sinto muito melhor e não vejo a hora de sair um pouco desse lugar. Não vejo muita gente, por isso me pergunto se é assim no resto da cidade. Joanne me disse que nasceu e cresceu aqui e que todos da região se conhecem. São como uma grande família. Pelo que vejo através das janelas do hospital, St. Ethel parece mais um vilarejo, cercado por uma floresta densa.

A Ascensão e Queda de Diana WilliamsWhere stories live. Discover now