Capítulo 11 | Palavras Escritas

53 11 8
                                    

"Eu não sei de absolutamente nada

E vou tropeçar e cair

Eu ainda estou aprendendo a amar

Estou apenas começando a engatinhar." A Great Big World Feat. Christina Aguilera – Say Something

 Christina Aguilera – Say Something

Oops! This image does not follow our content guidelines. To continue publishing, please remove it or upload a different image.

Capítulo 11

Depois de largar Avery e as meninas em casa, Aron me largou na minha casa. Ao chegar, decidi tomar um banho para relaxar. Eu ando tentando não fumar ou
beber álcool depois da conversa que tive com o meu pai. Quero deixá-lo orgulhoso e não o contrário.

A água morna caía sobre os meus músculos, fazendo-me relaxar. Fecho os olhos para molhar meus cabelos e os abro novamente apenas para pegar o xampu. Cassie e Lydia são duas garotas totalmente diferentes uma da outra, mas estou gostando delas.

Se me perguntassem há algumas semanas, eu diria que Mia lembra muito a minha irmã, mas vendo Cassie na minha frente, digo com a total certeza de que Cassie lembra cem por cento da minha irmã. Sinto algo diferente com Mia e acredito que parte disso é apenas tesão.

Não posso negar e dizer que a loira não é bonita, porque estaria mentindo. Passo o xampu pelos meus cabelos e o enxaguo. Depois de esfregar o meu corpo, desligo o registro do chuveiro e enrolo uma toalha em volta da minha cintura.

Sabrina vai dar uma festa e convidou quase toda a escola. Ela faz isso quando quer chamar atenção. Eu vou, e confesso que vou para ter uma desculpa para beber, mas irei de qualquer jeito. Pego uma cueca do roupeiro e visto a mesma, juntamente com uma calça.

Penteio os meus cabelos e passo perfume antes de vestir uma camiseta floreada. Jogo-me na cama, encarando o teto branco do quarto. Minha garganta está coçando por álcool. Droga!

Fecho os olhos e respiro fundo. Preciso parar. Preciso parar. Uma lembrança surge em minha mente e deixo meus pensamentos fluírem...

Vejo Maisa sentada com as pernas cruzadas em cima da sua cama cor de rosa, enquanto escreve algo em um pequeno caderno. Ela risca as palavras com tanta raiva que sinto até medo de entrar em seu quarto, mas entro mesmo assim.

Dou algumas batidas na porta e seu rosto encontra o meu. Ela abre um enorme sorriso e faz sinal para eu entrar.

— O que você tanto escreve aí? – pergunto, me sentando ao seu lado na cama. Ela morde o lábio inferior e abre o caderno.

— Não entendi – digo, observando que ela escreveu duas páginas com as mesmas palavras.

"Eu quero ser melhor.

Eu quero ser melhor.

Eu quero ser melhor."

Maisa suspira e seus olhos castanhos encontram os meus.

— Faço isso quando estou com raiva – ela me explica.

— E isso te ajuda? – questiono, arqueando uma de minhas sobrancelhas.

— Ajuda, porque daí não faço o que realmente gostaria de fazer – Maisa diz e fecha o caderno, deixando-o de lado.

— E o que você realmente quer fazer? – ouso perguntar. Ela levanta as sobrancelhas e abre o seu sorriso travesso.

— Você é novo demais para esse tipo de conversa – ela me repreende.

— Você é só dois anos mais velha – reclamo, fazendo bico.

— Mas ainda sou a mais velha – ela diz, dando-me uma piscadela. Sorrio e me levanto da cama. Ela tem razão, sou novo demais para essas coisas. Eu tenho apenas treze anos e ela quinze, quase dezesseis.

— Boa noite, Maisa – murmúrio.

— Boa noite, Jonathan – ela sussurra e eu saio do quarto, deixando-a sozinha.

Abro os olhos novamente e me levanto da cama, indo até a mesinha do meu quarto. Pego um caderno qualquer, uma caneta e volto a me sentar na cama. Abro o caderno e começo a escrever as seguintes palavras:

"Preciso parar." "Preciso parar."

"Preciso parar." "Preciso parar."

"Preciso parar." "Preciso parar

"Preciso parar." "Preciso parar."

"Preciso parar." "Preciso parar."

"Preciso parar." "Preciso parar."

"Preciso parar." "Preciso parar."

"Preciso parar." "Preciso parar."

"Preciso parar." "Preciso parar."

Escrevo essas palavras até meus dedos doerem, escrevo essas palavras até entrar na porra da minha cabeça de que eu preciso parar. Escrevo essas palavras até passar a vontade de descer até a adega e tomar todo o whiskey do meu pai. Escrevo essas palavras porque apesar da sensação de paz que dura por alguns minutos quando bebo álcool, isso não me faz bem.

Escrevo essas palavras porque quero voltar a ser o Jonathan de treze anos que só fazia bem a si mesmo. Escrevo essas palavras porque preciso ter um vício mais saudável. Escrevo essas palavras porque um dia quero ser amado, mas antes disso, preciso me consertar. Eu preciso seguir um caminho diferente, tanto para mim, quanto para os meus pais que sentem orgulho de mim. Escrevo essas palavras porquê...

PORRA!

Rasgo o papel de tanto que escrevo e jogo o caderno no chão, com raiva. Inspiro profundamente e me levanto da cama. Desço as escadas e vou até o porão da casa. Só tem uma coisa que eu era viciado antigamente e que era saudável...

Abro a porta do porão e a encontro lá, pendura na parede, pegando pó. Minha guitarra, quando fiz dez anos eu fiquei obcecado e queria muito aprender a tocar guitarra. Meus pais sempre me apoiaram, mas foi a minha irmã quem foi atrás de professores e sempre me incentivou a continuar tocando. Mas foi com quatorze anos que eu a ganhei.

A última vez que eu toquei nela foi uma noite antes da morte da minha irmã e desde então... nunca mais tive coragem de tocá-la. Toda vez que toco nela, lembro-me do dia que minha vida mudou para sempre.

Me aproximo da guitarra e passo meus dedos pelo material vermelho. Meus dedos tiram o pó que está ali e sinto meu coração palpitar mais rápido. Passo outra vez minhas mãos por ela, mas simplesmente não consigo tirá-la dali e tocá-la.

"Nunca pare de tocar, você é muito talentoso..."

Era o que Maisa dizia...

— Sinto muito Maisa, mas eu não consigo mais tocar como antes – sussurro para mim mesmo e me afasto da guitarra.

— Por que não toca? – a voz de minha mãe reverbera no ambiente. Dou um sobressalto de susto e me viro para a porta, onde ela está parada me observando.

— Não consigo mais – admito, dando de ombros.

Minha mãe se aproxima de mim e põe suas mãos em meu rosto, fazendo-me encará-la.

— Você pode tudo, querido – ela diz e deposita um beijo em minha bochecha. Abro um pequeno sorriso e digo:

— Quem sabe um dia...

— Talvez você só precise de uma musa – ela enfatiza a última palavra e sei muito bem o que ela quer dizer com isso, mas decido não argumentar e saio do porão sem olhar para trás.

Depois Dela: Livro 2 De 2Where stories live. Discover now