Terceiro capítulo

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Camila não conseguia parar de pensar no que Cristian havia falado, suas palavras ríspidas ecoavam em sua mente, passou a noite em claro e não pretendia sair da cama. Apesar de não querer preocupar ninguém. Deu-se por vencida quando Cristian insistiu dizendo que ela deveria se juntar a Clara, que a aguardava para sair. A família tinha o hábito italiano de adorar um passeio noturno, Marcos já estava no carro quando o casal chegou.

— Vou te levar para conhecer um lugar especial da família, Camila. — disse Marcos.

Clara estava sorridente, esbanjava uma alegria infinita. Beijou o rosto do seu filho várias vezes quando o viu. Cristian parecia outra pessoa quando estava com os pais.

Não demorou muito para chegar, logo Camila pôde ver as luzes que vinham do varal de lâmpadas amareladas, o local tinha uma decoração rústica, mas era sofisticado. Uma espécie de barzinho a céu aberto, tinha um calçadão de pedras e um grupo de pessoas cantando.

— É como está em casa. — Disse Marcos, gesticulando com as mãos.

De repente, o homem já estava sentado ao lado de um amigo, fazendo um brinde em homenagem ao casamento do filho. Todo mundo saudou olhando em sua direção, Camila se sentiu um pouco envergonhada, mas sorriu fingindo levantar uma taça.

— Alguém por favor sirva vinho a essa mulher. — gritou uma amiga de Clara. — Tragam vinho para a noiva.

Não demorou muito para ela receber uma taça com um Merlot de ótima qualidade.

— Não vá exagerar. — Sussurrou Cristian em seu ouvido.

Camila ignorou, virando a taça em uma velocidade preocupante. Assim que terminou, sua atenção foi para a mulher que estava chegando, os olhos verdes pairavam de um lugar para outro, como se estivesse procurando alguém. Até encontrá-la, seus olhos estavam sorrindo.

Lauren cumprimentou de longe, não queria se aproximar, havia presenças não queridas. Então ficou distante ao lado dos seus pais.

Marcos e Clara a abraçaram de uma só vez, cumprimentando a filha com todo carinho que podiam oferecer.

Não demorou muito para Cristian começar a exagerar na bebida, exagerou até o ponto de não conseguir levantar sozinho. Era algo que deixava Camila incomodada, o homem tendia a não ter controle, já estava cogitando em ir embora quando Marcos a repreendeu.

— Amon pode cuidar disso — disse ele, se dirigindo a camila. — Ele não sabe beber, mas você não precisa ir para casa por conta disso, ficará conosco.

— Acho melhor eu ir junto. — Insistiu ela.

— Eu proíbo. — Brincou Marcos — Está tudo bem, Camila. Alba pode ajudar caso ele precise, não se preocupe.

— Vou colocar mais vinho para você, é um pecado ficar com a taça vazia. — Acrescentou Clara, fazendo Marcos e Camila rirem.

A mulher não insistiu novamente, afinal não teria problema algum ficar em uma festa na qual a família do seu noivo estava presente.

E mais uma taça de vinho cairia bem...

Alguns minutos depois, aconteceu o que ela previa: estava começando a ficar tonta. Os vinhos italianos eram conhecidos pelo aroma delicioso e acusado de dar coragem para fazer o que desejavam a muito tempo. Camila estava se sentindo bem, gostava da sensação boa que o lugar estava proporcionando.

Depois de mais uma taça, ela decidiu que era hora de parar, já havia passado de suas contas, não sabia ao certo se tinha tomado 5 ou 6 taças. Entretanto, antes precisava ir ao banheiro, estava se sentindo desarrumada e muito, mas muito bebada.

LAUREN POV.

Marzia estava apoiando as mãos em meus ombros, enquanto me empurrava na parede do banheiro. Não precisava de muito pra saber que ela havia exagerado no vinho.

— Não consigo parar de pensar na noite passada. — disse ela, sussurrando em meu ouvido.

Ela estava beijando meu pescoço quando me assustei com o barulho da porta abrindo.

— Puta que pariu. — disse a voz, assustada.

— Não sabe bater? — disse Marzia, enraivada por ser interrompida. Não era do tipo antipatica, mas perdia um pouco de noção quando estava alterada.

Virei para ver a figura que estava paralisada ao meu lado e me assustei ao perceber que era Camila.

— Oi. — disse ela, ainda me encarando. Parecia impressionada, ao mesmo tempo com uma expressão divertida no rosto.

Eu estava tão envergonhada, que não conseguia formar nenhuma palavra. Acenei somente com a cabeça e olhei para Marzia que me encarava sem entender nada. O clima ficou extremamente tenso e muito, mas muito vergonhoso.

Camila nos encarou e deu alguns passos, se apoiando na pia. Marzia se desfez de meus braços e se aproximou para ajudar a garota.

— Não sabia que estava ocupado, desculpa atrapalhar vocês. — disse ela, quase tropeçando nos seus próprios pés.

— Você está se sentindo bem? — Ela perguntou a Camila e segundos depois, pude ver o vômito em sua roupa enquanto ela se afastava.

Marzia começou a gritar comigo, pedindo que eu a ajudasse. Parecia um filme de terror, mas me prontifiquei em ajudá-la, me aproximei das duas e sugeri que ela fosse se limpar enquanto eu levasse Camila para casa em segurança. De começo ela não parecia que ia aceitar, mas acredito que tenha aceitado que não tinha escolha alguma.

Pedi que esperasse ali enquanto conversava com meus pais e explicava a situação, ambos demonstraram um semblante chateado, mas compreenderam.

Foi uma situação engraçada, não imaginava que ela não aguentaria algumas taças de vinho.

Camila ainda estava consciente quando entrou no meu carro, até colocou o sinto de segurança sozinha, mas acabou adormecendo.

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