5. AROMA E CONVERSA

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— Quero propor um brinde ao meu filho que nunca me desapontou e sempre se esforçou desde novo para alcançar os seus sonhos, — Henry tomou a voz.

Matt resolveu nos levar para jantarmos em um dos seus restaurantes preferidos, para comemorarmos mais uma de sua conquista. Depois de muitos plantões, cuidar de milhares de pacientes e literalmente dar o seu sangue, o seu melhor por aquele local, eles simplesmente resolveram investir no meu irmão, o enviando ao Hospital Central de Chicago com uma boa carta de recomendação que o fez assumir o cargo de cirurgião chefe.

Seu antigo local de trabalho foi onde tudo começou, foi o único hospital que o aceitou assim que terminou a sua faculdade. Não que tenha sido ruim dedicar boa parte do seu tempo naquela clínica, só que os recursos lá são bem limitados e não há uma boa verba do governo, fazendo tudo ser mais difícil. Já soube de diversos casos que meu irmão não pode atender os pacientes e realizar cirurgias por não ter os itens necessários. Essa situação me comoveu tanto que decidi doar mensalmente uma quantia para ajudar no funcionamento, mas ao que me parece as dívidas têm sido bastantes frequentes, os levando a encaminhar os funcionários a outros locais melhores, visto que já visam fechar completamente a unidade hospitalar.

Quando ele entrou não havia se tornando esse caos todo, mas uma má administração foi acabando com toda gestão e funcionamento.

— Mattew sempre foi o meu queridinho, — Abigail tomou a voz. — Não que você não seja Nala, apenas tenho uma admiração a mais por ele e estou muito feliz por conquistar tudo o que sempre quis, — ouvi o brinde das taças.

Cobra, cascavel, ladra de maridos casados!

Era tudo o queria dizer em sua cara e acabar com sua reputação em meio a mesa repleta de pessoas importantes, mas preferi fingir um sorriso do que estragar com a noite do meu irmão.

Posso saber porque não tocou na sua comida? — Sussurrou próxima a mim e ajeitou os meus cabelos.

— Não estou com fome, — respirei fundo. — Apenas quero ir para minha casa, não estou me sentindo confortável, — apertei minhas mãos sobre o meu colo.

— Daqui a uns breves minutos o Paul irá nos levar, aguente pelo menos vir à sobremesa.

Se soubesse detalhadamente o local onde estou poderia sair daqui dizendo que iria ao toalete e dar um jeito de voltar para minha casa ou andar sem rumo e ninguém perceberia. Todos estão fixados em entreter meu irmão, o fazendo ser ainda mais o centro das atenções dessa noite.

Elouise e Matt acharam que seria um ótimo momento para "fazermos as pazes" e começarmos a conviver como a família que somos, convidando o Henry e a Abigail. Se eu soubesse que os dois estariam aqui, não teria me dado o luxo de sair de casa, inventaria uma dor de cabeça ou algo do tipo. Depois que tudo passa é muito fácil fingir ser o pai que sempre apoiou e amou o filho. Não tenho paciência para aturar isso, como se fosse um bônus, tenho que ver Abigail fingindo ser a tia que sempre admirou o sobrinho.

Minha noite não poderia ser pior!

Às vezes eu me pego pensando o que se passa na mente do meu irmão em querer me colocar perto do seu pai. Ele sabe que não me sinto bem com esse ser humano por perto, sabe das minhas crises e age como se eu precisasse passar por essa situação tendo que aturar tudo.

— Eu agradeço a todos por virem, vocês são importantes em minha caminhada e por isso se fazem presentes, — começou a falar fazendo todos levarem a atenção até ele. — Mais em especial quero levantar agora um brinde as três mulheres da minha vida, minha mãe Grace, minha irmã Nala e meu amor Elouise, eu não seria nada sem tê-las ao meu lado... — Antes que pudesse dar continuidade ao seu discurso, foi interrompido pelas salvas de palmas.

Faça Com Que Eu Veja (DEGUSTAÇÃO)Where stories live. Discover now