FRONTEIRA

19. TEMPO

AVISOS: CONVERSAS SUJAS, PALAVRÕES PESADOS E DESCRIÇÕES DE TORTURAS, AFLIÇÃO, SOFRIMENTO E DOR. ESPERO QUE TODOS FIQUEM BEM. PENSEI BEM ANTES DE POSTAR ESSE CAPÍTULO.

Estava tudo escuro.
Para qualquer lado que olhasse, havia escuridão. Estava abafado, sua respiração estava tão difícil, parecia que havia algo abafando sua mente. Dava para escutar os batimentos cardíacos. O lugar em volta era tão silencioso.

Que merda está acontecendo?

Onde estou?

A mente dela começou a entrar em curto, o medo, a aflição tomando conta de todo o corpo dela. Ela sentiu que estava sentada em alguma cadeira, seus punhos presos nos braços da cadeira, seus tornozelos presos aos pés da cadeira. Tinha algo em sua cabeça, parecia ser de pano. Um saco talvez? A mente dela começou a clarear. Ela começou a se lembrar do que aconteceu.

Ela estava arrumando suas malas, ela ia partir para o destino escolhido. Ela estava no programa de proteção à testemunha. Javier estava parado, braços cruzados na frente do peito, encostado na batente, olhar baixo. Ele tinha tentando lhe convencer de não ir. Mas ela achou melhor ir, pelo bem dele. Se ela continuasse na Colômbia, Felipe poderia machucar ele, como fez com Rodrigo, como fez com o pai dela. E ela tinha medo. Ela já tinha perdido tanto, ela não queria perder mais. Não ele.

O oficial designado chegou no apartamento de Javier, anunciando que era hora, ele quer acompanhar Analu, mas ela pede que ele não fosse, pois seria difícil demais para ela. Eles se beijam mais uma vez. A última vez, provavelmente. Um beijo longo, cheio de tristeza, saudades, dor. O gosto do beijo fica salgado. Quando ela se afasta dele, ela percebe que o gosto é devido às lágrimas dela. Analu que antes não chorava, não conseguia mais segurar suas lágrimas. Ela olha para ele uma última vez e sai em silêncio.

Durante o trajeto, ela está na parte de trás do carro, olhando as ruas de Colômbia, várias lembranças e pensamentos surgindo na mente dela. Mas a lembrança mais forte era com certeza a de Javier. Como em tão pouco tempo ela nutriu um sentimento tão forte por ele? Como? Ela nunca se interessou assim por ninguém antes. Ela não acreditava que havia espaço em seu coração para sentimentos assim. Ela soltou um suspiro pesado e profundo. Lágrimas descendo pelo rosto.

Quando o carro parou por um momento em um cruzamento, carro que estava do lado contrário, na pista à frente explodiu. Analu abaixou a cabeça, jogando as mãos em cima. Logo ela levantou o rosto, pessoas corriam contra a explosão, gritos ecoando, Analu mexeu em sua bolsa, mas lembrou que não tinha uma arma.

Droga! Um dia antes Guedes tinha pego sua arma e distintivo. Ele estava com Bill e o embaixador Crosby enquanto ela assinava os papéis para entrar no programa.

O oficial que estaba com ela, na frente com o motorista, gritava para ela se abaixar. Tiros começaram a ecoar. Era uma emboscada. Isso só poderá ser obra de alguém.

Castro.

Um tiro atingiu a cabeça do motorista, Analu olhou horrorizada. Não tinha como ela se defender sem sua arma, ela se esgueirou pelo banco traseiro, abrindo a porta de trás do lado esquerdo. O oficial gritando para ela voltar, quando ele foi atingido. Analu jogou seu corpo para trás, de costas para o carro. Ela tentava localizar de onde saia os tiros, ela, se virou, de cócoras indo para a parte de trás do carro. Os gritos estavam mais distantes, os tiros cessaram. Analu respirou fundo, esperando qual seria o próximo passo deles. Ela foi para o canto esquerdo, tentar ver algo. Mas não tinha nada. Um barulho de arrasto se deu do lado direito dela, quando ela se voltou para o barulho, ela sentiu uma pancada forte contra o rosto dela.