So I Gonna Call You Beautiful Girl | Woosung

𝑺𝑶𝑼𝑹

Como falei no início, não quero pintar um ponto final naquela história. Mesmo que já façam sete meses daquele acontecimento atípico na Califórnia, dentro de mim ainda existe muito pra ser expressado. Por isso, prefiro continuar colocando tudo pra fora. Talvez, assim, eu espante o medo de que realmente nunca veja ela de novo. Se existia um ponto final naquele dia, não quero que exista um pras pessoas que me escutarão.

Os arrependimentos ainda rastejam pelos meus pensamentos, o nó azedo na garganta ainda existe. Eu deveria ter batido na porta, poderia ter gritado que a realidade que se danasse, que amores à primeira vista existem e eu era a prova disso. Podia ao menos ter lembrado de perguntar o seu nome...

Todos esses nós incomodavam de uma forma incrivelmente agoniante. Só que em um determinado dia desse tempo entendi que não dava pra ser tomado pelo engasgo, não tinha como voltar no que já estava feito, e que, pelo menos existia uma única vantagem nisso tudo: composições. Dentro da indústria, já entendemos que as canções nem sempre terão como ter finais felizes, então eu poderia cantar o quanto quisesse sobre os encantos e beleza daquela garota e sobre a paixão, o remorso e a dor que a minha covardia causaram.

A vantagem da agonia de não ter uma resposta sobre ela há tanto tempo me fez criar um hábito interessante: agora sempre ando com um bloco de notas cheio de folhas rabiscadas. As letras não param de vir, é como uma fonte que não para de jorrar. Talvez simbolizando um coração que não pare de acreditar que, por algum motivo desconhecido, ele ainda possa ter esperança de que, na verdade, não acabou ali.

Há uns dois meses atrás conheci uns caras em uma visita aos meus pais na Coréia do Sul. E agora tenho passado muito tempo com eles em um estúdio improvisado no meu antigo quarto. Antigo que logo logo voltaria a ser reutilizado, pois agora demoraria a pisar na Califórnia de novo. E isso estava, de uma forma ou de outra, diminuindo o tempo em que desperdiçava me sentindo entalado com aquela incerteza e investia essas horas em algo que verdadeiramente tinha valor.

Bem, eu não estava completamente errado sobre a inspiração que LA me traria. Certamente trouxe, e bem mais do que imaginei. Só talvez estava um pouco equivocado que conseguiria sozinho, sem apoio nenhum, engatar minha carreira lá.

O tempo me fez descobrir que, aparentemente, seria aqui, na Coreia, ao lado de três caras que conhecia a não tanto tempo assim.

Nesses meses, nós quatro resolvemos juntar nossos sonhos e viramos o The Rose. Um pequeno grupo de garotos apaixonados pela música e que têm um desejo simples em comum: que pessoas ouçam o que temos a dizer.

Não foi uma escolha simples. Existe muito suor do lado de cada história, e já faz muito tempo que todos nós tentamos correr atrás dessa espécie de utopia que é viver da música. Mas atualmente, como grupo, nos sentimos mais forticados, como se todo o esforço de muitos anos agora estivesse começando a fazer sentido.

E pra que todo esse sentimento se solidificasse ainda mais como realidade recebemos um convite de uma agência. Fechamos contrato semana passada!

Estamos tão felizes e empolgados que parece que não saímos desse quarto há dias. São muitas ideias atrás de outras, letras, melodias, arranjos e tanta história pra contar... Não temos tempo a perder.

A cada dia que se passava parecia mais verdade de que há realmente um futuro incrível que nos aguarda! E nós mal podíamos esperar pra que ele chegasse logo.