Foi uma Boa Decisão?

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Talvez a decisão tenha sido precipitada, impensada ou simplesmente no momento errado, sentia mais dor do que em todos os anos de treinamento e a mente começou a divagar entre arrependimento e sua aparente má capacidade de decisão. Reed a estava abraçando e não se moveu até que a dor começasse a se dissipar, não tinha certeza se a sensação era boa mas ao menos não havia praguejado e o amaldiçoado no caos da dor. Ele não mentiu, alguns minutos depois quase não sentia desconforto e afastou o rosto do peito de Reed para olhá-lo, daquele ângulo ele também era absurdamente agradável aos olhos, o rosto bonito parecia manchado de preocupação e os olhos castanhos estavam inundados de ternura, se sentiu gananciosa de repente, aquele olhar era por ela e para ela, quando se deu conta estava puxando o rosto de Reed para que a beijasse.
O impacto contra seu corpo a tirou do estado enevoado e uma pequena onda de choque subiu pelas pernas até a coluna, estava quente por toda parte, não sabia se o calor era dela ou de Reed. As sensações começaram a crescer em seu interior, fechou os olhos tentando recuperar alguma sanidade, não conseguia pensar direito ou fazer qualquer outra coisa, Reed a tinha completamente entregue.
Reed se movia devagar, atento as reações e os gemidos que escapavam vez ou outra, não eram lamentos, eram satisfatórios e soprosos, até Naiáde se surpreendeu com eles e tentou suprimir mordendo o lábio a ponto de doer.

— Não, não faça isso, é um som absurdamente doce, me deixe ouvi-la.— disse o homem libertando o lábio e acariciando em seguida. A dança calma e paciente se estendeu por alguns minutos até que a moça perdesse todo o controle de si, suor escorria do rosto e os dedos dos pés se encolhiam beirando o desespero, a sensação crescente aumentou a um nível que o corpo foi incapaz de aguentar, se sentiu como uma árvore atingida por um raio e sua visão ficou branca, o corpo inteiro estremeceu, sentia cada músculo no seu limite e perdeu a força nos braços que seguravam Reed. A sensação foi diferente de tudo que já provou, melhor do que qualquer coisa que já viveu e se assustou com o fato, como poderia deixar de ter isso? A chance de enlouquecer seria grande demais.

— Naiáde?— ouviu-o perguntar, seu corpo parecia ter se convertido numa poça de água de chuva, abriu os olhos para olhar o homem.— Se sente bem? Dói em algum lugar?— perguntou, não conseguiu responder de imediato, estava nadando na sensação quente. Murmurou algo que nem mesmo era uma palavra, e riu quando percebeu sua atitude boba.

— Eu estou bem.— disse e tentou se sentar, as pernas falharam e torceu o rosto numa careta quando viu a pequena mancha escura no lençol.— Isso...

— Eu cuido disso, precisa se limpar e descansar, é possível que ainda doa amanhã.— disse baixo, Naiáde o encarou surpresa e constrangida.

— Eu posso cavalgar, não se preocupe.— disse e olhou o corpo do homem, Reed parou logo depois da sensação esmagadora, mesmo com a dor não podia dizer que foi ruim, mas uma primeira vez sempre iria doer, se foi bom mesmo com isso, o quão bom seria na próxima? Voltou do devaneio quando os olhos alcançaram a cintura descoberta do soldado, quase não havia luz mas viu alguns contornos, ele estava pronto como se não tivesse feito nada.

— Eu deveria levá-la até o banho.— murmurou vestindo as calças apressado, Naiáde torceu a boca, ele não parecia satisfeito com o que fizeram, estava arrependido?

— Você não... Não gostou?— perguntou num sussurro. Não ouviu resposta por alguns segundos e se encolheu quando sentiu braços a envolverem e puxarem contra um corpo quente.

— Não existe lógica nenhuma nessa pergunta. Eu teria gostado de qualquer coisa com a senhorita, mas esta vez estava focada em você. Se o que fizemos não for agradável, é possível que seja igual no futuro.— disse com a voz tremida, Naiáde descansou no abraço.

— Eu gostei.— sussurrou, estava feito, não podia fazer nada agora.— Me ajude a levantar, eu vou me lavar e limpar o lençol.— disse, Reed obedeceu mas ainda mantinha uma feição preocupada.— Eu gostaria da sua ajuda, se possível.— completou, ele sorriu fraco e pôs-se a trabalhar.

Não conseguiu se manter acordada por muito tempo naquela noite, quando terminou o lençol e o banho, se deitou em lençóis limpos e sua consciência se foi como nuvens se desmanchando ao vento

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Não conseguiu se manter acordada por muito tempo naquela noite, quando terminou o lençol e o banho, se deitou em lençóis limpos e sua consciência se foi como nuvens se desmanchando ao vento.
Acordou no dia seguinte, ouvindo o cantar do galo, num estalo percebeu que Reed tinha razão, suas coxas doíam como se estivessem em brasas, e estava terrivelmente dolorido entre as pernas.
Mas nada disso importava o bastante para atrasar a partida, se vestiu e saiu do quarto apressada, suas coisas já estavam prontas para a viagem no dia anterior e a essa hora todos já deviam estar esperando a partida do grupo.

— Senhorita, bom dia. Por favor, sente para comer.— ouviu Hella dizer e olhou em volta.— A propósito, Bernard pediu para avisar que a partida foi adiada para amanhã, parece que alguém entrou na estrebaria e quebrou alguns freios dos cavalos, o ferreiro vai demorar algumas horas para concertar e ficará tarde para partir hoje.— disse ela sorrindo, foi uma imagem bonita, como uma mãe sorri para um filho, só alguns instantes depois se deu conta, não era conveniente demais algo estranho assim ter acontecido justo nesse momento?

— Isso é péssimo, quem faria uma coisa assim?— disse mas não esperava uma resposta, algo lhe dizia que sabia exatamente quem ousou, quem além de Reed teria a audácia de sabotar os equipamentos só para que ela pudesse se recuperar da experiência memorável da noite anterior ?— Então eu vou aceitar o desjejum Hella, e por favor, eu gostaria muito que me chamasse pelo nome, afinal somos da mesma família agora.— disse e devolveu o sorriso a mulher mais velha. Desde o dia de sua chegada havia ficado com um pé atrás, sentia mesmo que pouco que aquilo era uma traição a memória de sua mãe, mas seu pai estava feliz, e ele não sorria daquela forma há uma década, como poderia ser egoísta a ponto de se opor a felicidade deles? Não poderia. Porém, sua dúvida se dissipou no dia seguinte, quando encarou os pedaços de pão cobertos de geleia sobre a mesa, os que costumava amar, Hella era uma mulher interessante e ousada, e Naiáde não conseguiu resistir ao que parecia um suborno deliciosamente doce.

— Bom dia.— ouviu-o dizer quando entrou na sala seguindo a madrasta, Reed parecia ter saído de um livro de contos de fadas, como se tivesse sua própria parcela de divindade, era bom demais pra ser de verdade.— Imagino que já soube.— supôs, Naiáde acenou com a cabeça e soltou um sorriso para ele.

— Coincidência conveniente, eu diria.— comentou alcançando um bule de chá e serviu uma xícara, em seguida olhou a que Reed usava e repetiu o ato sem perguntar nada.— Teve uma boa noite, senhor Laurent?— perguntou fingindo uma posição quase aristocrata.

— A melhor da minha vida.— respondeu com o olhar fixo no dela, tão intenso que não pôde deixar de espremer os lábios em nervosismo e constrangimento, enquanto Hella saiu da sala com o pretexto de buscar alguns biscoitos, viu Reed deslizar um frasco sobre a mesa e pegou com curiosidade.— Isso vai ajudar com a dor, descanse hoje, eu já enviei uma carta a Sua Majestade contando que adoeceu, ele não irá puni-la se passar um dia da data combinada.— disse ele baixo, não deu atenção para as palavras sobre o rei, o que a perturbou foi que o frasco de remédio era um tipo de pomada, uma pomada para dor, que teria que passar onde doía, essa era a parte óbvia mas poderia ser mais constrangedor receber um remédio para um lugar tão particular? Seu rosto já deveria estar vermelho como um tomate, guardou o frasco no bolso com pressa e murmurou uma afirmação, o cuidado do soldado era gentil e benevolente mas não menos vergonhoso por isso.

A FILHA DO GENERAL Where stories live. Discover now