ғᴀɴᴛᴏᴄʜᴇ

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Meu corpo estava pesado, como uma grande pedra.

Abro os olhos, enxergando a luz branca do teto fazendo eu fechar os meus olhos novamente.

— Ah, que merda... Aonde eu estou? — reclamo.

Levo alguns segundos para me acostumar com a claridade e volto a enxergar o teto, de gesso. No meio a lâmpada com cristais tipo diamantes se encontrava em formato retangular.

— Boa tarde, vi que a senhorita acordou, está melhor?

Viro o rosto e vejo a enfermeira, roupas claras e de máscara. Era uma mulher baixa, morena de rosto gentil.

— Estou... Poderia me tirar daqui? Digo, da cama.

Ela sorri com os olhos. Pega em minha mão e me auxilia ao me levantar. Converso com ela sobre alguns comprimidos caso eu tenha febre, vejo em seu crachá estar escrito Laura.

— Ah — diz — caso você volte a ter desmaios volte imediatamente para o hospital.

Ela logo se despede e saí pela porta branca. O quarto em si era muito bonito, tapeçaria de boa qualidade, cortinas elegantes e móveis modernos.

Me sento na cama, enquanto no mesmo momento minha veia toma soro. Aos poucos a minha memória volta e me lembro de ontem, o homem e o contrato.

Maldita hora que assinei.

Logo, vejo Richard adentrar no quarto. Seu terno estava impecável como da última vez, sapatos pretos e o cabelo penteado para trás. Sua maleta estava acompanhada com ele em sua mão.

— Finalmente acordou garota. — deixa a maleta em cima da pequena mesa ao lado das flores — Sabe, você passou mal com a substância injetada, mas, pelo menos conseguimos fazer o necessário.

Ele se aproxima, ao lado da cama.

— Necessário?

O homem aponta para a nuca. Levo a mão até o local, logo sentindo me estremecer. Tinha um corte profundo e discreto.

— O QUÊ É ISSO? — Grito.

— Micro rastreador auto destruituvo. É simples, temos sua localização e se você fizer alguma coisa que precisamos te matar você ficaria sem a cabeça. Bum!

Seus braços imitam de forma dramática uma explosão. Sinto escorrer uma lágrima na bochecha com o medo da morte. Eu preciso sair dessa situação, de alguma forma, talvez pedindo ajuda para tirarem a bomba no meu pescoço.

— E sabe o melhor? A bomba é impossível de sair.

— Eu não acredito nisso.

— Tente então, oras. Se tentar tirar a bomba que está numa cavidade profunda automaticamente irá explodir. Ou seja, ela é impossível de tirar.

Meu desespero bate na certa. Começo a faltar ar, doer meu peito e chorar sem parar enquanto Richard ignorava o meu surto de pânico.

O homem tira meu acesso no pulso que no mesmo momento sai sangue. Ele pega pelo braço e me puxa pra fora da cama.
Sou jogada pro chão com força de forma muito dolorida fazendo todo meu corpo morrer de dor.

Eu queria chorar, gritar, espernear e fugir. Mas eu sabia que isso era impossível. Sou puxada novamente, para ficar em pé enquanto ele me guiava pelos corredor até a saída. Lá um carro escuro estava estacionado na frente.

O homem abre a porta e eu entro e me sento no banco traseiro. Richard então se senta no banco do motorista e logo da partida no carro. Ele dirigia sem pressa entre uma estrada vazia.

O sono invade meu corpo e cochilo no meu próprio ombro por alguns minutos até ser acordada novamente por uma lombada.

Choro internamente todo o percurso até eu reconhecer o local destinado. Minha casa.

— O quê estamos fazendo aqui?

Pergunto mas sou ignorada. Richard abre a porta do carro e eu sou jogada pra rua. Caminhamos junto até a porta de entrada.

— Presta atenção, amanhã as oito horas da manhã um carro como esse irá te buscar. Você vai com o seu instrutor para as primeiras missões. Se falhar, morre. Falou sobre isso, morre. Advinha, se outros caçadores souberem do que você faz... Morre. Entendeu?

— Sim — Falo com dificuldade.

O homem se retira e volta para o carro que partiu em seguida. Toco a campainha e minha mãe abre a porta sorridente.

Seu perfume chanel me enjoa de forma nostálgica, mas o aroma de costela pela casa invade meu nariz.

— Querida! Eu estou tão feliz que você voltou... Como foi? Aprendeu bastante não é? Entre, seu pai esta aqui ansioso para falar com você.

Ela sai da passagem e eu entro. Vejo meu pai sentado na mesa, bebendo vinho enquanto olha a lanha queimar. Estava frio hoje, e felizmente ao entrar eu não estava mais passando frio.

— Eu preciso de um banho digno primeiro, roupas confortáveis... Eu desço mais tarde.

Minha mãe tenta discordar, mas eu a corto e subo a escada até meu quarto. Fecho e tranco a porta. Estava como antes, posters, livros e o cheiro de baunilha no ar.
Tiro minha roupa de hospital e vou direto para a banheira ligar.

Depois de esperar terminar de encher eu tive um banheiro premium. Com direito a shampoo, máscara de cabelo, e um bom condicionador para meu cabelo seco. Pego uma bucha vegetal e esfrego minha pele corporal como se isso fosse tirar a sujeira de onde me meti.

Após tomar banho passo um hidratante corporal de cheirinho pêssego em todo meu corpo. Coloco um pijama confortável e passo um perfume. Depois de meses eu me sinto bem nesse momento, esquecendo todos os problemas que me envolvam.

Toda essa situação lixo eu estava ignorando enquanto me cuidava que eu não fazia antes. Abro a porta e desço até a cozinha. Meus pais já estavam sentados, comendo costela com arroz e legumes.

— Diz, você fez o que tinha que fazer Jane?

Viro minha atenção ao meu pai que pergunta de forma escancarada sem olhar pra mim.
Minha mãe sente uma tensão no ar e logo se encolhe, tensa também.

— Fiz sim, assinei um contrato genocida para dar bença nessa família. Logo teremos muito mais luxo sendo podres, mas quem se importa em muitas vidas perdidas não é mesmo?

— Você deve fazer o que eu mando, mas nem isso você serve?

— Eu fiz o que você mandou! Até mesmo sem sendo da minha vontade. Eu tive que ir pra um lugar horroroso, podre e nojento para o quê? Vir depois de uns meses de volta e aceitar de forma forçada um trabalho terrorista contra submundanos, que legal!

Ele olha para mim, raivoso e se levanta vermelho pronto para começar o velho discurso.

— Eu tive que fazer muitas coisas que você não imagina pra dar dignidade para essa família! VOCÊ VAI FAZER O MESMO E PRONTO, PORRA! ACEITA ESSA MERDA DE UMA VEZ CARALHO!

Ele bate no peito como um animal. Eu fervo de raiva e meu pai também. Era uma guerra de quem vai matar o outro primeiro.

— Quer saber? Cansei disso, de ser feito marionete pra você!

Meu pai pega um tablet ao lado. Desbloqueia e mostra pra mim.

— Esta vendo filha, é você aqui, o seu perfil. Foi boa desde sempre, puxou o corpo da sua mãe. É bom que amanhã eu irei ser seu tutor. Você vai aprender com o melhor filha! Então não me desobedece que eu não aperto esse botão e te mato.

Meu pai fala isso na mesma calma que fosse um "eu te amo".

𝖆 𝕻𝖊𝖗𝖉𝖎𝖈̧𝖆̃𝖔 - Isabelle Lightwood ( História Sáfica)Onde histórias criam vida. Descubra agora