4 ALEX

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Um som estridente ecoa no quarto e eu acordo. Resmungo um palavrão com a cara enfiada no travesseiro sem vontade nenhuma de me levantar. Me viro tentando voltar a dormir e o som volta. Um alarme. Quando foi que eu coloquei um alarme pra tocar?

— Desliga essa droga Alex — Ouço Dimi gritar de algum lugar da casa e eu xingo denovo, já perdendo totalmente o sono

Me inclino em direção a mesinha que ficava ao lado da minha cama e pego meu celular desligando o alarme. Esfrego os olhos e olho a hora. 11 horas da manhã era tarde, mas eu não tinha nenhum compromisso de manhã. Espreguiço meu corpo lentamente e o meu celular começa a tocar

Olho o visor e atendo a chamada

— Fala velho — eu digo bocejando

— Fala velho? Fala velho merda nenhuma seu merdinha — Ouço a voz irritada de Braulio do outro lado da linha — Cade você? Hoje você não iria vir de manhã?

Que? Me desperto totalmente tentando me lembrar. Merda, talvez eu tivesse me esquecido de avisar o velho...

— Eu vou só a tarde, posso fazer o turno da noite hoje também

— Porque não avisou? Você tinha uma cliente que veio hoje de manhã só porque queria ser tatuada por você, garoto

Eu suspiro baixinho

— Olha velho eu me esqueci, foi mal — eu digo de maneira sincera — Fala para ela que se ela quiser, podemos marcar outro dia e ela receberá até um desconto como pedido de desculpas

Ouço um suspiro cansado do outro lado da linha

— Vou deixar passar dessa vez porque você não costuma fazer isso — Braulio fala e eu respiro aliviado — Mas que isso não se repita, garoto. Você já é homem, não tenho que ficar de sermão pra cima de homem barbado, entendeu Alexandre?

Alexandre. Até ontem, Braulio era o único que me chamava pelo nome inteiro

—Eu sei, eu sei — eu falo revirando os olhos — Foi só dessa vez, não vai acontecer denovo


— Assim espero, não quero um vagabundo irresponsável tatuando no meu estúdio — ele responde rabugento e eu bufo impaciente — Eu preciso que você esteja aqui de qualquer maneira porque hoje teremos visita

Ele fala a palavra "visita" com sarcasmo e eu estreito os olhos curioso

— Visita?

— É, a vigilância sanitaria — Braulio fala calmamente e eu arregalo os olhos — Parece que aquele merdinha estava falando sério sobre nós denunciar

A uns dias atrás Braulio expulsou um dos nossos clientes do estúdio por assédio a Camila, uma das nossas tatuadoras. Ele tentou nos intimidar falando que era filho de gente importante, que o nosso lugar era sujo e que ele chamaria a vigilância sanitaria. Não levamos muito a sério pra falar a verdade, mas ele cumpriu com o disse aparentemente

— Que arrombado... — eu murmuro pensando no murro que darei nele se o encontrar novamente e Braulio continua a falar

— Sim, eles querem falar com os responsáveis do lugar — ele fala — Eu deixei claro que era eu e se eu não estivesse aqui, você

— Porque eu? — eu pergunto e abro meu guarda roupa — Tem outras pessoas aí não? A Lorena e a Camila não estão aí?

Braulio faz uma pausa antes de continuar

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