2 - O padre

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2 - O padre

Houve uma queda significativa na movimentação do bar, conforme os dias foram se passando, e Crowley não sabia o porquê. Com receio de que o bar pudesse ser fechado, foi conversar com seu chefe. Sua preocupação, não era por medo de ficar desempregado ou algo do tipo. Apesar de gostar do conforto, se necessário, ficaria em qualquer lugar, dinheiro não era problema. Seu maior receio era perder a estabilidade. Era bom seguir uma rotina e não precisar ter medo de ser descoberto, pois, ele já tinha controle sobre o ambiente em que habitava. Aproveitando que o bar estava vazio, trancou a porta por uns minutos e foi até os fundos onde o escritório do seu Omar ficava e bateu na porta.

_ Seu Omar, poderia falar com você um instante?

_Crowley, pode entrar! Queria mesmo falar com você!

_ Queria?

_ Sim sim... -ele se levanta da cadeira e suspira-

_ Como você deve ter percebido, o movimento caiu. E talvez eu tenha que dispensar alguns funcionários... Você é um dos meus melhores, mas com esse fluxo, você vai receber bem menos do que está acostumado.

Ele pega dois copos e os enche com uísque e oferece um ao Crowley.

_ Eu não ligo. Gosto de trabalhar aqui... Mas eu gostaria de entender, o senhor sabe me dizer porque isso está acontecendo?

_Ah, são esses malditos padres!

_ Como assim?

_ Está tendo algum tipo de reunião para julgar padres corruptos e de repente, todo mundo quer ser santo e salvo! Pelo amor de deus!

_ Padres corruptos hein... -Crowley começou a pensar que poderiam ser suas futuras refeições, já que era o tipo de gente que ele gostava de matar.

_Eh, As pessoas são hipócritas mesmo! Nenhuma novidade...

_ Mas é ruim pro negócios... Eu só vou poder te pagar 40% do valor antigo, se você aceitar, mais as gorjetas continuariam normais.

_ Eu acho que é temporário, esse julgamento não vai durar para sempre.

_ Mas tenho medo de até onde meu estabelecimento vai conseguir aguentar.

_ As coisa vão melhorar, o senhor vai ver! -ele vira o uísque de uma vez na boca- Mas eu fico, ok? Nada vai mudar.

Crowley reabre a loja, e atende os poucos clientes que ainda estão dispostos a vir. Agora ele tinha uma investigação a fazer. Usaria o tempo em casa para pesquisar as notícias pela internet e a noite, conversaria com os clientes sobre os boatos. Até o momento, nunca tinha se alimentado de um padre antes. "Será que vou pro inferno se fazer isso?" Ele ri, logo depois com esse pensamento bobo e sem sentido. Se alguma coisa parecida com alma já tivesse existido dentro de si, se foi a muito tempo, bem antes de se transformar nisso.

A mídia cobria todo evento em peso. Crowley não sabia de nada porque não se importava muito com o que acontecia fora de sua zona de conforto. Quando não estava se preparando para caçar e estocar, ele passava a maior parte do tempo lendo, testando as habilidades da transformação e aprendendo coisas vendo vídeos na Internet. Recentemente havia adquirido um novo hobbie: cuidar de plantas em seu apartamento. Eventualmente ele "dormia". O que ele chamava de dormir, nada mais era do que se deitar nu em sua cama cheia de almofadas peluciadas, das mais macias que se poderia encontrar e sentir toda a textura pelo corpo, por inteiro de olhos fechados. Aquilo era extremamente reconfortante e relaxante, por razões que não sabia explicar. Talvez se desse ao fato de sua pele ser extremamente sensível a certos toques, e aquele parecia ser um.

Holy Sin (Pecado Santo)Where stories live. Discover now