3 - Confraternizando com o inimigo

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OBS: Tivemos um imprevisto! Eu pulei um capítulo que estava pronto a tempooooos. Misericordia.

ME PERDOEEM, mas juro que vai valer a pena. A história vai fazer mais sentido!
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Aziraphale voltou a capela tentado a aceitar a proposta desse homem desconhecido que lhe prometia justiça. Justiça essa que ele estava cansado de saber que não viria, por mais que se esforçasse para acreditar que havia um modo puro, bom e honesto para se fazer as coisas. Nos corredores, poucas pessoas circulavam, ele foi direto para o seu quarto se preparar para dormir. Era um lugar simples, pequeno, com uma cama de solteiro, uma cômoda e um banheiro. Não havia nada de luxuoso ou sofisticado nele. Depois de se lavar e deitar na cama, ele pensou mais uma vez na proposta de Crowley e no jantar. Nossa, como foi bom comer aquela comida, o cheiro, a textura, o sabor... Fazia muito tempo que ninguém cozinhava para ele, mesmo que fosse com segundas intenções, ele apreciou aquele gesto. Nem lembrava mais a última vez que comeu tão bem sem ser na sua própria casa. Foi um jantar agradável, pensou, apesar das circunstâncias.

A manhã chegou e com ela uma surpresa desagradável. Aziraphale acordou com um barulho de alguém batendo na porta.

_Sim? – ele gritou da cama –

_ Aziraphale, sou eu, o bispo Pedro.

Pedro era um dos chefes de alto escalão, então não tinha muito o que fazer, a não ser atender a porta.

_ Só um minuto.

Aziraphale colocou um roupão para cobrir camisola, que nada mais era que um vestido longo, solto de mangas cumpridas e abriu a porta.

_ Sim vossa graça?

_ Posso entrar?

_ Claro, entre por favor.

O bispo olhou para o quarto com desprezo. Como era de alto escalão, seus aposentos eram muito melhores. Era um homem orgulhoso e cheio de vaidade. Mas jamais admitiria tais coisas, pois se achava um 'servo de Deus'.

Decidimos usar você como testemunha oficial no julgamento de hoje.

_ Nossa, eu não esperava por isso senhor, eu...

O bispo levantou a mão, como um sinal para que ele parasse de falar.

_ Sabia que isso iria acontecer uma hora ou outra e você sabe o que deve fazer ou haverá consequências.

Aziraphale olhou para baixo com preocupação. Ele sabia o que aquilo significava; era uma ameaça, um jeito indireto de dizer: "minta ou será excomungado". Mas seria tão ruim sair da igreja? Ele aprendeu a gostar do que fazia, que era ajudar as pessoas. Mas não seria possível fazer-las de outra forma? A igreja o privara de muitas coisas, inclusive de ter o conforto merecido. Além de seu pequeno salário, a igreja não o ajudava com mais nenhuma despesa. Mas Aziraphale era muito devoto e acreditava que tinha um chamado.

_ É claro vossa graça. Como desejar.

_ Muito bem, te vejo daqui a uma hora no salão principal.

Seria muito dificíl mentir. Tudo aquilo ia contra o que acreditava. Era invalidar sua fé e seus fiéis que confiaram nele. Ele se trocou e estava tão nervoso, que nem passou na cozinha para tomar café da manhã. Achava errado que o julgamento acontecer ali ao invés de um tribunal de verdade, mas infelizmente a igreja católica tinha seus privilégios. Enquanto o julgamento acontecia, Aziraphale ficava cada vez mais raivoso e enojado. Ficou indignado com a hipocrisia escancarada e as justificativas levianas e fúteis usadas para encobrir os crimes. Uma coisa era ver o julgamento na televisão comunitária da sala de descanso, já que nem todos podiam presenciar o julgamento no local, pois não havia espaço para todos; já que além de membros da igreja, também haviam algumas pessoas civis e o pessoal da imprensa. Mas outra era coisa, era estar presente naquele espaço, onde o ar estava denso e cheio de mentiras. De olhos fechados e estático, ele foi acordado do transe com a chamada de seu nome.

Holy Sin (Pecado Santo)Where stories live. Discover now