29.

1.5K 192 23
                                    

{ desesperado por uma resposta ; nós ; num encontro romântico com o isqueiro }

Ashton Irwin.

Existem grandes probabilidades de esta ser a oitava vez que tento contactar Scarlett. Claro que este pequeno número não inclui a quantidade de mensagens que lhe mandara a lamentar o meu comportamento daquela noite pois, caso incluísse, o número seria muito mais elevado.

Nunca me vira como um rapaz capaz de lutar desta forma para falar com uma rapariga mas admito que não consigo deixar de me sentir mal com toda esta situação. Nem sei, verdadeiramente, o porquê de estar assim, ou o porquê de estar a ter este comportamento visto que nós não temos nenhum compromisso nem nada do género. Somos só dois amigos que se beijam, ocasionalmente.

Desligo a chamada assim que chega novamente à caixa de mensagens e, após bloquear o meu telemóvel, atiro-o para cima da minha cama, cansado de aguardar por uma resposta. Parece que tudo aquilo que me trazia felicidade e me motivava a continuar, desaparecera visto que ela já se encontrava tão próxima de mim.

Excelente, Ashton. Acabaste de estragar tudo com a única rapariga que, segundo os teus amigos, tinha a capacidade de me aturar. O meu subconsciente grita num tom agressivo e furioso.

A minha avó bate à porta, apenas para que eu notasse a sua presença, e, de braços cruzados e com o seu avental a sobressair sobre a sua roupa negra, questiona num tom meigo, ainda que baixo.

- Ashton, vais querer batatas a acompanhar o teu bife ou ficas bem só com o arroz? É que o teu irmão pediu-me e queria saber a quantidade que devo fazer, mais ou menos.

- Eu, na verdade, não tenho muita fome, . Fico bem só com o arroz e com o bife, obrigado.

A senhora de cabelos brancos assente com a cabeça e acaba por voltar para a cozinha sem pronunciar mais nenhuma palavra que fosse. A sua postura, mais triste e desanimada do que o normal, não me conseguira deixar indiferente e logo me apercebi de que ia era hoje.

O facto de o meu avô não ser muito mencionado não faz com que ele seja esquecido nos nossos corações e, ainda que eu só tivesse oito anos quando ele partiu, recordo-me bem dos momentos que nós tínhamos juntos. A minha avó, antes de nos ter, a mim e ao meu irmão cá, em casa, vivia de forma muito solitária. Gosto de, portanto, afirmar que fomos nós de lhe trouxemos um pouco de cor à sua vida, ainda que às vezes pintemos o cenário de um inferno autêntico.

Por minha vontade, eu iria ter com ela agora mesmo e dar-lhe-ia um abraço muito forte, como um gesto de apoio e compaixão. No entanto, conhecendo a minha avó como eu a conheço, sei que isso só iria fazer com que ela ficasse ainda mais triste e, por isso mesmo, o melhor será mesmo não fazer nenhuma menção relativamente ao dia de hoje.

- Mano, o que se passa com a avó hoje? - o pequeno Harry questiona num tom baixo, receoso que a senhora de já certa idade o ouvisse.

- Nada mas tenta não a aborrecer ou fazer asneiras, está bem? Ela está muito cansada... - falo, de igual forma baixo, aproximando-me mais dele.

- Ela vai morrer?

- Não, Harry! É que nem sequer digas uma coisa dessas! - repreendo-o, fazendo logo os seus pequenos e inocentes olhos ficarem humedecidos.

- Ela apenas está cansada, está bem? Deixa-a estar sozinha por um tempo...

- Está bem... Desculpa-me... - o meu irmão lamenta-se com o meu olhar baixo. Beijo a sua bochecha, arrependido pela forma como falara com ele, e esboço um pequeno sorriso, receoso que ele começasse a chorar.

Inconsciência  》 irwinWhere stories live. Discover now