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A arma mudou pela terceira vez, estava na terceira semana de treinamento e Chris insistia que eu estava indo muito bem, muito mais até do que ele imaginou. Na primeira aula acertei o alvo de primeira, me lembro bem da sensação, mas depois disso tudo ficou mais complicado, a raiva que era pra me guiar e me ajudar acabou me distraindo e tirando o foco. Passei dias irritadas e sem vontade de levantar pra vir até aqui onde sempre treino. Pra mim as vezes não fazia diferença, eu treino, aprendo, mas a espera do que? Mesmo com isso no final tenho que voltar pra aquela casa que chamo de minha sem ao menos me sentir realmente como se estivesse em casa e esperar, Alex? Lewis? Zach?... já não sei mais.

Mas, em outros dias Chris me encorajava, me explicava que toda a situação tinha se complicado um pouco, nunca podia falar mais do que isso, só me pedia paciência e foco nas aulas, dizia que tudo valeria a pena depois. E sempre aceito isso, afinal, o que poderia fazer se não aceitasse? Continuaria presa de qualquer forma.

Agora, três semanas depois da primeira aula, os desafios estão mais difíceis e os alvos mais  mais longe, sempre que ele me traz sinto um pouco de receio, mas quando pego a arma na mão tudo muda, e melhora ainda mais no fim quando vejo que a maioria das latas e dos bonecos estão furados no chão, é quando me convenço de que posso ser paciente, porque estou cada vez mais me tornando alguém que não precisa ser protegida, me sinto capaz e independente, mesmo que dure pouco.

—Hoje você vai correr—Chris estaciona.

—O que inventou dessa vez?—Pergunto quando descemos do carro.

—Vai atirar em movimento—Ele fala e eu franzo a sobrancelha. Isso é completamente novo.

—Comigo—Ele tira dois coletes do banco traseiro do carro e se volta pra mim.

Entendo na mesma hora e fico chocada. Não sei se estou pronta pra isso.

—Você esta doido?—Pergunto—Isso é...

—A prova de balas?—Ele puxa um da minha mão e começa a vestir—Sim. Agora vista.

Chris me ajuda a vestir esse colete pesado e não me sinto tão protegida.

—Isso tem tudo pra dar errado—Falo e ele ri.

—É uma forma de descobrir se você realmente esta avançando ou vai ter que repetir algumas matérias—Ele debocha e eu rolo os olhos.

—E se eu te atingir na cabeça?—Ele verifica cada detalhe do meu colete e para quando falo.

—É mais provável eu atingir a sua—Sua naturalidade me choca, abro a boca surpresa e arregalo os olhos, ele percebe meu desespero e se corrige—O que com certeza não vai acontecer. Fica tranquila, eu trabalho com isso faz anos.

Sua tentativa de me acalmar é falha. Ele tira minha arma da cintura e me entrega. Quando andamos até o lugar de treinamento percebo alguns caixotes e barreiras por todo o lado.

—Vai ser fácil. Primeiro você vai ficar parada e eu tentando me proteger atrás dessas coisas, não vou atirar em você. Depois invertemos, mas ai eu vou começar a atirar em você.

Respiro fundo com suas palavras e sinto meu coração acelerado. Tento repetir pra mim mesma que consigo fazer isso, mas o medo me atrapalha.

—Confia em mim—Ele me olha nos olhos e eu assinto.

Ok, é só mais uma matéria que tenho que passar.

Eu me dava muito bem em todas na escola e mesmo na faculdade quando tudo ficou mais difícil consegui me manter bem. Pegava tudo fácil e me dedicava com garra pra tirar dez em tudo, entregar as atividades mais completas possível pra provar o quanto era boa. Isso não é tão diferente, pelo menos em teoria, estou aqui pra aprender e provar que sei fazer isso. Sou inteligente, rápida nem tanto, mas o que não posso aprender? Tenho que fazer isso. Não serei a doce Andy pra sempre e se eu precisar vou ter que mostrar esse meu lado, não vou poder ter medo, não terei nem tempo pra sentir isso, só vou ter que agir, ir com coragem e agir.

Sweet CureDonde viven las historias. Descúbrelo ahora