49 - E & W

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i'm someone you maybe might love
i'll be your quiet afternoon crush
be your violent overnight rush
make you crazy over my touch
— Supercut, Lorde.

Era aniversário da cidade e todas as famílias ricas que possuíam casas ali iam até o hotel no centro, a enorme casa que um dia foi a prefeitura, para comemorar.

Eles já tinham ido naquele tipo de festa dezenas de vezes antes, já sabiam como tudo funcionava, mas sempre valia a pena ir de novo por conta da comida.

— O que faz aí? — Harry perguntou quando abriu a porta traseira do carro de seus pais e achou Louis sentado no banco do meio, ao lado de Sarah.

Louis desceu os olhos pelo seu corpo, pela bermuda jeans que acabava no meio da coxa e pela camiseta florida de botões, se demorando na parte superior onde estes estavam abertos e mostravam sua pele e a corrente dourada igualmente brilhantes, antes de responder:

— Vou com vocês.

— Por que? — Harry questionou, franzindo o cenho e entrando no carro alto. Havia um óculos escuro no topo de sua cabeça, onde antes ficava a bandana, mas Harry tinha parado de usá-la há algum tempo, para o descontentamento de Louis.

Porque eu quero. — respondeu, implicante, as mãos nos ombros dos dois bancos da frente, respirando fundo quando sentiu o cheiro de Harry (seu perfume e uma boa quantidade de protetor solar Banana Boat) preencher o ambiente. — Algum problema?

Louis era um dissimulado. Ele tinha começado com essa espécie de mania de uns dias pra cá, fazia de tudo para acabar ao lado de Harry, como uma criança ciumenta com os próprios pais perto dos primos distantes. Queria sentar ao seu lado quando todos assistiam Tv na sala, queria sentar ao seu lado durante as refeições, queria deitar ao lado de Harry nas espreguiçadeiras do jardim sob o sol, queria estar sentado na sua cama, jogando videogame, enquanto a porta do banheiro estava aberta e Harry tomava banho e eles conversavam sobre coisas aleatórias.

Louis estava viciado não em estar ao lado de Harry, mas em tocá-lo. De repente, ia dormir contando todas as vezes que eles se tocaram naquele dia. De repente, Louis estava sedento por encostar seu joelho no de Harry por debaixo da mesa, por esfregar seu pé contra o dele por nenhuma razão específica; sedento por sentir a pele morna de Harry em contato com a sua, por sentir a superfície lustrosa de protetor solar e sol e água doce se encontrando com a sua no mesmo estado, mesmo que fosse por pouco tempo.

E ele não controlava. Tais coisas não aconteciam porque ele queria, nem porque ele as manipulava, nem porque ele tocava em Harry. Aconteciam naturalmente. Quando menos esperava, já estavam em contato um com o outro, encostados um no outro, trocando vibrações de um corpo pro outro através de um singelo contato, criando atrito entre uma pele e outra, provocando arritmia em ambos corações — ah! que tolice! Louis estava em estado de perdição.

— Talvez. Você é muito espaçoso. — Harry resmungou, se ajeitando no banco, descendo os óculos para o rosto e arrumando os cachos para trás com os dedos.

— Não sou nada! Ainda estou no pior lugar: no meio, é muito apertado aqui.

— Quem mandou ser pequeno? Você é o único que não tampa a visão do motorista quando tá sentado no meio.

— O quê?! — Louis o olhou boquiaberto, o cenho franzido em irritação. — Seu merdinha... nossa diferença de altura é quase desprezível! Isso que você está falando não faz o menor-

— Louis, já que você vai com a gente, faça o favor de ir no meio. — Tio Johnny falou a alguns metros. — Harry e Sarah são altos demais.

— Ele já está no meio! — Sarah gritou de volta, pela janela, rindo da cara de Louis antes de voltar para seu telefone.

august (larry's version)Onde histórias criam vida. Descubra agora