61 - the "I remember what you said last night" chapter

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O quarto estava claro pela luz da manhã, as cortinas dançavam na brisa matinal, a casa permanecia silenciosa.

Em algum momento da noite, a Tv desligou sozinha, se pôs a dormir quando percebeu que ninguém ali se importava com ela. As palhetas do ventilador rodavam lentamente, com preguiça.

Harry abriu os olhos lentamente, respirando fundo e consequentemente inalando o cheiro dos lençóis. Havia Louis ali como sempre houve mas dessa vez havia mais. Um cheiro que ele reconheceu não como seu, mas como a mistura do dele com o de Louis; no meio dos lençóis, brando como se fosse a essência dos mesmos.

Ele estava encolhido em um dos lados da cama, sentindo o peso de um braço na cintura. Vestia a camiseta bege manchada de vermelho por alguma razão que não se recordava; nada além dela. Mas sentia-se completamente vestido, coberto, protegido.

Harry despertou ao ver a nuvem de paranóias se aproximando de sua mente quando se lembrou da noite anterior. É óbvio que elas estariam ali, que o visitariam no dia seguinte; já era esperado. Mesmo com tudo o que Louis o disse ontem, mesmo depois de tudo que os dois disseram, mesmo depois do que aconteceu em seguida, mesmo depois de terem dormido juntos, na mesma cama, nus.

Harry sabia que aquele braço ao seu redor era dele, sabia que quem o abraçou durante a madrugada foi ele, sabia que o beijo deixado na sua bochecha em algum momento da noite não foi sonho. E, mesmo assim, lá estavam elas: todas aquelas vozinhas irritantes que o diziam coisas terríveis.

E, mesmo assim, Harry sorriu, levando uma mão para cobrir o rosto, sentindo-se mole, leve feito a manhã que entrava no quarto através das janelas.

Harry se ergueu, fazendo o braço em sua cintura cair na cama, e sentou-se na cama, automaticamente lembrando-se que tinha cu, e que, por Deus, definitivamente tinha um cu. A dor não afastou os pensamentos que o impediram de se virar para trás, que o impediram de checar se Louis realmente estava ali, do outro lado da cama.

Louis estava, ele sabia. Sentia medo, medo de toda a ladainha que fazia de sua mente um campo de guerra àquela hora da manhã. Medo do que elas poderiam fazer consigo caso se mostrasse fraco por um mísero segundo. Medo do que aquele dia prometia, medo do que Louis faria em seguida, medo do que se passava na cabeça de Louis medo do que Louis pensava de si medo do que fariam a partir daquele passo medo que descobrissem medo de se machucarem de novo medo de errarem de-

Os lençóis farfalharam e o dedo que caminhou por sua lombar, por debaixo da camiseta, o puxou para a realidade. Harry paralisou por um momento, tentando controlar a respiração, fechando os olhos com força para se concentrar ali, no momento presente, ali, nos dedos de Louis percorrendo suas costas.

— Bom dia. — Louis sussurrou, a voz rouca de sono, e o abraçou por trás. Sua respiração quente tocou a pele de Harry antes que deixasse um beijo embaixo de sua orelha.

Seus ombros se soltaram e só então ele percebeu que estavam tão tensos. Os braços de Louis o envolveram, passando-os em volta de seu tronco enquanto colava suas bochechas.

— Dormiu bem?

Uma covinha apareceu em seu rosto quando não conseguiu conter o sorriso, e ele sabia que Louis a sentiu contra a própria pele.

— Sim. — murmurou, tímido por razão nenhuma. — E você?

Será que tinha feito algo de errado? Foi tão prazeroso para Louis quanto tinha sido para si? Tinha feito do jeito certo? Louis estava contente? Estava satisfeito? E se não tivesse sido bom o bastan-

Louis soltou um riso esparso pelo nariz, afundando o rosto na curva do pescoço de Harry. — Sim. Acho que nunca dormi tão bem em toda minha vida. — disse, a voz suave acalmando o coração do cacheado.

august (larry's version)Onde histórias criam vida. Descubra agora