Capítulo 27

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Por Felipe

31 de dezembro

Ultimamente eu não tenho me esforçado para esconder o quanto estou mal com toda essa porra.

Minha mãe está definhando viva, e eu não sei lidar com isso.

Não saio do lado dela a nenhum momento, ajudo no banho, ajudo na hora de comer, ajudo ela a se distrair e quando ela dorme... me desfaço em lágrimas, completamente. Não durmo, não tenho comido direito, e o foda é que ela tem percebido isso, e fica triste.

Minha mãe está com medo, e eu mais ainda. Porque ela sempre teve a resposta pra tudo, sempre foi meu ponto de força, de coragem. Quando eu estava perdido ela sempre me ajudou a me encontrar, quando meu irmão morreu eu só continuei por causa dela.

Quando cheguei ontem aqui, Patrick me chamou para conversar e me falou umas coisas que me deixou bem estranho.

Não de um jeito ruim, mas estranho.

Entro na enfermaria onde ela está e a encontro dormindo, ao seu lado, Patrick está mexendo no celular. Conforme me aproximo, ele acaba notando minha presença e se levanta.

— E aí, como ela tá? — cumprimento ele com um aperto de mão. — Alguma notícia?

Tá cansada, como sempre. Mas não é só isso não.

— O que foi? Aconteceu alguma coisa? — pergunto rápido demais.

— Não, com a sua mãe está tudo do mesmo jeito, o médico me disse que não teve nenhuma piora e nenhuma melhora. — ele passa a mão no rosto. — Mas eu quero conversar com você, Felipe. Eu tô bem preocupado com você.

Sinto um leve frio em minha barriga quando ele diz isso.

— Hoje eu vim aqui para ver como vocês estavam, como sempre faço e por incrível que pareça, minha preocupação não foi só sua mãe, foi você. — suas mãos se apoiam em meus ombros. — Você não tá bem cara, eu sei que isso tudo é demais pra você aguentar sozinho. Foi foda pra eu aguentar quando a Paula morreu, mas você estava comigo. Querendo ou não você me ajudou pra caralho e, é por isso que não deixarei você na mão.

— No que você precisar de mim eu vou te ajudar, não importa o que aconteça daqui pra frente, eu vou cuidar de você como se fosse meu filho. — um bolo se forma em minha garganta. — Você é um ótimo garoto, sempre gostei do seu cuidado com as meninas e acho que ninguém além da sua mãe cuidou de você. Mas eu preciso que você queira que eu me aproxime, que não me veja como uma ameaça, aí podemos ter uma ótima parceria.

Abro e fecho a boca várias vezes, mas se eu falar alguma coisa minhas lágrimas cairão e porra, não quero chorar agora.

— Não precisa me responder nada. Amanhã é a virada do ano e sei que você não curtiu nada o seu natal, mas eu fico aqui com a sua mãe pra você fazer alguma coisa no ano novo. Tá bom? — assinto.

— Obrigado. — Patrick me puxa pra um abraço. — Obrigado.

Depois desta conversa ele foi pra casa e disse que chegaria hoje cedo.

E cá está ele ao meu lado conversando com a minha mãe.

— Você ficaria chateada se eu mandasse seu menino pra casa pra descansar um pouco?  Eu vou ficar aqui com você, Márcia.

— Claro que não, meu filho precisa descansar. — diz, sua voz tão fraquinha que chegamos mais perto para escutar. — Você está triste meu amor, mas a mamãe vai ficar bem e na próxima data comemorativa vamos estar juntos.

"Sempre foi você"Donde viven las historias. Descúbrelo ahora