★ Capítulo 9

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O dia de Jennie como garçonete no corpo de Lisa não começou muito bem: ela deixou cair uma bandeja, quebrou dois copos e foi repreendida pelo gerente

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O dia de Jennie como garçonete no corpo de Lisa não começou muito bem: ela deixou cair uma bandeja, quebrou dois copos e foi repreendida pelo gerente. Felizmente, o local de trabalho de Lisa não era um restaurante chique, mas sim um simples bar, a maioria dos clientes pedia cerveja e alguns petiscos para que Jennie não tivesse problemas em atender os pedidos. Mas no meio do dia de trabalho ela já se sentia cansada, suas pernas doíam de tanto ir e vir das mesas até a cozinha e ela até sentia uma dor nas costas por segurar constantemente uma bandeja. — Droga, como a Lisa consegue fazer isso todos os dias, é tão cansativo. — Ela pensou, mas é claro que não. Ela não iria desistir, não era nem uma opção, ela precisava mostrar a Lisa que ela era capaz.

— Leve isso para a mesa quatro. Três cervejas e três hambúrgueres. — A voz curta do gerente quase a fez pular. Ela pegou a bandeja e caminhou até a mesa, notando três homens de meia-idade esperando pelo pedido.

— Tenham uma boa refeição — ela disse colocando três pratos e três copos sobre a mesa, justamente quando ela estava pronta para ir embora, ela percebeu como um deles a olhava de cima a baixo, como se ela fosse sua refeição. Estremecendo, ela ignorou, mas então ouviu.

— Garota, eu realmente gostei de você, caramba! — Jennie olhou para ele sem noção, assustada e enojada, sem nem saber o que dizer. — O que você vai fazer depois do trabalho, talvez pudéssemos... — ele fez uma pausa e sua mão alcançou a bunda dela. Pulando para trás, Jennie evitou o toque e ouviu suas risadas lascivas enquanto ela fugia. Com o coração disparado, ela se escondeu na cozinha e quase chorou, nunca se sentiu tão humilhada na vida.

— O que há de errado? — ela ouviu a voz de Minnie, ela era amiga da Lisa que também veio da Tailândia.

— Esses clientes–

— Aqueles três? Sim, eles são regulares e são sempre assim, você já deveria ter se acostumado com isso.

— O quê? Então todo mundo aceita que não há problema em assediar uma garçonete desse jeito?

Minnie apenas revirou os olhos. — Sim, Lisa, é assim que o mundo funciona, então pare de agir como um bebê e faça seu trabalho.

Soou tão duro que Jennie quase chorou de novo.

— O que vocês duas estão fazendo? — o gerente as viu conversando e imediatamente ficou bravo. — Se vocês não estão ocupadas com os pedidos, o trabalho de vocês é limpar as mesas! Então mexam-se e voltem ao trabalho!

Jennie e Minnie correram para fora e ouviram o gerente sussurrar baixinho. — Estrangeiras estúpidas e preguiçosas.

Indignada, Jennie impediu-se no último momento de se virar e gritar com ele. Como não foi a primeira vez que ele fez tal comentário, Jennie já percebeu que ele tratava ela e Minnie de maneira diferente dos outros garçons. — Que idiota racista! — ela continuou pensando e só quando se acalmou sua mente se voltou para Lisa. Quando Jennie a conheceu, ela não pensou nem por um momento que os tailandeses poderiam enfrentar o racismo todos os dias. De repente ela sentiu pena de Lisa e, para ser honesta, um pouco mal.

Ela sempre teve a impressão de que o racismo na Coreia estava em declínio e que não era mais um problema. E ainda assim lá estava ela, testemunhando em primeira mão. — Droga, talvez a Lisa seja do jeito que é porque ela precisa lutar com merdas assim todos os dias. — Ela pensou. — É difícil culpá-la, é realmente irritante e desanimador ter que lidar com pessoas de mente tão fechadas.

Mas a constatação mais chocante ocorreu no final do dia de trabalho, quando o gerente reuniu todos os garçons e entregou-lhes a salário semanal. Jennie estava parada, desnorteada, olhando para diversas notas em sua mão, sem acreditar nos próprios olhos. Era isso? Era mesmo só isso!? Por trabalhar duro durante toda a semana, isso era tudo que Lisa estava recebendo? A quantidade de dinheiro era ridiculamente pequena, como ela poderia sobreviver ganhando tão pouco? Algo quebrou dentro de Jennie, ela sentiu que não poderia mais ficar brava com Lisa. — Lisa às vezes pode se comportar como uma vadia impulsiva, mas... ela tem todo o direito de ser uma. Eu provavelmente agiria da mesma forma se estivesse no lugar dela. — Jennie pensou, com o coração cheio de compaixão.

Quando ela estava se preparando para sair, ela ouviu alguém a chamando.

— Lisa, espere! — ela ouviu.

Ela se virou e viu Jungkook, encarregado de divulgar o restaurante na Internet. Quando Jennie o conheceu, a primeira coisa que percebeu foi que ele era surpreendentemente quieto e tímido para um cara tão bonito. Ele passava o dia todo sentado em sua salinha no fundo do bar, em frente ao computador, trabalhando no site do restaurante. — Um geek de computador. Não é uma combinação muito comum — Jennie pensou.

— Você pensou sobre o que conversamos ontem? — ele perguntou e a mente de Jennie entrou um pouco em pânico, ela não tinha ideia do que responder. O que ele poderia querer da Lisa? Pense, Jennie, pense! Então seus olhos perceptivos perceberam sua expressão confusa e sonhadora e Jennie entendeu, era mais que óbvio que o garoto tinha uma queda por Lisa. Então, o que Lisa faria? Jennie não tinha ideia, então ficou em silêncio olhando para o garoto. Ela tinha que admitir que gostava instintivamente de Jungkook, ele parecia genuinamente legal. E sua atitude calma poderia ter um efeito calmante em Lisa, talvez sair com ele fosse muito bom para alguém tão inquieto e temperamental como a garota tailandesa. Mas Jennie ainda estava hesitante, algo sobre Lisa sair com ele a incomodava. Forçando sua mente a afastar esse sentimento, ela perguntou tentando soar o mais suavemente possível.

— E o que exatamente você quer de mim?

— Vamos Lisa, pensei que já estava claro ontem, quero sair com você. — Jennie notou o quanto ele estava nervoso, quase gaguejou, mas não foi estranho, pelo contrário, foi meio fofo. — Você disse que iria pensar sobre isso.

Jennie estava pronta para concordar, mas seu coração disparou por um motivo desconhecido. — Droga, controle-se Jennie! — ela se forçou a se acalmar. Ela soltou um suspiro profundo e respondeu:

— Me desculpe por demorar tanto, só tive alguns problemas, então eu não tinha certeza se isso era uma boa ideia. Mas agora acabou e eu realmente gostaria de sair com você.

— Uau, é mesmo? — ele parecia tão genuinamente surpreso que Jennie sorriu por dentro vendo o quão fofo ele era. — Eu tinha quase certeza de que você me recusaria. — Então, talvez amanhã à noite, você está livre?

— Claro, por mim está tudo bem.

— Ok! Eu ligo para você — ele disse entusiasmado com um sorriso alegre. — Tenha uma boa noite, Lisa!

Somente quando ele foi para o carro e foi embora, Jennie percebeu que amanhã ela ainda poderia estar no corpo de Lisa, então seria ela quem teria que ir, não Lisa.

— Merda, o que eu fiz? — ela sussurrou, brava consigo mesma por mais uma vez ter agido sem pensar cuidadosamente nas coisas. Então o telefone dela tocou, era uma mensagem da Jisoo, avisando que elas se encontrariam com Rosé e Lisa em meia hora.


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