17. Confia em mim

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A época das primeiras apresentação do pré-projeto da graduação havia chegado. Era um evento importante para os estudantes, pois valia metade da nota da matéria e significava meio caminho andado em direção ao diploma. Uma parte da turma apresentaria naquela semana e a outra na semana seguinte, sendo que todos teriam que discorrer sobre suas pesquisas tanto para a sala quanto para Lee, Kim e o Professor Park, que atenderia por vídeo-chamada.

Park tinha sido realmente específico a respeito do que esperava e não parecia disposto a pegar leve, mesmo que aquela não fosse a apresentação final. Verdade era que por trás da voz serena e tranquila, o homem era uma pessoa rígida, do tipo que poderia avaliar uma apresentação de ballet da pré-escola com a minúcia de uma pesquisa da NASA.

Embora Minho tivesse tentado a todo custo falar com Jisung a respeito daquele dia crucial, o mais novo parecia precisar de espaço depois da bomba que tinha sido jogada em sua cabeça e passou a fugir de qualquer tentativa de conversa tanto nos corredores da faculdade quanto através de e-mails.

— Ela ainda não está falando com você? — Seungmin perguntou assim que viu Han passar reto pelo amigo, dispensando apenas um leve aceno antes de subir as escadas para ocupar o seu lugar na sala.

— Não, ele nem quis minha orientação sobre a apresentação de hoje — Lee disse irritado, esfregando o rosto.

— Xiii, isso parece devidamente problemático — constatou e, na real, estava até sendo discreto, pois aquilo não era só "problemático". Ah, não. Era o prenúncio pra um dilúvio de merda, porém não queria colocar as coisas daquela forma para não piorar o que já parecia ruim o suficiente.

— E você acha que eu não sei?! Só espero que ele saiba o que está fazendo — gemeu, tomado pela sensação de que aquilo não ia terminar muito bem.

***

Han já estava na frente da sala e precisou respirar bem fundo para se concentrar. Os dedos tremiam e sentia um frio desconfortável na barriga, sensações que tentava controlar com o pouco equilíbrio que ainda possuía naquela altura do campeonato. Precisava ter foco e seguir, sem se abalar. Era só uma apresentação, não? Nada de mais. Precisava falar sobre o que tinha feito detalhadamente, coisa simples. Podia fazer isso. Tinha ouvido tudo o que Minho dissera durante todo o tempo, estava bem preparado.

— Boa tarde, Jisung — o professor desejou do canto do telão, que estava dividido entre a sua câmera e os slides do trabalho. — Podemos começar?

— Boa tarde, Professor Park. Podemos, sim.

— Ótimo. Você pode começar pelos gráficos.

Han pareceu travar por um ou dois segundos, pigarreando baixinho ao tentar manter a pose tranquila.

— Perdão, acho que não entendi — falou educado.

— Os gráficos — o homem repetiu.

Da primeira fileira, Mini ergueu as sobrancelhas e Minho pressionou o polegar na palma da mão, ansioso. Ótimo começo.

— Ahn, eu... — certo. Talvez fosse hora de admitir que não fazia ideia do que o homem estava falando.

— Os gráficos de evolução da sua pesquisa, meu caro — Park explicou melhor, pois talvez o fato de estar falando por vídeo estivesse prejudicando a compreensão do rapaz.

A classe estava em silêncio total e o clima que começou a pairar ali foi tão denso que poderia ter sido partido com uma faca e servido na próxima festa de aniversário de Jisung. Yongbok sentiu um constrangimento instantâneo. Por que será que o amigo parecia mais perdido do que cebola em salada de frutas?

Miau, passa no débito | MinsungWhere stories live. Discover now