40. Apaixonado por você

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Assim que o casal desceu do táxi, Han suspirou profundamente. Sentia-se muito nervoso, mesmo já conhecendo a sogra, e conseguia imaginar como estaria tremendo feito uma vara verde se aquele fosse, de fato, o primeiro contato dos dois. Para tentar conter um pouco daquela sensação desconfortável, olhou ao redor, procurando se concentrar nos detalhes da paisagem.

O bairro onde Lee havia crescido era um lugar calmo e típico, um pouco mais arborizado do que o centro da cidade pelo qual tinham passado ao chegar em Gimpo. Na verdade, aquela não era uma cidade pacata do interior: tinha muitos prédios e era até movimentada, um meio termo entre a cidade grande e as pequenas vilas.

— É aquela casa ali — Minho indicou uma das casinhas iguais no conjunto que ocupava um quarteirão inteiro. 

Apesar de terem a mesma arquitetura, a casa dos Lee se destacava por uma plaquinha de madeira com um "bem-vindo" na porta, além de exibir um canteiro muito bem cuidado, repleto flores de diversas cores. 

A cara de MinMin, com certeza.

Assim que se aproximaram da porta, o mais velho tirou a chave do bolso, mas antes de colocá-la na fechadura recebeu um aperto mais forte de Jisung em seus dedos e acabou dando uma olhada para trás, por cima do outro. O namorado tinha passado o caminho inteiro tão nervoso que parecia que estava preste a visitar a Rainha Elisabeth, diretamente no Palácio de Buckingham. 

Era fofo e nada surpreendente: ele tinha até mesmo ficado em dúvida sobre qual roupa vestir, como se fosse causar algum tipo de impressão boa ou ruim escolhendo entre uma camiseta estampada de abacaxis e um suéter bordô. 

Era tudo a mesma coisa na visão prática de Minho, não? Um gatinho como Han Miau ficaria lindo usando qualquer coisa, até uma sacola de supermercado.

— Nós não vamos entrar na caverna do dragão. É só a minha casa, relaxa.

— Eu sei, mas... — mordeu o canto da boca. Aquilo tudo era bem íntimo. Entrar na casa da infância de Minho era como dar o passo derradeiro para entrar de vez na sua vida também e aquilo deixava o coração sensível de Han maluco.

Nunca tinha conhecido a família de Hyeon, seu ex-namorado. Três anos juntos e Jisung mal ficara sabendo o nome de seus irmãos e irmãs, qual era sua cidade natal ou que tinha feito durante a adolescência. Na verdade, mal tinham compartilhado o que havia em suas vidas fora do relacionamento. Estavam sempre mais ocupados com discussões e estresse do que em criar memória boas ou vivenciar experiências positivas.

— O quê? — Lee ergueu as sobrancelhas. — Se você ficar empacado feito um jumentinho aqui na porta, minha mãe logo mais começa a mandar mensagens e figurinhas ridículas perguntando por que estamos demorando. E nós não queremos isso, não é? — previu, mas o outro não pareceu muito convencido. Minho virou-se, por fim, tocando o rosto bochechudo em um pequeno carinho. — Escuta, Miau, você tá ótimo, hum? Minha mãe te adora, eu te adoro, vai dar tudo certo. Vamos?

Girou a chave e, finalmente, abriu a porta.

— Chegamos! — avisou mais alto, deixando Jisung passar para depois puxar a mala grande para dentro e fechar a porta. Nem bem colocaram os pés na sala, os miados começaram de diferentes partes, como uma harmoniosa sinfonia felina.

O primeiro gatinho apareceu, deitando-se sobre os pés de Lee, e logo os dois outros também surgiram, ganhando a atenção imediata do mais velho.

— Meus monstrinhos, senti falta de vocês! — Minho falou em um sorriso, sentando-se no chão sem pensar nem duas vezes. Logo foi envolvido pelos gatinhos, acariciando cada uma das cabecinhas alternadamente.

Ai.

Jisung derreteu-se de imediato. 

Aquela nem parecia a mesma pessoa carrancuda que tinha conhecido há alguns meses, na porta da clínica veterinária. Claro, a paixão do outro pelos animais era a mesma, mas vê-lo em sua casa de infância, com os seus animais e sentado daquela forma descontraída no chão, fazia toda a imagem de psicopata na chuva parecer cada vez mais distante.

Miau, passa no débito | MinsungDove le storie prendono vita. Scoprilo ora